vermelho [♡] lelly; weki meki.

campos de morango

one-shot original por wonwooart ♡

eu tive a certeza de que estava apaixonada quando a vi naquele meu sonho. a chuva caía violentamente contra a janela grande da sala de estar, aquela janela imensa que mamãe insistiu para que colocassem de frente para aquele campo de morangos quando construiu a casa há 20 anos atrás.

deitava no divã vermelho vinho da sala escura, com os papéis de parede igualmente vermelhos como o sofá, estampas desconexas e que pela minha mãe eram nomeadas de arte clássica, estavam dispostas nas paredes sangrentas da sala. e ainda assim era silencioso, por mais que em meu sonho eu gritasse o nome dela desesperadamente.

adormeci cedo naquele estofado confortável enquanto olhava para os campos de maçãs e morangos que haviam na nossa propriedade, no interior de uma cidade que ninguém nunca fez questão de conhecer.

sonhava descontroladamente com aquela garota que eu tinha certeza de estar apaixonada, gritava seu nome, chamava e esperneava. eu queria a sua atenção, mas bem, ela nunca me ouviu.

sua boca vermelha lambuzada com os morangos que pusera ali, saboreava-os como sua última refeição. e, caralho, seus lábios eram perfeitos, mesmo de muitos metros de distância pareciam macios.

sentada naquele gramado verde e vasto atrás da plantação de morangos, seu vestido xadrez e os seus cabelos cacheados combinavam imediatamente com aquela paisagem rosada de fim de tarde, ela tirava mais um morango da cesta e novamente o levava à boca.

com ela ali, talvez a sala de estar não fosse o cômodo mais entediante da nossa casa imensa e talvez eu pudesse viver presa naquela fantasia melancolicamente romântica enquanto estivesse presa naquele cômodo vermelho e que era tudo, tudo menos aconchegante.

era bom mas ao mesmo tempo era tão deprimente, sookyung!

você demorava pra voltar, lua. e você tem a total permissão para rir disso, mas da última vez, quando abri os olhos, me revirei no sofá e de tanto sentir falta da sua presença ímpar e confortável, eu tive a sorte de cair do divã. e fiquei ali jogada no chão, pálida e com medo de nunca mais te ter na minha frente.

era amedrontador não te ter ali com os olhos abertos sabe por quê? porque os campos de maçãs e morangos não existiam, e juntamente com eles, você, kim sookyung, nunca existiu.

era só uma fantasia, uma fuga da realidade triste da igualmente triste jung haerim.

tudo era melhor com você ali, lua, mas era tudo tão mágico assim, porque você não existia.

eu chorava naquele chão que mesmo coberto por um tapete felpudo, era frio o suficiente para congelar os meus ossos, e a chuva grossa continuava a se chocar violentamente com o vidro fino da janela grande da sala vermelha, acordada do meu sonho.

e eu continuava sendo a jung haerim, elly, e que era inebriamente apaixonada pela fantasia que a minha própria mente havia criado.