Todos os irmãos são todos os irmãos
porem precisam de todos os irmão para serem todos os irmãos
Todos os irmãos são chaves e suas mulheres portas
Os amigos são todos os irmãos, e os primos também.
Os primos são rastos de sangue sugados pelos rios
entrelaçando a família do pai com a de seus parentes.
Todos os irmãos são presentes e carentes
da presença de todos os irmãos para serem amigos de todos os irmãos…
Quando pequenos foram, fugiram da escola
Quando pequenos foram, pediram esmolas
Esmolas de rebeldia, esticando suas mãos…
Cheias de calo, com armas na sacola
Para um assalto ao banco da vila.
Todos os irmãos são ideais de todos os irmãos
Dando apoio uns aos outros, a todos os irmãos
Na alegria e na tristeza
Na riqueza e na pobreza acapachada
Na dor e na vingança… parecem até casados!
Numa união de terno e ternura em afecto matrimonial.
Aprenderam a ser poetas,
Poetas líricos, românticos
Poetas retóricos e soríticos…
Poetas verosímeis,
proclamadores e declamadores holísticos
Poetas caminhoneiros do deserto aquático
Todos os irmãos nasceram de uma só mulher valente
Que só dedica-se a dar gémeos irmãos, vinte e sete em um só ventre
A raiz polemica de 3 ao cubo
Os vinte e sete irmãos aprenderam a ser poetas de graça,
não eram pagos por sua desgraça,
Mas declamavam melhor do que os poetas natos!
Todos os irmãos faziam suas poesias como o vento e as aves,
Aquelas que voam com azas feridas
Usando hiatos e onomatopeias trilingues ou plurilingues
Escreviam, homenageando suas poetizas…
Seus tons eram como se fosse um cântico vocal
E diziam em vinte e sete vozes: “assim clamam os poetas”;
“Assim clamam os poetas”…
Que as aves norteiem seus horizontes
Que o vento distinga sua irmandade…
“ Assim clamam os poetas”…
Que as ilhas sejam desertos
Que os desertos sejam mulheres esbeltas...
Assim clamam os poetas...
Que os sonhos sejam lua e que a lua
Seja uma torre de inimigos da terra…
“Assim clamam os poetas”…
“assim clamam os poetas”
Os vinte e sete irmãos aprenderam a ser cantores, produtores,
Escritores, Anselmos, Nagrelhas e Modelos venerados.
Os vinte e sete irmãos dizem:
Nós somos a voz poética que clama nas ilhas
E não no deserto sonâmbulo
Somos os poetas que a melancolia não afecta
Somos os poetas de graça e não de paga
Somos todos os irmãos que amam a todos os irmãos
Mesmo quando todos irmãos abandonam a todos os irmãos,
Mas sempre tornam a casa prodiga de todos os irmãos
Perdoando-se a todos os irmãos
e caiem em um enorme abraço vinte e sete.
Assim clamam os poetas…