Tudo o que você quiser

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  Parecia que a terra ia rachar devido ao sol e calor que faziam naquela manhã, isto não favorecia em nada sua pele extremamente branca e delicada; ele caminhava por uma estrada com pouco movimento, mas sabia exatamente qual era o destino da maioria que andava por ali; eram jovens e usavam a mesma farda; tinham o mesmo destino que ele: a Escola Karanese.

  Estava animado, pois apesar de ser meio de ano, era seu primeiro dia na escola que sempre quis estudar, mas nunca teve oportunidade, pois seu pai, Irwin Smith, diretor desta mesma escola, nunca havia permitido. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas quatro anos, e seu pai não sabia como lidar com ele; não que Irwin fosse um pai ruim, Armin jamais diria algo assim, mas entendia que o pai não conseguiria dar a ele uma boa educação e trabalhar para lhe dar tudo que era necessário; então, o mais velho decidiu que o loirinho deveria estudar em um internato na Espanha. Armin passava todas as férias em casa com o pai e participava das festas em Karanese, por isso achava que tudo era especial por lá, cada espaço tinha o toque de Irwin, aquela escola deteve mais a atenção de seu genitor do que ele, isso fazia com que quisesse ter mais contato com o colégio. O jovem loiro passou sua infância e parte da adolescência no Colégio Interno Stohess, na Espanha; agora estava com dezesseis anos e não queria terminar os estudos sem passar pelo menos um ano com o pessoal de Karanese; então decidiu que o certo seria vir logo e usou de sua abundante inteligência para convencer o pai; muitos argumentos foram usados, e dentre eles o que foi seu trufo final: “- Pai, como o senhor pode indicar e convencer outros pais de que sua escola é a melhor se não confia que seu próprio filho possa estudar nela?” Isso desconcertou o Smith mais velho e convenceu-o rapidamente, espalhando pela escola a notícia de que Armin chegaria da Espanha e que iria terminar o ano estudando em Karanese e estudaria o próximo lá também. O loirinho fez vários testes para provar que se adaptava ao currículo de matérias da escola a qual seu pai dedicou tantos anos; o jovem passou em todos com excelência e notas máximas, assim como sempre foi no Colégio Interno.

  Aquele burburinho pela escola estava deixando outro alguém completamente atrapalhado e irritado, “Não sei pra que tanto estardalhaço para receber aquele loirinho filho de papai; toda vez que vem aqui na escola fica sorrindo feito idiota, é pior que o Eren nisso, e pior é que fica me encarando como se houvesse algo errado na minha cara; talvez pense que é melhor que eu por morar na Espanha, é mesmo um idiota” Pensava um jovem alto que já se encontrava dentro da sala, ouvindo seus colegas falarem ininterruptamente do loirinho novato.

  Jean era um jovem frio como gelo, sem vontade nem força para encontrar algum sentido em sua vida vazia e sem cores, a única coisa que o animava era ver sua mãe feliz e estar perto de seu amigo de infância e vizinho. Ele não gostava de estudar; ia pra escola porque era parcialmente obrigado pela mãe e também não queria decepcioná-la, pois ela trabalhava dia e noite para pagar o colégio do filho que não se interessava por nada em especial, mas se esforçava para frequentar as aulas mesmo sem se importar em ter boas notas. “Se eu vier à escola ela já vai ficar feliz, isso basta pra mim”. O rapaz gostava de ver a mãe sorrir, isso o deixava tranquilo, mas ficava irritado e triste ao ver a mesma chegar à casa cansada e quase sempre estava doente; Jean se culpava com isso, as vezes se sentia inútil, mas a progenitora nunca permitira que ele trabalhasse para ajudar nas despesas, visto que seu pai tinha anos de falecido e ele ainda era de menor; ela preferia que o filho desse prioridade aos estudos e nem imaginava que pra Jean, aquilo não importava em nada. O jovem sempre discutia, brigava e descontava suas frustrações em seu amigo e vizinho, Eren Jaeger; à sua maneira, eles se entendiam e eram muito amigos desde crianças; Eren até ajudava Jean a extravasar a raiva, mas nunca foi bom em conselhos. “Aquele ali não consegue nem agarrar o idiota do Levi, muito pior dar conselhos sobre nada; é tão lerdo que não percebe que devia ir até o clube de lutas, com certeza encontraria o baixinho lá se tudo que quer é uma oportunidade pra admirar aquela cara de velha rabugenta que o nanico tem.” Pensava Jean, rindo internamente. O amigo de olhos verdes é apaixonado por um cara que Jean não gostava, pois sempre levava um ar superior, e o mais alto não gostava de pessoas assim, achava que todos eram iguais e quando alguém se comportava como se fosse melhor que ele, recebia apenas sua raiva e desprezo como resposta.

Cristais de Gelo • JearminOnde histórias criam vida. Descubra agora