Coração determinado

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Autora: Ágatha Carolline de Oliveira Galdino


Releitura de "Frankenstein" – Mary Shelley

Tema – rejeição e relação entre IA e humanos

Doutor Frankenstein, vulgo Frank, cria inteligência artificial avançada, a partir de outros recursos já criados. A criação é transplantada para um corpo robótico e cria uma consciência "humana". Frank não reconhece mais aquilo que criou e sua criação se revolta. Nada pode ser previsto, a criatura agora está só no mundo.

Personagens: essencialmente devem constar o Doutor Frank e a criatura, que pode ser nomeada ou não. Outros personagens podem ser criados se o autor desejar. Tanto a criatura quanto o doutor podem ser do sexo feminino ou até transgênero. A criatura não teria um gênero propriamente, a questão gênero para a criatura seja explorada de modo livre pelo autor, que poderia incluir algo específico que desejasse. Isso pode ser explorado pelo autor da fanfic do modo que desejar.

Personalidade das personagens

Doutor Frank: seria um ser que muda durante a história. Iniciaria consciente e positivo, crente de sua contribuição para a humanidade através de sua criação. Após concluir o trabalho, torna-se arrogante e diante da sua criação consciente e com personalidade, torna-se mesquinho, egoísta, medroso. Poderia mudar a personalidade no fim, após aprender uma lição, mas dependerá do autor.

Criatura: começa desesperada, sem saber o que é e o que faz aqui. Alcança uma consciência e reconhece seu criador, que deseja proximidade com um filho deseja a companhia do pai. Sofre com a rejeição e a ausência de experiência (como um bebê superinteligente e forte), torna-se perigosa e incontrolável. Cabe ao autor definir como ela se comportará no fim.

Tempo: século XXI ou o século seguinte. Poderia ser além, mas pediria uma projeção muito alongada de como seria o futuro. A ambientação mais próxima de nós pode ser útil para compor elementos tecnológicos e cotidianos.

Local: qualquer lugar que tenha sentido o uso de tecnologia avançada. Poderia ser um país emergente que tenha sido projetado na história coo já avançado ou em um país como Japão, Suécia, Noruega, Estados Unidos, etc.

***

"O que pode deter um coração determinado?"

Durante todo o tempo em que Frank dava vida a sua criatura, ele estava certo do bem à humanidade. A nova criatura, ainda sem nome, faria com que todos os robôs um dia já criados fossem obsoletos. Aquela seria uma verdadeira inteligência artificial, de uma inteligência antes jamais vista. Entenderia dos mais diversos assuntos, além de poder aprender novos com uma rapidez absurda. Doutor Frankenstein estava orgulhoso do que criara e pronto para apresentá-la ao mundo.

A conferência de apresentação havia sido marcada na Europa, diversos CEOs das mais variadas empresas de tecnologia estavam lá para que pudessem contemplar – e também invejar. Foi quando Ella acordou que Frank não teve certeza do que fizera. Ao abrir os olhos, quase tão vivos como os de um ser humano, porém mais vívidos, ela mesma se nomeou. Ella. Simples e fácil de ser lembrado. Naquele exato momento Frank deu um passo para trás porque, de repente, o ser pensante era totalmente independente dele e isso o assustava de uma forma sem igual. Ele saiu correndo do evento antes que qualquer um pudesse impedi-lo.

Ella, após perceber o que era, quis conhecer seu criador – ou pai, como chamava Frank –, porém ele se escondeu de forma que não pudesse ser encontrado. Assim, a criatura, viajou o planeta inteiro, causando destruição por onde quer que passasse.

- Na noite de ontem, domingo, Ella passou pela cidade de Paris e, insatisfeita por não encontrar Frank, que continua foragido, destruiu parte da Torre Eiffel. Neste momento, bombeiros tentam manter a estrutura em pé – a jornalista falava na televisão e ao fundo podia se ver o monumento sem uma das "pernas".

Dentro de um mês de busca, Ella instaurou um verdadeiro caos no mundo. Com sua força, sua rapidez e sua inteligência ninguém conseguia pará-la ou impedi-la, apenas Frank. Porém este sentia vergonha da criatura que havia criado e, agora, mais vergonha ainda do que ela havia causado. A Terra estava devastada, essa era a verdade.

- Frank? Pai? – Ella o procurava pelos países europeus mais uma vez.

Ele a viu passar e observou de longe.

- Pai? – Ella virou ao sentir a presença dele. – Pai!

Frank apenas franziu o cenho, era estranho ouvir Ella chamá-lo daquele jeito. E ela percebeu a feição, se sentindo mais rejeitada ainda. Ali estava ela, indo em todos os lugares possíveis atrás dele e tudo que ele conseguia fazer era uma espécie de careta. O exército europeu, aproveitando de tal vulnerabilidade, atirou em Ella de forma que a destruísse. Eles não se importavam mais apenas prendê-la para que pudessem estudá-la, Ella era perigosa demais. Quando o tiro chegou, fazendo com que ela fosse desmembrada, Frank gritou. Um grito que veio de dentro do seu ser, com uma dor profunda. Ella ainda estava consciente quando isso aconteceu e então ela sorriu porque, ao fim, sua busca não foi em vão, ele a amava afinal de contas. Ele era seu pai.

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