A Canção das Espadas

Capítulo Cinco

-Vou repetir de novo porque parece que você não me ouviu, o que você está fazendo aqui?-Edward diz.

Celena parece tão surpresa quanto eu, ela o encara assustada e confusa, pensando em que resposta dar, mas quanto a isso até eu tenho curiosidade, de onde ela veio?Porque me disse essas coisas!?

-Eu não estou aqui porque eu quis-Ela diz ríspida.

Ele a encara mais sério que antes,mas não é como um sentimento de ódio ou rancor... apenas de pena.

Eu tusso e saio de lá, o clima ficou pesado e seja lá o que eles querem conversar a minha presença não é bem vinda, pelo menos não na frente deles.

Corro para o quarto dos meus irmãos e fecho a porta, abro a janela deles bem devagar para não fazer barulho e fico escutando.

Não consigo vê-los da varanda mas pelo tom de voz baixa e cautelosa é um assunto restrito demais.

-O que quer dizer com isso?-Edward diz.

-Digamos que me mandaram para cá para que eu morra, mas com sorte reconheci o lugar, e aqui estou.-Celena diz.

-Quem fez isso com você!?

-Você sabe quem...-Sua voz sai triste.

-Que ousadia! Estamos falando da mesma pessoa!?-Edward se altera e parece profundamente traído.

-Infelizmente...

-Como isso aconteceu!?

-Você acha que eu entendo!?Estou aqui há um mês e ainda não entendo,Edward eu estou em pedaços...-Ela começa a chorar.

Alguém acendeu a luz da cozinha clareando o lugar, então vejo duas sombras se abraçando ,Edward consegue se transformar em humano!?Não estou entendendo mais nada.

-Você está grávida...-Edward diz.

Ela não responde, mas seu silêncio responde tudo...

-Eu preciso treiná-la ,faze-la forte para que ela não acabe sendo como eu...

Um vento forte atinge o quarto e não consigo ouvir mais nada,o que ela quer dizer com isso!?Depois de um tempo tudo o que eu consigo ouvir são as palavras doces de Edward para ela.

-Você sabe,eu sempre estarei ao seu lado...jovem Lady...

Tampo minha boca com as minhas mãos e dou um passo para trás, ele a ama, não tenho dúvida. Mas é um amor não correspondido, o que faz ser mais doloroso ainda.

Vou imediatamente para a cama, meu boné está na minha cabeceira, Callum deve ter deixado ele aqui, está sujo de sangue e lama,como foi que tudo isso acabou assim?

Fecho os olhos e acordo com barulhos vindo no andar de baixo,na cozinha.O Sol já está clareando todo o meu quarto,por quanto tempo eu dormi?

Me visto e desço as escadas, todos estão na cozinha menos David e Callum, devem estar dormindo ainda.

-Bom dia dormiu bem?-Liana diz.

-Claro.-Digo.

-Chegou em uma boa hora,estávamos discutindo sobre os corpos de ontem.-Kai diz frio.

-Descobriram alguma coisa?

-Ainda não,vamos partir hoje e passamos lá para investigar...

Olho em cima da mesa e vejo o jornal da semana, PARQUE BELO MONTE EM CHAMAS.

Kai nota meu olhar pensativo para o jornal.

-Várias coisas aconteceram naquele lugar,parecia uma distração para algo maior..-Kai diz.

-Já pararam pra pensar se o buraco não foi feito pelos monstros?-Liana diz.

Celena apenas observa atenta.

-Sabemos que o buraco foi cavado de baixo para cima, e era tão fundo que nem víamos o fundo dele...

-Eles podem ter começado a cavar desde a muralha...-Eu digo horrorizada.

-Impossível,a muralha tem metros a baixo da terra eles a teriam de quebrar..-Kai diz irritado.

-Não é impossível..são monstros...são mais fortes que nós...-Eu digo.

-Mas isso levaria dias...anos..-Kai diz.

-O Reino vem nos alertando a um bom tempo sobre a muralha, para não ficarmos próximos a ela, e se eles já souberem de algo que nós não sabemos?-Eu digo -E outra Belo Monte é uma cidade perto da muralha,fácil de ser rastreada há cheiro de humanos nela...

-Está me dizendo que eles são inteligentes a esse ponto?-Ele bufa.

-Por que não?Quanto tempo estamos aqui nessa jaula feita pelo reino?Eles nos conhecem há séculos não me surpreende eles de  de repente terem criado inteligência e cavado a terra até aqui, não só um mas vários e escolheram um lugar escuro para jantar suas vítimas. 

-O reino fez isso para nos proteger deles... -Ele diz se  aproximando de mim.

-Fala isso porque é um cão farejador deles,quanto ganha por isso?-Digo entre dentes.

-Eu não faço por dinheiro,faço porque gosto-Ele diz entre dentes se aproximando do meu rosto,sinto sua respiração por trás da bandana.

Liana nos separa.

-Parem com isso!Em vez de brigarem por que não pensam um pouco, Kai, Jennevieve está certa, tudo pode estar mudando só agora,no reino há algo assustando os pégasus  durante a noite, talvez sejam os monstros voadores batendo no escudo protetor.

-Que seja!-Ele diz irritado e saí da cozinha pisando forte.

Estressadinho.

**

Depois do almoço eles partem, Kai verifica suas coisas e Liana faz o mesmo.

-Tomem cuidado!-Eu digo.

-Sempre -Liana diz sorrindo e me dá um abraço.

Kai me olha e se aproxima, eu penso que ele irá  se desculpar, mas ele me cumprimenta e cochicha em meu ouvido:

-Eu sei quem você é, sei do que o seu sangue é capaz menina das sombras, você é igualzinha a ele.

Antes que eu proteste alguma coisa ele sai correndo para alcançar Liana.Eu dou um passo a frente mas Celena me segura pelo braço e me puxa para trás.

-Tem hora para tudo...Não acha mais divertido você investigar sozinha isso?-Ela diz com um sorriso irônico na cara.

-O que quer dizer?-digo franzindo a testa.

-Se quer saber de onde veio e de seus poderes,  e onde seus pais estão,eu sei como, mas isso vai ter um preço.

-Qual o preço?

-Se tornar um menino e competir na arena da capital.-Ela diz sombria.

Começo a achar que ela está brincando comigo, mas ela não muda de expressão momento algum.

-Começamos a treinar para a competição amanhã! -Ela se vira e volta pra casa.

Estou fervendo de raiva,nunca concordei com isso porque justo desse jeito!? Me tornar um menino MAS QUE MERDA É ESSA!?Ela disse algo sobre saber onde meus pais estão...então quer dizer que eles estão vivos!

Um alívio gigantesco percorre meu corpo pelo menos estão vivos,sim pelo menos isso.

Olho para o campo aberto e vejo Edward me encarando distraído, seu rabo está balançando ele está pensando em algo. 

Ajusto meu boné na cabeça e sinto algo estranho na minha mão, um pequeno pedaço de papel na palma da minha mão .

"Nos vemos na Capital qualquer dia desses."