nervous

viollet

Com dedos trêmulos e cada centímetro de meu corpo se contorcendo em nervosismo, toquei a campainha da casa do esverdeado.

Um longo e belo jardim fazia parte da decoração do imóvel pintado em branco, com janelas tingidas em um marrom rústico e o verde das plantas como peças chaves da decoração simplista.

Folhagens subiam por suas paredes, fazendo contraste com as rosas que cresciam rente a si, enquanto o sol da meia tarde às iluminava com devoção.

A porta fora aberta, relevando um esverdeado com um sorriso estonteante nos lábios assim que seus olhos esmeraldinos se encontraram com os meus.

O rosto já estava sujo de tinta, assim como a blusa listrada de mangas longas que vestia e o macacão amarelo curto, deixando a mostra suas pernas brancas como leite.

O motivo de estar ali naquela tarde seria o mais improvável de todos, ou pelo visto, era o que pensava: Midoriya cursava artes e hoje eu seria sua fonte de inspiração.

Havia o conhecido a algumas semanas, durante o evento de boas vindas da escola no meio de uma das tentativas de Bakugo finalmente chegar em Kirishima, - o ruivo que lhe tirava a sanidade desde que havia dado as caras na escola.

Eu havia ficado encarregado de "me livrar" do esverdeado para que ambos ficassem sozinhos, já que os amigos do ruivo não largavam de seu pé, porém, o que menos esperava era que eu não conseguisse me livrar da imagem daquele sorriso, dos olhos verdes e da boca carnuda.

Havia passado a noite com Midoriya a mostrar-me seus desenhos e pinturas, e eu estava apaixonado por seu trabalho.

O amor que ele nutria por suas obras de certa forma me tranquilizava, porém, o fato de que estaria sem um pedaço de pano sequer a me cobrir enquanto eu seria o modelo para seu desenho fazia com que minhas pernas tremessem.

- Você chegou, finalmente. - Midoriya disse, eufórico, largando o pote de tinta que tinha em mãos no chão da entrada de sua casa, logo abrindo o portão principal, e então correu para meus braços. - Já estava ficando preocupado.

- Tive problemas na escola, precisei sair mais tarde e acabei pegando um congestionamento no trânsito. - Disse, e repentinamente o esverdeado selou meus lábios, me deixando desnorteado, como se dissesse um amistoso e singelo "estava com saudades". - Não consegui avisar, meu celular está sem bateria. Desculpe.

- Não se preocupe Shoto. - Midoriya sorriu, entrelaçando seus dedos nos meus, me levando para dentro de sua casa. - Está com fome?

- Não obrigado, consegui comer no caminho. - Disse pegando o pote de tinta azul que havia deixado na entrada e assim que adentrei em sua casa pude notar cada centímetro seu naquela decoração.

As paredes eram repletas de vasos de flores e folhagens, os móveis eram quase todos feitos de bamboo e haviam várias fotografias espalhadas pela casa.

O aroma que adentrara minhas narinas era cítrico, porém ainda um pouco adocicado, fazendo minhas papilas gustativas se agitarem.

- Minha mãe vai passar o dia todo na casa do namorado insuportável dela. Então, nesta tarde, você é todo meu e dos meus pincéis Todoroki Shoto. - Me encarou sorrindo enquanto me arrastava para as escadas que davam acesso ao segundo andar.

- Está me deixando nervoso. - Sussurrei observando o esverdeado gargalhar e abrir a última porta do corredor.

- Eu não vou devorar você ou coisa do tipo. - Midoriya disse, me puxando para dentro do cômodo, - que pelo visto era sua oficina de arte.

Todos os quadros que havia apenas visto por fotos estavam ali, perfeitamente emoldurados nas paredes pintadas em verde claro e novamente as plantas estavam presentes, como se fizessem parte de cada centímetro daquela casa.