A universidade sempre teve um peso enorme na minha vida. Tudo que eu fazia, era dedicado a entrar em Harvard, a pressão era gigantesca, todos esperavam que eu fosse cursar medicina lá, mas como sempre, eu os decepcionei.
Não estou cursando o que tanto meus pais queriam. Eu parei para pensar nos últimos meses, esse é o sonho deles, não o meu. Nunca sonhei em ser médica, no entanto, sabia como isso era importante para eles, então me esforcei em tentar acostumar com a ideia.
Conforme o tempo ia passando, eu tinha total certeza que não era isso que eu queria. Então eu me vi dividida entre a razão e o coração. O lado da razão pesou tanto, que eu segui os meus instintos, meu coração.
Me candidatei a uma bolsa integral em uma faculdade estadual para jornalismo. Eu decidi aterrisar em um território totalmente novo, e sem paraquedas. As vezes é necessário ter coragem para grandes atos, no final de contas, estou cursando o que quero, tenho um bom emprego, e me preparei para as consequências.
Por que como diz papai: cada ato gera uma consequência.
Estou preparada para o que pode vir depois de eu entrar no bar universitário. Leslie me arrasta até um canto que parece ser mais tranquilo, o que me surpreende é que ainda há mesas para sentar. Hoje o time de lacrosse arrebentou o estadual, todos estão comemorando.
— Você devia se divertir com um gatinho hoje — minha amiga diz, e um sorriso maliciosa brinca em seus lábios brilhantes pelo gloss —Você está uma gostosa hoje.
Concordo com isso. Estou vestindo uma saia preta de couro que agarra perfeitamente minhas pernas, e uma blusa branca fina.
Consigo ser sensual quando quero.
—Ainda não vi ninguém que me interesse —comento dando um gole na minha cerveja, e percorro o olhar em busca de uma diversão.
—Acabou de achar.— comenta, agora apontando com o dedo nada discreta em direção ao capitão do time de lacrosse.
Eu nego com a testa franzida, o que faz ela soltar um suspiro indignado, e não volta a tocar mais no assunto. Ela sabe que não costumo ficar com atletas, geralmente são imaturos demais. Mas, eu poderia pensar no caso dele.
Ele é bonito. Bonito soa como uma ofensa, por que o cara é lindo. Os cabelos castanhos estão jogados para trás, e seus olhos. Eu não devia ter olhado para ele, por que seus olhos além de serem uma perdição, deixam implícito que: eu quero foder você.
Desvio o olhar dele, e tento me concentrar no que a ruiva ao meu lado fala. O que é um pouco difícil, por que ela fala muito. Em um minuto ela está comentando sobre seu colega insuportável de artes, e no outro minuto está falando sobre como ama bundas masculinas.
Eu gosto disso nela, me distrai . Isso que estou precisando, por que não quero olhar novamente a amostra grátis do paraíso. Como não sei seu nome, prefiro chamá-lo assim.
E o tempo se vai assim, com nós duas rindo escandalosamente que atrai toda atenção a nós. E bebendo, acabo optando por eu desta vez pegar as bebidas, a menos que eu queira ver minha companheira caindo. Peço ao barman dois chopp dessa vez.
—Eu pago. —uma voz rouca diz próximo a mim.
Antes que eu proteste, ele já pagou pelas duas. Isso é um teste, certamente o destino decidiu que vai me testar o meu auto controle essa noite. Não vou falhar, não me permito.
—Eu mesma, posso pagar pelas minhas bebidas —resmungo irritada.
Ele não parece afetado pelas minhas palavras, por que um sorriso brincalhão brota em seus lábios, e suas covinhas fundas se destacam.
Gosto disso também. Ele exala confiança, não parece se abalar fácil. Acho que encontrou uma adversária a altura então.
—Você sempre costuma ser assim ?— pergunta, e há uma nota de divertimento no seu tom.
—Assim como? —retruco, apertando meus passos, o que sinceramente é falho por que ele é incrivelmente rápido.
Atletas...
__ Mal agradecida — responde dando de ombros, e o meu corpo passa a borbulhar de raiva, acabo parando no meio do bar.
Sempre estou certa, geralmente quem pratica esportes são pessoas arrogantes, que acham que são Deuses inalcançáveis.
—Eu não pedi para você pagar a minha bebida —respondo mais arrogante do que gostaria.
Ele pousa as mãos ao lado do corpo musculoso, e se aproxima ainda mais em um nível perigoso. Muito perigoso, meu corpo da alertas que ele é problema, mas não consigo obedecê-lo no momento.
Fraca.
—Quis fazer uma cortesia a uma garota bonita — responde dando de ombros, e novamente sorri emanando presunção.
—Você sempre faz isso quando está com vontade de transar com alguma garota ? _
- pergunto, deixando a adrenalina me drenar totalmente.Isso é culpa do álcool. Tenho a quem culpar caso essa conversa tome outro rumo.
—Quem disse que estou tentando foder você? —retruca insolente, e toda a multidão passa a nos observar.
Agora temos plateia, parece que estamos em um show.
—Por que você estava me comendo com o olhar. —lembro o da cena recentemente.
Um calor começa subir pelo meu corpo, meus pelos começam a se eriçar. E as malditas borboletas estão circulando no meu estômago.
Não estou atraída por ele. É só a vodka.
—Certo! Havia me esquecido — divaga distraído __ Agora quero foder você com meus dedos —solta, e meu queixo cai, por sorte consigo me equilibrar.
Ele não tem filtro nenhum. Minhas bochechas começam a esquentar, e vejo que quase me colocou em cheque mate, mas tenho uma carta na manga.
—Não estou interessada- respondo tentando soar casual —Agora tenho que voltar para minha mesa.
Eu me apresso em sair do seu campo de visão, mas me rendo, acabo virando quando ele grita, e suas palavras, o jeito como seu tom exala confiança, faz com que ele vença a primeira partida.
— Linda, uma hora você vai cansar de negar o óbvio —sua expressão é suave, certa —E eu vou estar aqui, te esperando.
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Meia Mentira
RomanceSean BlackBerry é o sonho americano perfeito. Com sua jaqueta de couro e o cigarro entre os lábios, ele conquista uma legião de meninas apaixonadas. Por isso, Charlie Evans o rejeitou. No entanto, o destino resolve agir entre a caloura de jornalism...