O primeiro a dizer não

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Se há uma coisa que devemos saber sobre viver, é que nada vai ser o que esperamos.

Vou começa a partir do começo, a partir do início de minhas memórias. O momento certo e sem "mimimi" pra enrolar!

Eu, Davi Sampaio, era um garoto simples de aproximadamente 12 anos. Criado por mãe e padastro, sofria por ter uma voz fina demais e um corpo frágil, estudando na melhor escola de ensino básico, indo a igreja com uma frequência quase que maior que na escola. O mundo era simples pra mim. Os olhos de uma criança ligada a um cérebro maluquinho, que apenas seguia ordens desenhadas por uma mulher.

Quando o relógio batia as 12 horas, era o momento em que meu despertador tocava, e eu me acelerava pra fazer todas aquelas obrigações que deixava de fazer durante a manhã. Quando na escola, brincava e se divertia com meus amigos, que não pareciam ser normais, mas jamais prestava se quer uma atenção na aula. Geralmente levado pela professora, geralmente guiado pelo "bulling", eu era conhecido na sala da coordenadoria da escola, apesar de nem sempre me dar bem na história.

Já quando em casa, as cinco da tarde, me arrumava com toda a vontade. Um casaco de frio, uma camisa meio branca bem amassada, é a calça jeans, com o tênis mau lavado. Era o momento de ir na igreja, minha irmã, Marcela, havia me recomendado, dizia que eu iria amar (é ela estava certa). Sempre que dentro,  me sentia a vontade, era um lugar maravilhoso. Gostava de estar ali, pois QUASE todos o tratavam bem, não havia discussões ou gritarias, além da música que te fazia pular pelo salão.

Em um sábado, dia de culto para os jovens, as pessoas tinham de convidar alguém pra trazer para a festa que a igreja iria fazer (toda aquela questão de chamar mais gente pra igreja, sabe como é). Marcela, havia chamado duas garotas que moravam ali perto, mas uma delas se perdeu no caminho:
-A Gabi - Marcela tinha já uma grande linha da amizade com Gabriela - tá perdida ali pra baixo. Faz o seguinte, busca a Gabi. Eu vou lá na Júlia - a outra garota que viria para a festa. Mas a mãe era protetora, tinha que saber que era a Marcela que estava lá - buscar ela!
- Ta bom, fala pra ela esperar no mercado lá na Rua Sr. Bonfim - Poder encontrar ela com mais facilidade!
Chegando na frente do mercado, conheci uma garota divertida e meio atirada (PS: eu tinha a mente de uma criança, não havia notado esse detalhe), começamos a conversar, discutir coisas meio interessantes.
- Você já tá a muito tempo na igreja? - disse ela, tentando tirar o silêncio ensurdecedor.
- Não há muito tempo, ainda meio novo em todas essas questões.
- Entendo... - dizia com a cara de quem tentava pensar em mais alguma pergunta - A Marcela é sua irmã de sangue mesmo?
- Não! Claro que não. - pensei se ela havia perguntado isso em base pela diferença de tons de pele. Marcela era uma gaúcha, branca como a neve, loira natural e com um sotaque maravilhoso. - ela é filha de meu padastro. Como já estão há 7 anos, nos consideramos irmãos já!
- Agora sim! - disse com um tom de como se ela estivesse derrubando um peso na mente.
Chegando na Igreja, a festa já havia começado, mas foi tudo ótimo durante a mesma.

Quando acabou. Por volta das 10 horas da noite. Me ofereci para levar Gabriela até em casa, por educação. Ela aceitou e me puxou com uma força, que me senti sendo escoltado, e não sendo a escolta. Logo quando chegamos na frente de sua casa, ela me pediu algo que fiquei meio inseguro de dar, um beijo que ela dizia estar esperando a noite toda.
Não muito a vontade, dei o beijo que ela queria, mas imagino que não era o que ela esperava.

Dias se passaram, Gabriela parecia ter agarrado em mim, apesar de assumir que não tinha dado o que ela queria. Eu, como reagia? Fugia com todas as forças que podia, ela dizia amar e querer estar ao meu lado durante todo o tempo que pudesse. Me sentia lutando contra uma prisão. Eu não queria aquilo, mas não sabia como dizer. Depois de 1 mês de correrias pra se esconder de uma garota, tomei um rumo e segui com medo. Disse a ela que eu não queria, que nunca quis ter algo com ela, em questão de segundos ela começou a chorar. Logo largou todos os tiros, que eu imagino que estavam tão certeiros quanto pensados.
- Eu sabia que tudo era mentira, podia ter contato pelo menos no início. Sei que não gosta de mim, sei que eu não sou a menina com o corpo perfeito... - dizia, com uma voz já perdida no vento, olhando pra baixo e apontando para suas gorduras de que não se orgulhava - eu sei que não sou o melhor, mas poderia ter evitado o pior.

Me retirei daquele lugar, aonde aquela última mensagem subliminar havia entrado em minha cabeça. Pensava se eu realmente não gostava dela por causa de sua estatura ou peso. "Eu devo estar sendo um babaca agora não é?" Era o que eu pensava enquanto aqueles resmungos diminuíam de intensidade a medida que caminhava.

Chegando em casa, com a cabeça cheia de pensamentos sobre um número. Deixe tudo pra lá, abri um simples sorriso, e mostrei que estava bem para minha mãe. Ela não merecia se preocupar com isso!

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⏰ Última atualização: Oct 26, 2018 ⏰

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