Capítulo 1 - Quer uma bitoquinha?

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Algumas pessoas dizem que tudo o que precisam ler num fim de noite é uma mensagem fofa do contatinho, ou o chefe dizendo que o dia seguinte é de folga, quem sabe alguém cancelando um rolê que você não estava lá muito a fim de ir, mas para Byun Baekhyun, suas horas noturnas estavam garantidas com uma única frase:

Seu pedido será entregue em trinta minutos.

O que seria do homem sem a invenção do delivery? Ficar pleno em casa, só esperando sua comida chegar... Mais comodidade impossível, e talvez um reforço para o sedentarismo, quem sabe. Tudo na vida tem vantagens e desvantagens. Baekhyun, no entanto, estava mais do que satisfeito com o serviço.

Vivendo sozinho numa casa um pouco maior do que o necessário, comprada pela sua mãe exagerada, passava metade do seu tempo escrevendo - ou tentando escrever - o seu segundo livro, esperando superar as vendas do primeiro e bater o próprio recorde só pela satisfação pessoal. A outra metade era gasta em seu soninho da beleza e nos lanchinhos que fazia.

Não era como se tivesse muita escolha. Tinha sido criado rodeado de empregados, apesar de concordar cada vez menos com isso enquanto foi crescendo. Quando finalmente se mudou, depois de conseguir um sucesso considerável com o primeiro romance, dispensou a ideia dos pais de contratar alguém para cuidar da casa.

Aprendeu a fazer uma faxina mais ou menos digna e amava sua máquina lava e seca, mas cozinhar era algo que nunca dava certo. Já queimou ovo, embolou farofa, apimentou um pouco demais o jantar daquele jeito que ou você come, ou você sobrevive... Sua única especialidade era pipoca de microondas, e ele conseguia se queimar de levinho com o vapor.

Ele tentou, até. Mas acabou aceitando que seu destino era viver de embalagem de papelão acumulando na lixeira da cozinha.

Pedia todo tipo de comida que o interessasse, tailandesa, japonesa, chinesa, especialidades coreanas, massas, hambúrgueres, hambúrgueres gourmet, doces, sanduíches de muitos sabores, churrasco, até umas saladinhas para enganar. Mas nada era mais sagrado do que sua pizza de toda madrugada de quinta.

Trocava os pedidos a semana toda, mas a pizza era essencial. Da mesma pizzaria, inclusive, isso também era importante. Que chamassem de ritual, mas não conseguia escrever uma linha se pedisse algo diferente da pizza naquele dia da semana. Pedia na quarta, tarde da noite, depois de arrumar todas as suas tralhas, socializar com o seu vizinho Minseok e trocar mensagens com Jongin, o único amigo que lhe aturava. Ficava pronto para passar a noite em claro trabalhando no novo livro e comer até ficar satisfeito. E claro, acordar quase quatro da tarde no dia seguinte.

Seu método estava mais do que definido. Ainda mais depois do bônus que descobriu gostar muito: o entregador.

Era um fato curioso, na verdade. Baekhyun nunca foi muito de se interessar por pessoas que não conhecia, não gostava de sair beijando adoidado em festas, mal ia em festas, quem dirá beijar - mas nada contra quem tinha a disposição. Tinha uma alma romântica, não podia negar.

Ainda era um daqueles que esperava o amor da sua vida ou alguém que chegasse perto disso. Então não fazia o mínimo sentido que continuasse alimentando um crushzinho bem básico por aquele garoto, quando não sabia quase nada sobre ele além do seu nome. Talvez fosse a ligação emocional com o alimento precioso que o bonitinho deixava em sua porta.

Se sentia meio estúpido, mas não conseguia evitar. Assim que abriu a porta para o entregador pela primeira vez, descobriu que o cara era a coisinha mais fofa que Baekhyun já tinha visto na vida. Mesmo.

Ele era ruivo, e Baekhyun achou graça da sua camisa e boné vermelhos combinando com o tom de cabelo. Leu o nome CHANYEOL bordado em branco na roupa enquanto o altão - o que lhe chamou atenção também - lia o papelzinho com o pedido do mais velho, ditando tudo, segurando a caixa de papelão quadrada e o encarando depois, esperando a confirmação de nome e sabores.

Pepperoni!Where stories live. Discover now