Não consigo ir para a escola. Não depois do que aconteceu ontem. Assim como Stella e Chanel, que me mandaram a mesma mensagem.
"Não vou consegui pisar naquela escola novamente" Quando me acordo olho para o teto. Sem exercícios, sem levantar, sem se mover. Arizona soube o que aconteceu ontem. Todos souberam. Tínhamos hackeado o sistema de controle do aeroporto. Dançamos no meio do aeroporto. Demos a desculpa da nossa amiga estar indo embora, e que sem nós eles não saberiam que a segurança do seu aeroporto era uma merda. Eu não consigo abrir as cortinas. Não conseguiria enxergar a luz novamente.Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade. Eu estou voando agora. A solidão é o preço que temos de pagar por termos nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade, de independência e do nosso próprio egoísmo.
-Kitty por favor, estou ficando preocupada. 206 ossos, 650 músculos, mais de 50 bilhões de células, levantar tudo isso da cama de uma só vez, é muito complicado. Mas você precisa se levantar. -Arizona abre a porta.
Um minuto de silêncio toma Nós duas.
-No ensino fundamental, eu... fiz amizade com várias pessoas. Tive que me despedir do meu grupinho... e aqui estou Eu, me levantando da cama todo dia para plantões de até quarenta e oito horas. -Ela se senta na cama.
-Você tá precisando de mim né? -Perguntei sorrindo.
-Pois é... Eu meio que quase incendiei a casa toda. O fogão é logo em baixo do papel toalha. Mas olha que queimadura legal. -Ela me mostra uma marca no braço esquerdo.
-Você precisa de mim, e eu preciso de você. -Ela abre as cortinas.***
Fui chamada para a casa de Stella. Eu e Chanel. Combinamos em assistir um filme, mas estamos na cama da Stella, olhando para cima.
-Lembra do dia em que ela caiu na apresentação das líderes de torcida? -Perguntou Stella.
-E do dia em que Bren empurrou ela no chão. Ela fez o maior escândalo e no dia seguinte fez um texto enorme sobre o feminismo nas escolas. - Disse eu.
-No beijo do George em que ela vomitou logo depois. -Sorriu Chanel.
-Ou da vez em que ela apagava as luzes do fundo enquanto a professora dava aula de química, e quando a professora olhava para cima, pensava que a luz estava queimando. - Stella nos faz gargalhar.
-Vamos parar de falar sobre ela. Ela vai voltar. E melhor do que nunca. - Disse Chanel.
- Claro que vai. -Sorri.
-Licença. -Arizona abre a porta.
-O que você tá fazendo aqui? -Perguntei pulando da cama.
-Calma. Só perseguir você. Você estava triste. Fiquei preocupada.
-Desculpou-se.
-Deixe ela Kitty. Eu amo sua irmã. - Falou Chanel, batendo suas mãos no lado vazio da cama.
-Obrigada. Obrigada mesmo. Só estava preocupada com minha irmã, e segui ela para ela não fazer besteiras como ontem.
-Ontem Hackeamos um aeroporto, hoje podemos assaltar um banco. -Riu Stella.
Ficamos um pouco caladas.- Não tentaram ligar para ela? -Perguntou Arizona.
-Sim. Ligamos mais de cem vezes. - Falou Chanel.
-Vai ver ela precisa de um tempo... O irmão dela continua na cidade, eu o vi indo para o hospital. Ele até que é gato. - Disse Arizona.
-Vai com calma. Já vou com ele para o baile. -Riu Stella.Me lembrei do último dia dos jogos do futebol americano.
- Eu vou cantar amanhã. Tinha me esquecido!
-Cantar? -Perguntou Arizona.
-Sim, vou cantar amanhã na final do futebol americano!
- Que música? -Perguntou minha irmã.
-My First Kiss. - Disse, me levantando da cama. -Preciso ensaiar. -Pego a bolsa na cabeçeira da cama.
-Vamos ensaiar. - Falou Chanel.***
-Você só vai dizer My First Kiss três vezes na mesma música, qual a dificuldade disso? -Perguntou Stella.
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A última música
Novela JuvenilSe você tivesse a oportunidade de escrever uma música, mesmo sabendo que ela seria a última de sua vida, o que você escreveria? A Quem dedicaria? Kitty Scandall já sobreviveu a um vendaval que levou todos a quem amava, mesmo assim continua escrevend...