Os ponteiros do pequeno relógio de mesa corriam numa velocidade assustadora, indicando que já passava das 2h da manhã. Do lado de fora, as árvores eram sacudidas com violência pela força do vento que soprava de direções opostas. Fartas gotas de chuva colidiam contra a janela criando uma sonoridade ilusória, como se pequenos dedos batessem contra o vidro pedindo permissão para entrar.
No quarto silencioso e minuciosamente organizado, a baixa iluminação do ambiente era provinda do único abajur disposto ao lado da cama.
Um rosto pálido e sem expressão era parcialmente visível na penumbra. Longos cílios tremulavam levemente e abaixo deles, os olhos cansados se fecharam e abriram-se suavemente como asas de borboleta.
Fazia um mês inteiro que Camus, não conseguia dormir de forma pacifica nenhuma noite sequer.
Seus movimentos se tornaram mais lentos, como se seu corpo fosse pesado o bastante para sustentar e ele só pudesse arrastá-lo para todos os lados. As olheiras que ostentava já eram profundas e escuras e só acentuavam o quão fatigado ele estava.
Sua figura era no mínimo lamentável.
Quando perguntado sobre sua aparência abatida, Camus só podia desconversar e dar uma desculpa qualquer. Ainda havia lhe sobrado um resquício de lucidez que não o permitia ser honesto, senão ele poderia ser facilmente taxado de pervertido ou algo pior.
Nos últimos dias questionou-se sobre a hipótese de ter sido vitima de alguma praga, bruxaria ou algo do tipo. Por fora, ele parecia querer rir do seu próprio pensamento absurdo, mas por dentro a vontade de chorar era esmagadora.
Como ultimo recurso, Camus se entupiu com o calmante mais forte que conseguiu encontrar. A única coisa que ele queria era que seu cérebro colaborasse harmoniosamente com o resto do corpo lhe dando uma trégua para que ele simplesmente pudesse apagar.
Mas como se fosse uma maldição, ele ainda foi capaz de acordar antes do nascer do sol com uma ereção dolorosa.
Um arrepio percorreu sua espinha, enquanto tremores violentos lhe subiam pelas terminações nervosas indicando que o clímax se aproximava. O peito se comprimiu e os lábios se separaram como se estivesse a ponto de gritar, mas nenhum som saiu de sua boca. Arqueou o corpo rígido, mantendo-o suspenso no ar por um tempo, desabando logo em seguida.
O liquido quente disparou, deixando sua metade inferior completamente encharcada e pegajosa.
Todos os seus membros pareciam gelatina.
Sem energia para mover os músculos, só lhe restava praguejar entredentes até que a cena vergonhosa em que ele era o protagonista desaparecesse de sua mente. Embora as feições bonitas se revelassem um tanto apáticas, os olhos úmidos denotavam um descontentamento quase palpável.
"Eu poderia me afundar em você a noite toda, Camus."
Ao lembrar-se do dono daquela voz rouca carregada de luxuria sussurrando tais palavras, o rosto de Camus brilhou num tom tão vermelho quanto seus próprios cabelos.
Quase todas as noites, Camus vinha sendo atormentado por sonhos eróticos que envolviam ninguém menos que Milo, seu melhor amigo e confidente de longa data. Desde que eles começaram, o desfecho era sempre o mesmo; longas noites em claro com os nervos formigando e uma ereção teimosa sobre sua barriga que custava a abaixar.
Dia após dia, o aquariano se pôs a queimar os neurônios para entender porque raios, justamente ele estava tendo aquele tipo de pesadelo. Considerou todas as opções imagináveis e inimagináveis, em seguida eliminou uma por uma de sua lista mental de possíveis motivos para se ter sonhos molhados com o melhor amigo.
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A Magia do Amor
FanfictionCamus vem tendo sonhos um tanto quanto, inapropriados com seu melhor amigo, Milo. Desesperado e em busca de respostas para as perguntas que lhe tiram o sono, ele descobrira que a origem de seus pesadelos não ficaram só no mundo dos sonhos.