Era uma sensação anormal: estar no parapeito, sentindo o vento balançar suavemente seu vestido branco e seus cabelos negros. Um vento não tão forte para arrancar-lhe o chapéu antigo, por mais que ele devesse cair seguindo as leis da gravidade.
Alex só queria ser compreendida, mas nesse mundo estúpido era difícil sentir-se assim. Ela nunca sentira.
Parecia viver num mundo diferente ao mesmo tempo que vivia num mundo igual. O inverso era o seu normal. Equilibrava-se nele diariamente e por mais motivos que tivesse, não despencava.
Mas todes ignoravam isso.
Seria tão esquisito ter essa sensação se não fosse por Alex tê-la desde sempre. Ela não compreendia o que se passava dentro do ser esquisito e confuso que era ela, mas queria que alguém compreendesse para poder lhe explicar. Para talvez ela se aceitar. Para talvez poder melhorar. Para talvez ela não desejar cair em direção ao céu.
Sua mente desafiava a gravidade. Era tudo tão novo, porém já convivia com isso há dezessete anos.
E num momento desesperado, ela acreditou piamente que ninguém nunca a entenderia. Nem ela própria.
A dor jamais passaria desse jeito.
Seria tão incrível se alguém arrombasse a porta do seu quarto gritando do contrário. Seria inexplicável sua alegria caso alguém a tirasse do parapeito.
Mas ninguém veio.
Ninguém chegou a tempo de lhe dizer pela primeira vez que a ama e que sua vida não faria sentido sem ela.
Talvez... Talvez ela só quisesse que se importassem...
Quem sabe o céu consiga ser mais acolhedor do que as pessoas que antes a rodeavam, antes de ela se jogar ao infinito. Porém o céu mostrou ter fim, juntamente com sua vida, ao fazê-la chocar-se contra o duro asfalto.
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Outro Título (Temporário)
RandomContos que espero que façam você refletir um pouco melhor sobre a vida, além de ter assuntos que, de alguma forma, eu considere como um caminho para o fim do mundo. Cada capítulo, um conto único e independente, que fala de diferentes temas com abor...