O Fio Vermelho do Destino • jjk + pjm

[1] invisível

Invisível (adj.)

Quando você não dá bom dia pro seu porteiro. É esbarrar e não pedir desculpa. É se sentir esquecido. É fazer duvidar da própria existência. É quando você cumprimenta seu vizinho e não recebe resposta. É como se sente o vendedor de amendoim do bar. É não ser abraçado faz mais de um ano. É como se sente quem mais precisa ser visto.

Não há vantagem em ser invisível. Só solidão.

  ⁎⁺˳✧༚༄  

Akai Ito ou Fio Vermelho do Destino, é uma lenda de origem chinesa e, de acordo com o mito, os deuses amarram uma corda vermelha invisível, no momento do nascimento, nos mindinhos das pessoas que estão predestinadas a serem almas gêmeas. Deste modo, aconteça o que acontecer, passe o tempo que passar, essas duas pessoas que estiverem interligadas fatalmente irão se encontrar! Acredita-se que quanto mais longo for o fio, mais longe e tristes as pessoas destinadas estão. Quanto mais curto for o fio, mais perto e mais felizes as pessoas destinadas estão. De acordo com a crença, não importa quantos relacionamentos tenhamos, pois só viveremos a "experiência do verdadeiro amor" com a pessoa que estiver na outra ponta do Fio Vermelho.

De acordo com a história, o Fio Vermelho é invisível para os olhos humanos.

Quando eu era pequeno, realmente não entendia o porquê de todos terem uma fitinha vermelha amarrada ao dedo. Lembro-me de perguntar diversas vezes a minha mãe por que ela nunca desamarrava aquele nó do mindinho, mas sempre era ignorado (como a maioria das crianças que fazem perguntas sem sentido). Todos os dias, eu via o pequeno fio se esticar quando o meu pai saía para o trabalho e a minha mãe ficava em casa, e como ele voltava a encurtar quando meu pai retornava. Os meus coleguinhas da escola também tinham pequenos nozinhos amarrados a seus dedos, formando um emaranhado de fios na sala de aula. Alguns eram curtinhos, e se ligavam a outra pessoa no cômodo, a maioria eram mais longos, às vezes saindo pela porta. Não havia uma só pessoa que não tivesse o fiozinho amarrado ao dedo mindinho. Mas não importa aonde fosse, em casa ou na escola, todos agiam como se aquele monte de fios vermelhos não estivesse ali. Cresci vendo cordas esticarem, embolarem e até mesmo darem nós umas nas outras, mas nunca havia visto uma se partir.

Com o passar do tempo eu comecei a pesquisar sobre o assunto, já que me tratavam como louco toda vez que eu o mencionava. Não foi difícil achar lendas e mitos sobre um tal "fio do destino", mas nada realmente concreto, que provasse que o que eu via eram realmente fios que ligavam os destinos das pessoas. Eu nem sabia se acreditava em destino. Também não sabia se acreditava nessa história de "amor verdadeiro" e "alma gêmea". Sim, já vi várias pessoas "destinadas" se encontrarem e serem felizes, meus próprios pais são um exemplo disso. Mas também já vi casais cujos fios não se ligavam, casais que pareciam felizes juntos. E eu não podia deixar de pensar nas pessoas que nunca encontram aquela que estão na outra ponta do fio. O que acontece com elas?

Talvez toda essa descrença seja apenas medo. Afinal, todas as pessoas que já conheci possuíam um fio vermelho enlaçado ao mindinho, exceto uma.

Eu não podia ver fio algum amarrado ao meu próprio dedo.

Mesmo pesquisando muito, eu nunca achei nenhum relato de alguém que enxergasse os fios. Talvez existissem outros, mas não havia nada registrado. Eu procurei por incontáveis livros e sites na internet, mas não encontrei alguém que conseguisse ver o que eu vejo. Depois de muito tempo, desisti de procurar. Eu provavelmente nunca encontraria, já que essa pessoa seria chamada de louca se ela expusesse o que vê para o público. Eu nunca expus, fora as inúmeras perguntas que eu fazia quando era mais novo. Quando eu descobri que as outras pessoas realmente não enxergavam tudo aquilo, eu parei de mencionar o assunto. Minha família esqueceu das minhas "loucuras de criança" e nunca me perguntou nada. Há somente uma pessoa que sabe – ou pelo menos desconfia – que tem algo de "errado" comigo, mas não sabe exatamente o que é. Taehyung foi meu primeiro amigo e o único colega que não me achava maluco quando éramos crianças. Nos conhecemos no primário e somos amigos desde então. Ele sempre esteve do meu lado, então era meio difícil esconder certas coisas. Apesar disso, Taehyung nunca me questionou. Ele entende que é uma coisa minha e que eu vou compartilhar quando estiver pronto, afinal, todos temos nossos segredos, inclusive ele.