Como uma verdadeira admiradora de festa infantil, eu lamento internamente quando todos os convidados começam a se despedir e partir, indicando o fim da comemoração. As crianças, principalmente Vitor, também parecem não gostar do término; suas expressões demonstram insatisfação. A minha não deve estar diferente.
— Você podia pedir pra sua mãe deixar a festa continuar mais um pouquinho. — faço beicinho.
— Seu comportamento está pior que o meu em relação ao fim da festa. — Vitor ergue suas sobrancelhas. Bebeca ri ao meu lado.
— A tia não deixaria, está tarde. — diz a garotinha.
Desfaço minha expressão.
— Só não queria ter que voltar para casa agora. Gosto de festas infantis.
— Claro, para capturar todos os doces da mesa. — os olhinhos do pequeno descem para os bolsos dianteiros da minha calça.
— Tenho meus direitos como convidada, sabia?
— As crianças têm mais do que os cavalões feito você e os gêmeos. — rebate.
Finjo indignação.
— Não liga, Li. Ele fica chato quando está com sono, e essa é a hora que o bebê vai pra cama.
— É o certo! As pessoas devem dormir oito horas por dia, e caso eu tenha que acordar sempre às seis da manhã, às dez é a hora exata para dormir. Além de fazer bem para a sua saúde, te faz ter uma ótima noite de sono. Tente uma única vez e verá que não aparecerá na escola com cara de quem caiu da cama pela manhã. — tagarela seriamente, intercalando seu olhar entre eu e Rebeca.
— Eu não vou com cara de quem caiu da cama. — a menina discorda.
— Você se olha no espelho antes de sair?
— Mas é claro! — ela leva as mãos à cintura.
— Não parece. — rebate ironicamente.
Reviro os olhos com o pequeno bate-boca. Rebeca, insatisfeita com a implicância, abre a boca para dizer algo, mas decido interromper:
— Tudo bem, crianças, realmente é hora de dormir. É um ato tão maravilhoso e que faz bem à saúde que acho que vou fazer isso assim que chegar em casa. — digo gesticulando.
— Eu também preciso ir. Vovó deve estar cansada, ela não é muito acostumada a sair de casa. — Beca diz, levando os braços para trás do corpo. Ela começa a deslizar lentamente um dos pés pelo chão, parecendo envergonhada. — A gente bem que podia sair juntas, não é, Li? Gostei de te conhecer.
Sorrio.
— Liz vai me levar pra sair um dia pra comprar meu presente... pode ir se quiser. — Vitor toma a frente.
— Isso. Mas infelizmente vamos ter que esperar um pouquinho. Assim que eu receber meu primeiro salário eu marco com vocês um dia para passearmos, que tal? — questiono feliz com a ideia.
— Gostei.
— Ficarei ansiosa. — a menina se joga nos meus braços, e por eu estar abaixada fica mais fácil que ela consiga envolver meu pescoço. Logo o abraço cessa. — Até algum dia, então.
— Até, pequena.
— Tchau, cabeção. — se vira para Vitor.
— Tchau, cabeçona.
Ela corre os poucos passos que nos separam de sua avó.
— Ela parece mesmo ter gostado de você. — ele comenta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)
Novela JuvenilLiz e Mathias Collins têm o típico relacionamento de irmãos: se irritam mas se amam; e, para Liz sempre foi e sempre será assim. Mas tomar uma decisão que julga ser a certa, resulta em um atrito nesse relacionamento. "Um Amor Fraterno" conta a histó...