Continuei a arrastar seu corpo frio sobre o assoalho manchado da sala de estar, uma poça enorme se formava a meus pés, e mesmo sem vida pude observar seus olhos fitando um ponto vazio e indefinido na parede quando inconscientemente ouvi seus gritos.
Ao pé da escada, a joguei sobre o ombro como havia feito da primeira vez e a levei para o andar de cima, eu sabia que depois dali as coisas aconteceriam bem depressa.
Empurrei seu corpo contra a porta e entrei, aquele ainda era nosso quarto e estava exatamente como havíamos deixado, exceto pelo galões de gasolina e o sangue espalhado pelo chão e pelas paredes.
Deixei que seu corpo caísse ao pé da cama, debruçando-se sobre o que restara do corpo de seu amante, e esvaziei todos os recipientes com o líquido inflamável.
Me agachei ao seu lado e alisei o dorso de sua mão.
Sinto muito por ter que terminar assim - eu disse a ela em pensamentos - Não deveria ter pedido ajuda Alice, eu a teria perdoado se não o tivesse trago para casa.Tirei do bolso uma caixa de fósforos e me pus de pé riscando o primeiro, lamentando por meu infortúnio.
Seu olhar sem vida era o único capaz de entregar meus mais sórdidos segredos, e enquanto as labaredas varriam o chão eu os imaginava virar cinzas e a alma de Alice queimar onde a minha logo queimaria.
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Chamas em um segredo - Microconto
Mystery / ThrillerEle carregaria consigo o peso daquele último olhar, vago e sombrio, entregando seus segredos, lhe acusando de tudo.