Capítulo 7

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  Há um momento na vida de todos nós em que queremos fugir do mundo em que vivemos, e que conhecemos tão bem que começa a nos sufocar.
Quando chega a noite, e chega a hora de dormir, eu me sinto bem, porque por algumas horas, eu vou simplesmente esquecer do mundo, e dos meus problemas, e saber disso me deixa um tanto aliviada.
Mas, contudo, o sol se levantaria de novo, e eu teria que enfrentar tudo novamente.
Ontem eu estava observando pela janela do carro as gotas da chuva que escorriam. Algumas rápido,outras nem tanto, parecia uma corrida, mas cada uma com o seu determinado tempo, sem forçar o seu próprio ritmo.
Meu pai dava voltas nos quarteirões para achar uma vaga, enquanto eu colocava minha bochecha contra o vidro frio do carro,e um fone de ouvido.
Eu queria ficar ali para sempre, senti uma paz interior, era como se meus problemas estivessem fora daquele carro, era como se meus pensamentos tivessem parado de jogar contra mim mesmo.
Mas o carro parou, e eu saí de dentro dele, e tudo voltou, inclusive a guerra dos meus pensamentos. Quando entrei no shopping vi muitas pessoas que pareciam estarem felizes, umas conversando com as outras, outras só estavam ali pra se esconder da chuva. E eu! Que não fazia ideia do que estava fazendo ali, meu pai queria me tirar um pouco de casa, desde que cheguei na cidade nova nunca saí pra me divertir.
Mas oque o faz pensar que me forçar a sair de casa me faria bem?!
Oque o faz pensar que eu ficaria bem no meio de tantas pessoas, sendo que estou fazendo de tudo pra manter o máximo de distância?!
Meu pai caminhava na frente, e eu acompanhava, tentando manter o mesmo ritmo dos seus passos largos e ágeis. Oque faria ele para ser tão confiante?!
Enquanto caminhava, avistei um grupo de meninas rindo e fofocando, provavelmente dos próximos meninos que queriam "pegar". Eu sempre detestei falar sobre isso com minhas amigas, mas... por um momento eu queria ser uma daquelas garotas e falar coisas de adolescentes, e saber fazer uma maquiagem bonita e chamativa pra me mostrar para as pessoas como sendo uma pessoa bem sociável.
Eu nunca gostei de me mostrar para os meninos, e nem pra ninguém. O pior é que a maioria das minhas amizades são com meninos, e isso irrita muitas meninas da minha escola. Sabe, eu não me mostro pra eles, mas eles me notam, e as outras se mostram até demais, e eles quase não dão moral, e isso as deixa furiosas.
O meu passeio com meu pai acabou rápido, logo ele percebeu que não adiantava nada me forçar a fazer algo que eu não queira, isso me deixou feliz por ele ter percebido isso, mas me deixou triste por ele não me perguntar nada sobre oque se passa na minha vida, é claro que provavelmente não diria nada, mas me deixaria bem sabendo que ele se importa.

  E vocês leitores, já sentiram vontade de ser outra pessoa?!


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