Capítulo 3

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- Será que o filho dessa boa mulher merece ser um bastardo? Tem aqui algum filho da mãe que realmente acredita que lançar pecado e vergonha sobre esta mulher e seu filho é a maneira certa de agradecer a ela? Esta é a ideia de vocês para expressar gratidão à mulher que salvou suas vidas miseráveis? - O desprezo franzindo seus lábios.
- Ouça, pensando bem, um piano seria muito legal! - Low Down disse em voz alta. Ela não sabia tocar piano e não tinha lugar para guardar um, mas esses problemas poderiam ser resolvidos.
Ninguém lhe deu atenção. Pastor Jellison,impulsionado pelo momento, espumava, mantendo o público enfeitiçado com sua voz de trovão e o peso da culpa crescente de seus ouvintes. No momento em que o último eco ressoou na parede oposta do vale, os homens casados, em uma furiosa e justa indignação, estavam gritando insultos aos solteiros, criticando-os severamente como egoístas, ingratos, que chamariam a ira de Deus a todos, se eles não fizessem o bem pela pobre mulher abnegada que arriscou sua vida para salvar a deles.
Como não era bobo, Billy Brown aproveitou o momento para passar o chapéu contendo as bolinhas e cada homem no grupo de solteiros olhou fixamente para o grupo de casados, fazendo o seu dever e retirando uma bola de vidro colorido.
Um apósoutro examinavam sua bolinha de gude e então se encaminhavam para o barril de cerveja com um sorriso de alívio.
Exceto Max McCord. McCord estava de pé como se tivesse criado raízes, olhando para o vidro verde na palma da mão. Ao seu redor, homens se davam tapinhas nas costas, faziam piadas e olhavam em volta para ver quem tinha escolhido a bolinha com o X. Quando Low Down não conseguiu suportar o silêncio congelante de McCord mais um minuto, ela virou as costas para ele e encarou a montanha. Ela não esperava que alguém pudesse saltar de alegria ao descobrir que tinha escolhido a bolinha de gude riscada. Ela também não estava feliz. Mas ela tinha esperado secretamente que o homem com quem ela terminasse não ficaria tão chocado e atingido como Max McCord.
Ela tinha sentimentos mistos sobre ele. Parte dela sentia por ele não poder se casar com a mulher que amava. Ele teria que se casar com ela em vez disso. Os eventos haviam espiralado tão fora de controle, que não havia como detê-los agora. O pastor Jellisonhavia deixado todo mundo agitado e ansioso por um casamento.
Ninguém se importou que ela e McCord não quisessem isso. Franzindo o cenho para o lado da montanha, enfiou a mão no bolso da calça e fechou os dedos em torno da cópia da carta de Max McCord que ela havia escrito de memória. Não sabia por que havia copiado a carta dele. Bem, sim, ela sabia. Ela gostava de lê-la e fingir que alguém tinha enviado
esta carta para ela. McCord tinha algumas palavras bonitas dentro dele.
- Reúnam-se alguém traga a noiva e o noivo aqui na frente.
- Temos que fazer isso agora mesmo? - Low Down teria gostado pelo menos de lavar o rosto e pentear os cabelos. Mas os homens só se preocupavam em pagar sua dívida agora, caso Deus estivesse assistindo e se preparando para uma vingança rápida se vacilassem e no caso de McCord ficar tentado a fugir de seu dever se eles permitissem qualquer atraso.
McCord continuou a olhar para a bolinha de gude como se fosse uma bola de cristal em miniatura revelando um futuro que sugou a medula de seus ossos. Coot Patterson e Stony Marks tomaram um dos braços de McCord e o arrastaram para frente. Frank Oliviti e Jake Martin lideraram Low Down entre a multidão. Ela sentiu como se devesse dizer algo a McCord, mas não sabia o que fazer. De qualquer forma, ele parecia confuso e provavelmente não teria ouvido nada do que ela dissesse.
Ela se sentiu um pouco aturdida e subitamente nervosa. Molhou seus lábios e esfregou as palmas das mãos ao longo das pernas das calças. Maldita seja, ela desejava ter se lavado esta manhã e vestido ceroulas limpas e uma camisa melhor. Desejou que as coisas não tivessem chegado tão longe. Ela iria se arrepender da parte de ter um marido, ela sabia disso.
- Espere um minuto. - Billy Brown empurrou até chegar à frente, torcendo um anel de ouro fora de seu dedo mindinho. Ele o empurrou na mão de McCord. - Isso pertenceu à minha mãe. É para a noiva. - acrescentou quando McCord franziu o cenho, como se não entendesse por que ele estava olhando para um anel de ouro.
- Tirem os chapéus e parem de falar. - Billy deu aos homens um olhar duro seguido de um aceno.
- McCord está fazendo a parte difícil, levando a maior parte de nossa gratidão, por assim dizer.Mas o restante de nós deve fazer algo. Gostaria que ajudassem o casal feliz a
arrumarem as coisas de casa.Tenham em mente o que todos nós devemos à Low Down. E também o quanto devemos a McCord por ter enfrentado isso como um homem. Lembre-se que poderia ter sido um de vocês dizendo o "aceito", então deem generosamente. O pregador Jellison esperou que as gargalhadas abafadas sumissem, então sorriu para Low Down como se esse casamento tivesse sido ideia dela em vez dele; como se ela e McCord fossem realmente um casal feliz que buscava sua bênção em um evento alegre. Ela considerou seriamente golpeá-lo no estômago, mas ele começou a cerimônia antes que ela tivesse decidido fazer isso.
- Amados, estamos aqui reunidos na presença destas testemunhas...
Não demorou muito para unir um homem e uma mulher pelo resto de suas vidas. Em menos de cinco minutos, o pregador Jellison sorriu e disse:
- Agora eu os declaro marido e mulher. Você pode beijar a noiva. Low Down e Max McCord relutantemente se viraram e encararam-se um ao outro. Então McCord girou sobre os calcanhares, caminhou através da multidão de homens e continuou descendo a encosta da montanha. Low Down enfiou os punhos nos bolsos e o observou se afastar. Ela realmente não se importava se ele continuasse, saltasse em seu cavalo e saísse dali. Casar-se era um engano pelo qual nenhum dos dois havia pedido. Enfiando a carta no bolso, ela observou até que McCord alcançasse o lugar de sua escavação e se enfiasse dentro de sua tenda, soltando a aba atrás dele. Deveria ter escolhido o saco de ouro ou o estúpido piano. Erguendo a mão, ela olhou para o anel, brilhante e reluzente contra sua pele escura. Bem, o que quer que acontecesse, ela manteria o anel.
Eles a tinham convencido de que ela merecia alguma coisa por esvaziar todos aqueles baldes de vômito. Mas ela realmente queria um bebê, alguém para amar e que iria amá-la de volta. Uma família real, dela. Como uma idiota, ela se deixaria encher de esperanças. - Olaf? Não é hora de abrir o uísque? A noiva precisa de uma bebida forte e eu quero ouvir mais sobre esse negócio de ajudar os noivos generosamente. Não fazia sentido chorar por causa do leite derramado. Ela poderia muito bem tomar algumas bebidas, ouvir algumas histórias de prospecção e desfrutar o que restou do dia de seu casamento.

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