queime christine, o carro assassino

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QUINZE DIAS ANTES DE ELIZE PRESCOTT NÃO MORRER

Então você não dá a mínima? É isso?

É. Era exatamente aquilo. Mas Scott J. Adams não podia retrucar uma de suas características respostas venenosas do jeito que queria porque, se fizesse aquilo, ele estaria ferrado pelo resto do ano.

Decidiu um meio termo:

— Eu ligo, mas nem tanto. É bem compreensível, na verdade.

Talvez tarde demais, a professora parada à sua frente percebeu que Scott realmente não dava a mínima para a redação sobre violência que deveria estar escrevendo. Muito pelo contrário, ele havia usado o papel da atividade para fazer a lista de bebidas que deveria comprar para a festa que estava marcada para o final de semana.

— Mas que droga! Vocês podem calar a boca?

Scott riu diante do susto que a professora Lucy tomou com o grito estridente da garota sentada no balcão às suas costas. Então temeu pela advertência que ela iria tomar quando Lucy arrumou os óculos no rosto e se aproximou da mesa de Elize Prescott, os saltos estalando no chão de madeira da sala de retenção do Colégio Westwood.

Estava quente o suficiente para que Scott sentisse dor de cabeça, mas não tanto para deixar Elize de bom humor. Ela amava o sol, era um fato. Se não amasse, então suas pernas não seriam tão bronzeadas, nem seus cabelos ruivos teriam pontas levemente queimadas pelo excesso de exposição solar.

— Por que você insiste em me provocar até que eu aumente o seu castigo para mais dois dias de retenção após às aulas? — perguntou Lucy a ela.

O salto vermelho emoldurando o pé direito de Elize estava cuidadosamente posto sobre a bancada com os livros dela, deixando parte de sua coxa exposta. Scott mordeu o lábio inferior com aquela imagem tentadora. Era claro que Prescott estava fazendo de propósito: tudo o que vinha dela tinha um quê diabólico por trás. A questão era: por quê?

Qual a necessidade de fazer aquilo?

Estavam ali porque Elize deliberadamente odiava Scott. Tanto que derrubou uma caixa de ferramentas e objetos cortantes em cima do carro dele, quebrando o vidro e arranhando a pintura quando, não satisfeita com o estrago, pegou um martelo e terminou o trabalho ela mesma.

Então, se ela não pretendia transar com ele (e ainda destruía o seu carro), por que o provocava?

— Porque eu quero – Elize sorriu para a professora. — Ou você não percebeu que tudo o que eu faço é simplesmente porque eu quero?

Scott J. Adams sorriu, escondendo o rosto para que ela não tivesse o prazer de saber que, no fundo, ele a adorava.

Lucy também sorriu, esperta:

— Então quer estar no castigo? — cruzou os braços.

Elize Prescott abriu um largo sorriso, iluminando o seu rosto com o rosa de seu batom. Então seu pé direito foi para o chão delicadamente, dramaticamente, e ela se levantou com a bolsa vermelha já encaixada no ombro.

— Na verdade, não quero — olhou para Scott, que continuava de costas. — Já consegui tudo o que eu vim buscar daqui.

Com uma piscada esperta e um desfilar que quase fez Scott levantar e correr atrás dela, Elize saiu. Simples assim. E a pobre da professora Lucy não conseguiu impedir, nem mesmo tentar.

Queime Tudo (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora