Capítulo Oito

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Ela retira da mochila um bastão preto pequeno.

-Aqui está, a partir de hoje ele é seu.-Ela diz.

Eu o pego com as duas mãos com cuidado, eu pedi uma espada não um bastão sem graça...ele parece tão inofensivo, mas quando balanço ele para baixo ele se transforma em uma espada negra e bem afiada.

-Muito bem você tem 3 minutos para descobrir algumas coisas sobre ele, depois desse prazo, se esconda e faça o possível para eu não conseguir te achar, mas se eu te achar...corra o máximo que puder e se não conseguir fugir vai ter que lutar.

-Tudo bem.-Digo.

Olho para ele intrigada o que mais ele pode fazer? Vejo um pequeno botão no lugar onde seguro a espada, aperto ele e de repente a espada se transforma em uma arma...novamente e ela se torna em uma grande foice, novamente e tenho um arco e flechas dos quais as flechas são vermelhas, fico maravilhada com o que vejo , onde Celena teria arranjado isso?

Aperto novamente e um punho inglês surge cintilando, quantas coisas isso pode virar??Eu ficaria o dia todo apertando para ver o que o bastão viraria mas lembro que meu tempo está passando.

Olho para a floresta, meu único esconderijo , corro silenciosamente para o meio dela, mas não vou só com isso, pego algumas pedras pelo caminho e um pedaço de folhas sonoras, eu costumava brincar com elas de tocar músicas, você as dobra e as assopra, pode ser algum tipo de distração.

Observo qual árvore é a mais alta e começo a escalar, meu tempo já deve ter se esgotado, então começo a subir cada vez mais rápido, não para chegar no topo mas para me esconder em sua copa.

Fico em silêncio, apenas atenta a qualquer barulho, tudo está quieto, meia hora se passa e nenhum sinal de Celena, ela está fazendo isso de propósito? Começo a montar estratégias caso ela não apareça, meu cérebro começa a trabalhar sem parar até que eu finalmente tenho um plano.

Vou fazer com que ela me ache...e pegarei ela.

Enrolo a folha sonora e assopro, um barulho bem alto sai dela, onde quer que Celena esteja vai saber me localizar, espero em silêncio, escudo barulhos de galhos estalando lá em baixo ela me achou, bato meu pé e miro na outra copa da árvore, as sombras me consomem e quase perco o equilíbrio quando pouso na outra árvore, assopro a folha constantemente e continuo me tele transportando, escuto ela me acompanhar lá em baixo, mas logo ela estará aqui em cima. 

Escuto finalmente barulhos nas copas atrás de mim, ela subiu.

Meu plano vai entrar em ação.

-Que calor!!-Tiro minha blusa preta de capuz rapidamente e a lanço pra trás, eu a escuto gritar, ela não esperava por isso, olho rapidamente para trás, ela perdeu a velocidade, está a duas árvores atrás de mim, começo a jogar pedras para trás, escudo elas se debaterem nas árvores e caírem no chão, quanto de distância será que ela  está agora?

Olho pra trás novamente, ela está a quatro árvores atrás e subiu um pouco mais nas copas, olho para frente e observo a floresta chegando ao fim, tenho pouco tempo para pensar no que fazer.

Diminuo um pouco o passo para ela me alcançar, só mais um pouco.

Vejo o fim da floresta, um, dois, três finjo que pisei em falso e caio mas viro rapidamente para trás apoiando as mãos agora no galho que cai.

Me balanço com tudo para trás na direção dela, eu a vejo pular do seu galho e vir em minha direção, de repente tudo acontece em câmera lenta ,eu voo para cima e ela voa para baixo, aperto o botão e o bastão se transforma em uma espada.

 Ela pega sua espada branca, começamos a lutar, nossas espadas colidem uma com a outra fazendo um barulho mais alto que o outro, começo a cair junto com ela ,mas continuamos lutando, quando percebo que há um galho no andar de baixo vindo em minha direção eu concentro o meu poder e ao tocá-lo mergulho nas sombras, aparecendo atrás dela que ainda despenca, eu a chuto para baixo como se fosse uma boneca de pano, ela vacila mas assim como eu, ela rela em um dos galhos e some nas sombras, aterriso no chão e sinto minha perna fraquejar, meus músculos ardem e tento correr para o campo aberto, continuo alerta mesmo com a dor desgastante, droga acho que desloquei algo.

Ela então surge atrás de mim, eu viro pra trás não tão rápido como deveria e desfiro o golpe, nossas espadas se cruzam e minhas mãos começam a tremer, meus nervos não estão acostumados com isso.

Ficamos nos encarando esperando quem vai terminar com isso logo, como ninguém reage ela me dá uma rasteira justo na perna latejando, eu grito de dor, e caio de cabeça na grama.

 Tento me sentar mas minhas pernas não deixam, então eu pego um punhado de terra e jogo em seus olhos, ela cambaleia para trás esfregando os olhos desesperada, eu a observo atenta, ela deixou sua espada cair, eu a pego e me apoio nela para me levantar.

Pego minha espada e miro em seu peito, eu venci.

Me enganei, ela me atraiu para a sua armadilha.
Com um sorriso sombrio ela dá um passo para trás.

 As sombras das árvores no chão duplicam de tamanho me cercando como um ratinho perdido, elas tiram a espada dela da minha mão, e se enrolam em volta do meu corpo, não consigo me mexer, elas me levantam no ar como se eu fosse um papel, e  me sufocam, minha visão fica turva e já não consigo visualizar mais nada direito.

 A escuridão das sombras me consome, mas não sei se é a minha ou a dela.

 Quero sair daqui! Grito em minha mente, tudo em mim clama por ajuda, até que sinto algo em meu pescoço, uma picada uma dor progressiva que se transforma em uma dor insuportável, parecida com a que eu tive no sonho com Celena, a dor vai aumentando cada vez mais até que eu apago por completo...

**

Tenho sonhos de Celena me carregando desesperada até o portal, um homem de cabelos negros e olhos cor de sangue me pega em seu colo e me olha desesperado... 

Meus avós me colocam na minha cama, escuto eles conversando com alguém e tudo fica escuro de novo...

Sinto algo descendo em minha garganta, é pastoso e quente...a dor na lateral do meu pescoço começa de novo...me agarro aos lençóis da cama e grito com toda minha força....

Todos os dias  sinto algo quente descer em minha garganta... Sinto alguém fazendo carinho nos meus cabelos... Sinto alguém me beijando ternamente na testa e segurando minhas mãos.

Quando a dor volta algo a impede, fazendo com que eu volte a dormir novamente, sinto como se estivesse sendo topada, mas não são remédios, sinto sentimentos entrando dentro de mim e são tristes e preocupados.

A Canção das EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora