RECOMEÇOS.

Capítulo Quatro - A nova vida de Mariana.

Mariana e seus avós terminaram de arrumar as coisas para a mudança já era tarde da noite. Vovó Flávia e Vovô Joaquim acabaram por dormir na cama que era do Sr. e Sra. Goulart. Mariana não tinha vontade de comer, tampouco de dormir, mas, estava tão cansada de tanto chorar e de todos os acontecimentos do último dia que acabou caindo no sono. Sonhou que estava em um campo cheio das mais belas flores, e que seus pais e seu irmãozinho estavam lá também. Eles estavam de mãos dadas e juntos caminharam rumo á uma luz. Quando acordou, Mariana soube que eles foram se despedir.

Logo cedo no dia seguinte, Mariana ligou para Gabriela para dar a noticia que iria se mudar. As duas choraram muito, e Gabriela prometeu que assim que tivesse um tempo iria visitar Mariana.

Assim que desceu de seu quarto, sua avó lhe perguntou:

– Está pronta, minha neta querida?

– Sim vovó. Vamos logo antes que eu comece a chorar de novo e não consiga parar. – disse Mariana emocionada.

Assim, saíram da casa Mariana, seus avós e Pandora. Vovô colocou a placa de venda no portão e os quatro entraram juntos no carro sem nem olhar para trás.

Foi uma rápida viagem até a casa de campo. Mariana dormiu no banco de trás do carro com uma Pandora entristecida deitada em suas pernas. Até a cachorra sentia que algo muito triste tinha acontecido e ficava a maior parte do tempo aninhada em Mariana. Assim que chegaram, Mariana e seus avós desceram o que tinham levado no carro e aguardavam o caminhão com o restante da mudança chegar. Vovó Flávia fez um chá de ervas doce para os três e colocou para Pandora uma bacia cheia de ração e um pote com água. Logo o caminhão chegou e assim os três foram arrumar a casa com uma cachorra passando para lá e para cá atrás deles sem entender o que estava acontecendo.

Assim que terminaram já era á noite, e vovô fez uma deliciosa refeição. Mariana estava sem fome, mas para não fazer desfeita comeu tudo, mas logo foi para seu novo quarto para se isolar. Pandora como de costume nos últimos dois dias correu atrás de Mariana e assim que ela desabou no chão, sua cachorra se deitou ao seu lado.

– É Pandorinha, papai e mamãe se foram. Até aquele danadinho do Henrique se foi. O que vai ser de mim agora? O que vai ser da gente? – disse Mariana para a cachorra.

Pandora levantou as orelhas ao ouvir a voz da sua dona, e quando percebeu que Mari começou a chorar, se levantou e começou a lamber seu rosto.

– Ai Pandora, só você mesmo para me fazer sorrir numa situação dessas. Por favor, não me deixe cedo também ok? – disse Mariana abraçando uma Pandora intrigada e alegre por ter ganhado um carinho. – Sei que vovó e vovô vão cuidar bem da gente sabe? Eu só não queria dar mais trabalho para eles. É por isso que você vai ter que se comportar aqui viu mocinha!? Nada de destruir as coisas ok? – dizendo isso, Mari se levantou do chão e foi se deitar.

Logo quando acordou, demorou um pouco para assimilar que estava em uma casa diferente. Levantou-se, colocou uma roupa e foi para a cozinha tomar café da manhã. Seus avós já estavam á sua espera com uma Pandora mais animada ao lado. Seu avô disse:

– Bom dia. Como está a nossa netinha hoje? Um pouco melhor?

– Melhor, claro. Um dia após o outro. Ah, quero perguntar uma coisa para vocês... Agora que me mudei, em qual escola vou estudar? Tem alguma aqui perto, não tem? Afinal, a que eu estudava antes, fica um pouco longe para mim.

– Mari, estávamos conversando e achamos que você poderia estudar em casa, com professor particular, o que acha? Não tem uma escola aqui perto querida, e na que você estudava fica um pouco longe para seu avô te levar ou você ir de ônibus realmente.

Mariana sentiu seu mundo cair mais uma vez

– Mas vovó e vovô, eu perdi as pessoas que eu mais amava, tive que me mudar de casa e sair da escola, e agora vocês me pedem para estudar em casa? Assim eu vou desmoronar de vez.

– Mari, nos desculpe, mas é a única maneira. Nós sentimos muito mesmo, mas não podemos fazer nada a respeito. – disse vovó Flávia.

E foi assim que Mariana começou a retomar sua vida normalmente, ou o mais normal que ela poderia imaginar. Tudo estava diferente agora. Ela era uma pessoa diferente, e tentava ao máximo ser feliz com sua vida agora. Levantava cedo, tomava café e brincava com a Pandora. Depois estudava com a professora particular que seus avós contrataram. Ajudava vovó com o almoço e vovô com o trabalho, e nos fins de semana sua melhor amiga á visitava e elas passavam horas conversando. Pelo menos assim Mariana se distraia um pouco. E em uma dessas conversas, Gabriela lhe contou que já tinha gente morando na sua antiga casa. Entendeu o porquê de seus avós não terem contado nada, pois não queriam que ela sofresse mais. Não teve coragem para voltar a sua cidade e passar perto de sua antiga casa e de sua antiga vida. Ela achava que ia ser mais fácil depois de um tempo poder ir passear lá, mas só o pensamento de ver outras pessoas ocupando o espaço que já tinha pertencido a ela e a sua família á deixava enjoada.

Mas o que Mariana menos imaginava era que sua vida estava prestes a mudar de novo, e que isso seria a coisa mais maravilhosa que poderia acontecer com ela.