Capítulo 2

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Henri

Papai vai trabalhar hoje? — Sorrio do esforço que ele faz para falar corretamente.

— Hoje não príncipe, o papai vai ficar só com você.

— Vídeo game? — O sorriso que vejo pelo retrovisor me faz sorrir.

— Sim, vou ganhar todas.

Assim que saímos do hospital levei Biel para cortar o cabelo, agora estamos indo para casa, mas percebi de uns minutos para cá que ele está inquieto na sua cadeirinha e isso me preocupa.

— Filho está sentindo alguma coisa?

Não papai. — Ele responde, mas não tenho tanta certeza assim.

— Gabriel?

Tá, você venceu, cadê a minha mamãe?

Aperto o volante frustrado, voltamos a fase de perguntar pela mãe. Minha vontade é dizer a verdade, que ela o abandonou, mas ao mesmo tempo não posso fazer com que meu filho se sinta mais rejeitado.

— Já conversamos sobre isso filho.

Sempre a mesma história. — Resmunga cruzando os braços me fazendo sorrir.

— Filho a única coisa que eu posso te garantir é que na hora certa você vai saber toda a verdade.

Pomete papai. — O modo dengoso está de volta.

— Claro que sim, vamos mudar de assunto?

Só mais uma coisinha? — Pergunta com uma carinha sapeca e eu sei que lá vem chumbo grosso.

— Diga príncipe.

Um dia você me dá uma mamãe nova? — Sorrio.

— Quem sabe meu filho!

Gostei disso.

Com um sorriso Gabriel fechou os olhos e ficou quietinho, respirando bem devagar como Lauren já ensinou enquanto eu dirigia pedindo a Deus para aparecer uma oportunidade melhor. Assim que chegamos meu filho foi recebido com festa pela minha mãe. Fico observando os dois conversando enquanto sonho em ver meu filho sendo um garotinho normal para sua idade.

— Os remédios dele acabaram. — Minha mãe chama minha atenção assim que Gabriel entra.

— Lauren deixou mais amostras.

— Vamos entrar. — Sorrio ao ver que meu filho já sentou no seu cantinho para assistir seu desenho favorito.

— Não podemos mais adiar a cirurgia. — Esfrego meu rosto nervoso.

— Precisamos dar um jeito, ele está com mais de três anos, era para essa cirurgia ter sido feita antes do primeiro ano de vida do meu neto.

— O que eu posso fazer? — Tento não surtar. — Trabalho noite e dia, mas nunca dá. O que tenho no banco não chega a metade. — Minha mãe coloca a cabeça entre as mãos e chora. — Me desculpe. — Suspiro indo na sua direção.

— Só espero que me perdoe um dia filho.

— A senhora ultimamente está estranha, é sobre meu pai. — Seus olhos mostram o quanto esse assunto a deixa triste.

Mas sempre recebo o silêncio como resposta.

— Só me responde uma coisa, meu pai sabe da minha existência?

— Não. — Seu tom de voz sai baixo.

Vovó, o bolo. — Gabriel grita enquanto fico observando minha mãe.

Apenas Um Olhar (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora