A Noite Devorou O Mundo

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Heiko acorda.

O dia começara ligeiramente lento.

Ele acorda com um sentimento de desconforto. Passa alguns momentos na sua cama, imerso em pensamentos.

Heiko sonhou com um parque, porém, ele não se lembrara bem.

Ele tinha um olhar deslocado. Talvez tentara lembrar de seu esquecido sonho.

Ouve-se um estalo, um armário aberto. Roupas sendo retiradas. Heiko estava vestido.

Suas vestimentas eram claramente desleixadas, mas Heiko não importava-se com tais questões. Afinal, quem iria reparar nele?

Ao olhar para a cidade que o encarava e envolvia, pôde ver o céu claro e límpido, mas sem vida.

Heiko desce as escadas à cozinha. Abre a geladeira, e, no instante que tocou na caixa de leite, notou que estava mais quente que o de costume. O apartamento estava sem energia. De novo.

Terminou seu comeu um pedaço de bolo de rolo e foi para o elevador, que se encontrava inutilizado pela falta de energia. Não conseguiu deixar escapar a careta ao realizar que teria que descer os vinte e quatro lances de escadas.

Heiko achava o arquiteto daquele prédio muito estranho. Este ser fez esse projeto cheio de inconsistências e mal-planejamento, o pínico do absurdo arquitetônico. A garagem era um belo exemplo para estupefação: era feita de pedregulhos. Também havia o fato das as escadas que davam para o elevador de serviço. O que significava que todos que realizassem algum tipo de mudança ou compra de móveis, teria que carrega-los por enquanto que subia escadas.

O prédio parecia ser obsoleto. Inútil.

Heiko começou a descer a escadaria.

Cada degrau podia ser sentido por Heiko, cada um parecia uma força que o puxava ao chão.

Cada passo.

Degrau após degrau o sentimento aumentou, parecia um enorme fardo em suas costas. Era algo ensurdecedor. Nunca parava. Cada passo. Cada passo aumentava sua dor e fardo. Até que antes do último degrau, Heiko sentiu-se enforcado. Algo agarrava sua garganta.

Após o que pareceu uma eternidade, ele deu um passo à frente.

Ele finalmente conseguia respirar novamente.

Levantando o rosto, a primeira visão de Heiko era o saguão do prédio, era razoavelmente pequeno com algumas cadeiras, nada demais. Heiko percebe que o céu fechou-se rapidamente.

Uma brisa fria passava pela porta do saguão. Heiko anda até a porta, fecha seus olhos e sente o vento gelado passando por seu corpo. Os céus dando claros sinais de que uma tempestade estava pronta para cair na cidade.

Não encontrava-se uma única pessoa, mesmo na portaria.

Heiko acaba pulando o muro do prédio, do outro lado e percebe como a rua está vazia. Aparentava como se não houvesse uma alma viva na rua inteira. Algo inquietava Heiko, mas ele não compreendia muito bem o que era.

Rua após rua, todas apenas com o barulho do vento. O céu continuara com seu aspecto nublado, até estava mais cinza do que antes.

Histórias Fantásticas De Um Jovem DepravadoOnde histórias criam vida. Descubra agora