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Sinopse:

Bento é o novo e cético estagiário do Jornal Carioca e entre uma xerox e outra é cooptado para assumir o trabalho da misteriosa astróloga Antônia Dutra, que começou a não mandar mais suas previsões diárias para a página logo abaixo das palavras cruzadas. Sim, o rapaz vai ter que inventar os textos do horóscopo! Não que ele tenha nenhum pudor em fazer isso. Já Emília é uma estudante de design obcecada por astrologia e que começa a notar que as previsões para o signo de Peixes estão um pouco mais específicas que o normal e — o mais incrível! — super precisas. Seguindo à risca o que o jornal diário lhe manda, Emília acaba se arriscando um pouco mais em sua vida pacata, mas por fim tem um incidente desastroso. Será que os astros resolveram lhe pregar uma peça?


BENTO

— Pega um café pra mim?

— Pega você, Bento. — Vitória estava com cara de poucos amigos naquela manhã, mas era por isso mesmo que eu gostava de implicar com ela. Ela tinha entrado uma semana depois de mim no estágio e por essa razão eu dizia que ela era minha caloura.

A redação do Jornal Carioca era um marasmo nas primeiras horas da manhã. A agitação mesmo começava lá pelas 10h30. Jornalista é um bicho noturno. Isso eu já tinha aprendido. Saí como um zumbi da minha mesa e fui até a copa pegar o famigerado líquido preto que controlava as minhas energias vitais.

Vejam que não sou tão babaca assim, porque peguei dois copinhos de café, um para mim e outro para Vitória. Ela agradeceu apenas com um aceno de cabeça. Vitória é dessa pessoas que tomam café sem açúcar.

— Final de semana foi bom? — tento puxar assunto me sentando na minha baia em frente à dela.

— Mesma coisa de sempre. — Ela não tirava os olhos do monitor.

— Isso quer dizer festas, crossfit e pegação? — Eu estava tentando animá-la insistentemente, como me é de costume.

— Gato, netflix e solidão. — Ela ajeitou os óculos quadrados olhando para mim. Os cabelos presos em coque alto no topo da cabeça.

— Que deprê, Vitória, cruzes! — soltei. Era impossível tirar um sorriso dessa criatura.

— É que eu não ando muito bem, você sabe... — agora ela estava olhando para mim e não mais para a timeline do Twitter.

— Ele não tentou falar mais com você, não, né? — perguntei olhando bem para o rosto dela.

Os olhos dela ficaram levemente marejados e ela começou a fingir que limpava os óculos na blusa para eu não perceber. Fez que não com a cabeça.

— Vitória, é melhor assim...— comecei, mas fui interrompido por...

— Bom dia — lá estava ele, Jânio Fialho, o editor, olhando para a minha cara como se fôssemos velhos amigos. Ele nunca falava comigo — Bento, né? E...

— Vitória — eu disse, indicando minha colega com a cabeça.

— Então, tenho duas demandas para vocês — ele foi direto. Eu gostava disso.

— Preciso que um faça os tijolinhos de lançamento de livros e...bom...— ele deu um pigarro e engoliu em seco — a Antonia Dutra está doente. Não vai mandar a coluna para amanhã. Preciso que um de vocês escreva e me mande até o final do dia um texto para ficar no lugar. Não precisa ser nada grande, ok, se baseiem nas colunas da semana passada, pesquisem por aí, façam o que quiserem, mas me entreguem alguma coisa, tá certo?

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⏰ Última atualização: Mar 12, 2023 ⏰

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