Ele percorria os mesmos corredores de cor neutra, em uma passada apressada enquanto as mãos se encontravam posicionadas atrás da bermuda de poliéster. Segurava um ramalhete de diversas flores e mantinha a cabeça erguida, encarando fixamente a porta branca no final do corredor, sabendo que aquele domingo poderia ser decisivo.
Decisivo, pois, após meses tendo algo extremamente casual com a psicóloga do Besiktas, conseguirá perceber e assumir para si que estava definitivamente rendido. E não se sentia nem um pouco piegas por aquilo.
Iara era uma mulher destemida, independente, voraz e gostosa para um caralho. Fazendo-o se perder na tempestade que carregava em seus olhos, nas curvas marcadas que acreditava fielmente que foram abençoadas apenas para servir a ele. Então nada melhor que um ramalhete para declarar todo o seu sentimento, juntamente com um sincero e profundo pedido de desculpas, não é mesmo?
E por que desculpas?
Desde que voltou do Mundial da Rússia não havia dado as caras em Istambul, por conta das férias merecidas que recebeu de seu time para poder curtir com sua família e com seus filhos.
O único problema era que não havia procurado Iara por esse período, e a cada passar dos dias, a mídia insistia em noticiar que o casamento de 6 anos, que havia acabado no início daquele ano, poderia ter começado a dar indícios de uma possível reconciliação. Mas não era nada daquilo, e só havia aceitado a companhia de Daphne naquela viagem, a pedidos manhosos de seus filhos mais novos.
Quaresma alcançou a parede paralela ao consultório que se tornara oficialmente da psicóloga naquele mês de agosto e se encostou sobre o concreto gelado, fazendo-o esconder a surpresa na qual esperava, ansiosamente, que lhe fosse agradável. Olhou rapidamente para o seu relógio Armani, constatando estar adiantado em relação ao horário em que ela chegava ao local de trabalho e aguardou pacientemente ouvir o tintilar do molho de chaves que tinha mania em carregar nas mãos quando atravessava aqueles corredores padrões do Nevzat Demir.
Sendo prontamente surpreendido com a porta a sua frente se abrindo, apresentando primeiramente uma cabeleira loira conhecida.
— Espero que essas consultas possam me ajudar. — Loris Karius falou em inglês, de costas para Quaresma, cumprimentando Iara, que ainda se encontrava na sala. — Foi um prazer conhecê-la, Volkan.
— Faremos com que funcione, Karius! Quarta-feira te espero aqui no mesmo horário, hein?
Iara sorriu para o loiro a sua frente, dando alguns passos para poder cumprimentá-lo formalmente até vê-lo dar um passo para o lado e fazê-la dar de cara com:
— Ricardo Quaresma? — Murmurou, atordoada.
— Ricardo! — O goleiro se virou, surpreso, caminhando até o português para cumprimentá-lo com um aperto de mãos e sentindo-o bater fortemente em suas costas após um abraço. — Nos vemos amanhã.
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Lusitano • Ricardo Quaresma
FanfictionQual a importância e quanto vale um sigilo médico? Bom, o lema de Vegas também pode se aplicar nessa história: O que acontece em um consultório, fica em um consultório. Ou será se fica na cama? No carro? Nos corredores do Besiktas? A obra está mar...