Capítulo 8

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O caminho de volta para casa foi silencioso.

De um lado havia esta Hailee que desejara como louca esconder sua cabeça num buraco e de lá jamais sair. Do outro havia este Niall que não conseguira parar de repetir em sua mente, seguidas vezes, o momento em que ouvira as palavras que não esperava ouvir – não naquele instante.

Foi como se tivessem entrado num submundo. Nada estava sendo como em algum momento haviam imaginado desde que esperavam por qualquer reação, com exceção daquela reação em especial, afinal, os últimos meses não teriam sido suficientes para terem tamanha certeza, teriam?

Novamente, de um lado havia esta Hailee que não conseguira entender como chegara a formular aquelas palavras que para ela jamais foram ditas em vão – decerto sempre lhe custa muita certeza formulá-las com convicção. Do outro lado, por fim, havia este Niall que não se recordara de qual fora a última vez que um alguém lhe dissera tais palavras sem lhe magoar o coração – e talvez seja por essa razão que teme dizer as palavras em voz alta, e até mesmo, ouvi-las.

Então o caminho de volta para casa foi silencioso.

Mas, antes de ser silencioso, o rapaz tentou compreender o que a moça lhe dissera. A distância que tomara desta a fim de olhá-la melhor pareceu deixá-la constrangida. Era como se esta não pudesse encara-lo por mais de cinco segundos. E cinco segundos, para ele, era quase muito – ao menos naquelas circunstâncias.

- Espere. Acho que não devo ter escutado muito bem?

- Esquece. Está muito tarde. Sinto-me exausta. Podemos ir?

- Hailee, não – Pediu ele, ela olhando qualquer ponto ao longe que não fosse seu rosto, o olhar dele em principal, que suplicava por atenção. – Você não pode dizer que quer ir embora. Não agora!

- Você não quer ir? Não se sente exausto? – Riu seca, olhou para os próprios pés à medida que sentia suas orelhas, suas bochechas, todo seu rosto queimar como o inferno. A ideia de encará-lo soava tão errada.

- Me sinto confuso. Olhe para mim. Por favor.

Hailee sentiu que o olhar de Niall pesava ainda mais sobre ela. Por conta disso, tomou uma respiração, lidou com o rubor que marcava seu semblante, e o encarou. Então, no mesmo segundo, decidiu que era uma péssima ideia desde que encontrou no olhar dele um brilho diferente – emanava esperança.

- Você não pode fugir do que acabou de dizer.

- Eu não deveria ter dito, na verdade. Perdão.

- Hailee?

- Sim. É isso. Perdão! Não vai acontecer novamente.

- Você tem certeza?

- Sim, eu tenho certeza.

Mas a moça estava mentindo; ela não tinha certeza. E por não ter certeza, preferiu usar sua melhor saída, fingir, fugir, do que simplesmente ir por um caminho que não lhe dava segurança. Diferente do rapaz que não soube lidar com o caminho que ela escolhera; que não conseguira compreender nada do que precisava. Então, tudo o que puderam ter foi o silêncio.

E continuaram em silêncio, quando chegaram a casa, quando Niall sentiu que não deveria incomodar Hailee com perguntas: era como se não quisesse tirá-la de sua zona segura, onde parecia estar bem, por ora.

Niall desejou respeitá-la, por mais que em sua mente estivesse acontecendo explosões de duvidas por todos os lados. Foi o momento em que também reviveu instantes ao lado dela, desde quando tiveram a chance de conversarem por primeira vez, até o momento em que esteve sozinho em sua companhia por primeira vez também, como um encontro. Ele, é claro, não pôde deixar de sentir o arrepio que lhe atingiu à espinha quando revivera os muitos sorrisos dados por ela, as muitas risadas que chegaram a lhe roubar o ar. Ele não pôde deixar, em principal, de reviver o instante em que a beijou pela primeira vez.

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2018 ⏰

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