Me levanto para mais um dia, um dia de trabalho como qualquer outro. Pelo menos é o que eu tento dizer a mim mesma.
Preciso parar de pensar em tudo o que aconteceu comigo, passado é passado. Siga em frente, é o que ele está fazendo. Contenho um grito desesperado, por quê?
Mal consigo me olhar no espelho, mal consigo fixar o olhar em qualquer parte da minha casa sem lembrar de tudo o que vivemos, e de como ele saiu de casa sem olhar para trás.
Tomo o banho no automático e vou ao colégio, coloco um sorriso nos lábios e encaro meus pequenos alunos. Retomo a rotina clichê da minha vida e começo minha aula que por sorte fora planejada antes do termino nada agradável do meu noivado.
Olhei instintivamente para minhas mãos, eu ainda usava a aliança para evitar perguntas invasivas sobre um assunto que eu claramente não estava pronta para falar.
Ainda no piloto automático eu voltei para casa, preparei um chá para combinar com o meu humor depressivo. Ligo a TV e a coloco no mudo e presto atenção nas imagens aleatórias que passam, mudo de canal assim que vejo alguém feliz. É exigir demais do meu emocional abalado, concluo.
Não é como se nunca tivéssemos terminado antes, então por que eu sentia como se tivesse enterrado minha vida? Talvez seja porque eu o tenha pedido para nunca mais voltar, talvez seja porque eu tenha sido orgulhosa demais e idiota demais para achar que eu não precisava dele para viver, mas eu precisava.
Decido arrumar meu quarto, quem sabe eu não encontro algo novo, algo que talvez ele tenha deixado por aqui. Talvez uma oportunidade de o ver outra vez, mas tudo o que encontro é a carta que escrevemos juntos.
Aquele pequeno pedaço de papel velho que continha desejos que nunca seriam realizados, coisas dolorosas para mim. Sem querer me pego lembrando do dia e porra, eu não deveria. Ele disse que se lembraria desse dia para sempre, mas por algum motivo para mim era mais difícil. Afinal, ele se foi...
Eu não estou bem, nada bem e não era idiota ao ponto de não conseguir admitir.
~¤~
Idiota, mil vezes idiota era tudo o que eu conseguia pensar enquanto dirigia de volta para casa depois de um dia cheio.
Talvez eu esteja tão irritado assim por que no fundo eu sei bem que ela não vai estar em casa me esperando, que eu não a verei e isso dói.
Entro em casa tentado a ligar para ela, tentado a implorar para que esqueça essas últimas noites de nossas vidas. Mas o orgulho me impede.
Tomo um banho quando a vontade de beber me invade, maldita. Por que eu não consigo tirar seus olhos da cabeça.
Será que é porque no fundo eu sei que ela está sofrendo como eu, e isso não devia me confortar como me conforta. Eu não deveria me sentir melhor por não ser o único nessa situação.
Mas se eu me sentia assim, eu deveria ser capaz de ter um bocado de paz de espírito. Decidi olhar o WhatsApp dela, será que ela ainda estaria online? A essa hora?
E ela estava, conversando com quem? Me levantei da cama furioso, mas sentei novamente quando lembrei que ela não me devia mais explicações. Eu não conseguia imagina-la com outra pessoa, eu não conseguia e talvez nunca conseguisse.
Ela é minha, mesmo sendo possessiva sobre com quem eu falo ou faço amizades. Agora que ela está longe eu vejo que a possessividade é preferível à indiferença. E não é como se eu também não fosse.
Escrevi mil vezes o boa noite que eu queria mandar, mas eu não consegui enviar. Que merda! Porque somos tão comp2licados assim?
A conversa maluca do Ben veio na minha cabeça, quando ele me disse que nós éramos abusivos e que nossa relação não era saudável, que não era saudável depender tanto assim um do outro.
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Fine
Romance"Era só uma foto, uma curtida em uma foto legal..." Quanto ciume uma relação frágil consegue aguentar? Quão mal uma curtida em uma foto poderia fazer a um relacionamento passional? [...] "Coloco um sorriso no rosto e olho para a aliança que ainda...