CAPÍTULO VINTE E NOVE

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George.

Queria entender o porquê de Alice ser tão cabeça dura, cara. A mina não me ouve não, é sempre querendo as coisas assim, do jeito dela e acabou. Depois de tudo o que tentei e falei, eu não acredito que ela estar desistindo de nós dois. Eu sei que preciso tentar mais, porém, sem ela eu não consigo.

Tô que nem um mané atrás dela, fiquei que nem um idiota pedindo para ela não terminar. E daí ela nem se quer pensou duas vezes. Terminou e pronto.

Não quis me entender, não ouviu nem a metade do que eu queria falar com ela.

Eu tentei, a beijei, pedi com carinho. Praticamente implorei! E friamente, Alice disse que acabou. Eu fiquei sem reação alguma, não acreditei nesse papo que ela deu. A gente poderia dar um jeito de ficarmos juntos escondidos, em outro lugar. Colégio. Na praia quando a gente saísse do colégio. Em qualquer lugar, mas a gente daria um jeito maneiro pra continuar junto. Até fugiria por ela, mas Alice não pensou.

Ela me deixou boladão com essa ideia errada. Cheia de papo torto a mina, nem se quer pensou mais, essas coisas têm que pensar, cara. Tem que ver se vale apena acabar. E não vale apena terminar não, nós se conhece a um tempão, sempre fomos amigos. Daí o pai dela faz isso e ela aceita. Ótimo.

Isso é medo, tá ligado? Ela conhece Igão pela metade, mas conhece. O cara é o pior de todos. Tantas vezes já vi ele torturando ou matando um pau no cú, sanguinário o cara, tá nem aí pra família dos outros, se o cara implora ou não. Quando ele acha que as coisas tão erradas, quando a parada tá barril. É morte.

E mesmo eu conhecendo esse lado do cara, eu quis continuar com Alice. Eu arrisco qualquer coisa por ela. Ninguém entenderia esse meu lado, meus motivos por continuar querendo ficar com ela. Só eu sei, só eu entendo essa minha possessão por Alice e nada vai me fazer mudar de ideia de ter ela ao meu lado. Nada e nem ninguém. Nem o pai cuzão dela.

Fui para casa depois que vi ela entrando em um Volvo, com certeza é ideia do pai dela. Mó filha da puta esse cara, de qualquer forma quer afastar a mina de mim. Acha que assim é proteger. Tá de brincadeira, achando que colocando ela em um pote, vai afastar a mina de problemas.

Chegando em casa, eu vou direto para o quarto e tomo um banho. Meu rádio tocou e eu o peguei atendendo.

— Qual foi. – atendi sem saber quem era.

Boca principal. Agora. – a voz do Igão.

— Valeu, só vou almo...

Agora! – ele desligou.

Porra, que palhaçada do caralho.

Jogo a camisa no ombro e pego minhas paradas para descer. Tô morrendo de fome, mermão, o cara vem com essa. Agora que tô vendo, vai querer me explorar só porque eu tava com a filha dele. Acabou, porra. A mina acabou tudo e ele tá com essa viadagem. Igor eu não sei não, parece criança pirracenta.

Cheguei na boca principal e os caras tão tudo se resolvendo lá, uns tavam sentados no chão com suas quentinhas e já outros saindo pros corres e segurança da comunidade. Me aproximei da sala do Igão e bati na porta que estava aberta. O mesmo me olhou e fez um gesto com a mão mandando eu entrar.

— Vai fazer os corres, depois laje até a noite. – disse.

— Até a noite? Eu cheguei do colégio agora, preciso comer alguma coisa, cara. Tô cheio de fome.

— Problema é teu. – me encarou. – Quero que vá buscar uns papeis com o contador que tá na casa lá de cima, na boca que o Costela ficava, entendeu?

FILHOS DO MORRO (GDDM 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora