˗ˏˋᴘʀᴏᴍɪsᴇ . .

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Eu estava cansado de tudo. Família, amigos, faculdade... e de mim mesmo; dos pensamentos que eu não tinha mais controle.

Sabe, é péssimo ver que você está morrendo, que o seu corpo não é mais como antes, e que uma doença tomou conta de ti.

Depressão. Horas de sono, sem fome alguma, tristeza e crises de choro. Ah... e o vazio. É uma das piores coisas; ver que quase nada faz diferença; o que te deixava feliz não deixa mais, e a vida se transforma em apenas algo que você não queria ter, uma obrigação que não deseja carregar.

Dói muito.

O vazio que eu sentia naquela tarde me fez explodir em lágrimas e em cansaço. Um pensamento não saía da minha cabeça desde que havia descoberto a doença; eu era um peso. Minha família se preocupava por eu viver sozinho, depressivo em outra cidade. Meus amigos não estavam mais comigo pois eu mesmo quis os poupar de todo esse trabalho, evitar preocupação, então me afastei. Viver sozinho parecia mais fácil, menos saudade quando eu partisse. E também tinha ele, meu namorado.

O que mais me deixava angustiado, naquela tarde em que tudo parecia cinza, era ser um desgaste para a pessoa que eu mais amava no mundo todo. Youngho era quem me mostrava o sentido de viver, cada vez que ele sorria, e eu não conseguir fazer isso por ele me matava por dentro.

"Eu não o mereço, nunca vou merecer"
Repetia em meio a lágrimas, descarregando todo o peso de ser insignificante. Meu coração se encontrava acelerado, mãos suavam e a respiração rápida demais... eu estava surtando.

Vazio mais uma vez.

Youngho me preenchia com sorrisos, com sua voz doce e o melhor carinho do mundo... mas eu não conseguia sentir isso distante dele. Domingos são terríveis, deus...

Sentir-se dependente e substituível era rotinha em todas as crises de choro. Sentir-se intocável, incapaz de ser tocado por algo que não fosse a tristeza.

Meu quarto parecia imenso naquele momento, e eu minúsculo. Desaparecendo aos poucos...

Até que alguém bate na porta.

Esconder com o cobertor o meu corpo magro vestindo apenas uma calça de moletom, parecia a melhor opção.

Eu estava horrível, me vi no espelho enquanto as batidas na porta continuavam.

Amor, sou eu. Abre a porta...

Era ele. Tudo o que eu precisava, tudo o que eu evitava...

Meu coração dizia para abrir a porta, mas meu cérebro afirmava que não.

A saudade de o ver, por ter fugido durante uma semana, estava gritando. Chorei mais ainda, encostado na porta.

Eu queria tanto abrir, o tocar....

Tae... você esta aí, eu sinto seu perfume. Abre a porta pra mim? Eu preciso te ver...

Havia doçura nas suas palavras. O meu coração se quebrou...

Abri a porta e senti o vento frio daquela tarde, senti o cheiro do seu shampoo de menta, senti a saudade que tinhas de mim ao olhar para os seus olhos, para o seu sorriso...

Eu o amava tanto e ainda amo, depois de anos que isso aconteceu.

Lembro como se fosse hoje; Youngho estava todo de moletom, como eu, o cabelo molhado... havia acabado de tomar banho provavelmente.

"E eu estou um lixo", pensei.

Fiquei com tanta saudade de você. Porque fez isso comigo? Tae... eu- eu sei o que você está passando, queria estar do teu lado para ajudar. Por favor, não se afaste mais de mim... — disse calmo, indo me abraçar em seguida.

Não me toque... — dei um passo para trás.

Sabe, Youngho, você pareceu não acreditar quando me afastei, meu coração se quebrou em mais um pedacinho.

Eu estou podre, eu não mereço ser tocado por você... eu não mereço você.

— Taeil, por favor...

Nós dois estávamos chorando em silêncio, tudo estava pintado em preto e branco.

Eu só queria morrer e te poupar de tudo isso...

Você me abraçou no mesmo instante, como se sua vida dependesse daquilo, e de certa forma, sabendo que a minha dependia...

Meu coração se encheu de amor.

A respiração cansada e presa nos pulmões tomou lugar do silêncio. Você me pegou no colo e afagou meus cabelos, sussurrando "Calma" como se eu fosse uma criança assustada.

Seo Youngho estava me salvando naquele momento, como fez muitas outras vezes...

Me levou até a cama, tirou seu moletom cinza, junto com o tênis, ficando apenas de calça e sentou-se à minha frente.

Nós dois estávamos quase iguais.

Você emagreceu tanto em uma semana. Olheiras escuras e profundas...

Encolhi-me.

Sabe, — Youngho se aproximou — eu ainda vejo o meu pequeno Taeil, escondido embaixo dessa tristeza. Eu sinto seu perfume de flores, seu gosto doce... — tocou meu pescoço com delicadeza, ficando de joelhos na cama, fez cafuné em seguida.

Olhou em meus olhos com amor, aproximando nossos rostos... e beijou minha testa. Fechei os olhos, suspirando devagar, e quase automaticamente, pus minhas mãos em suas costas, arranhando de leve.

Eu não sabia que você conseguiria me resgatar de volta tão facilmente...

Eu te amo tanto. Eu...

Você me beijou antes que eu pudesse completar a frase, Youngho. Segurou minha cintura fina e levou para perto do seu corpo. Me abraçou com todo seu carinho.

Eu me preenchi durante o beijo, senti o coração voltando a bater rápido por algo bom, e esse "algo" era o teu toque.
O teu cheiro, as tuas mãos quentes e grandes na minha pele, a tua boca com gosto de cereja, e o cabelo deslizando nas minhas mãos....

Eu precisava de ti para me ajudar a viver, Youngho.

Você promete seguir em frente comigo? Me amar até tudo acabar naturalmente, quando o Universo quiser? — perguntou com a testa junto a minha, fazendo um beijinho de esquimó se realizar, com sua respiração quente. — promete fazer ser infinito?

Era tudo o que eu mais queria, mesmo sendo difícil.

— Eu prometo. — uma lágrima escorreu, e a chuva calma começou lá fora.

Naquela noite, dormir em seus braços enquanto você contornava as pintas das minhas costas, foi melhor que um remédio; foi o meu carinho favorito; foi delicado. Acordar de madrugada com um trovão e te ter ao meu lado, foi se sentir protegido; salvo. Sorrir às nove da manhã por despertar mais cedo e te observar dormir foi como estar apaixonado pela primeira vez.

E dizer "Eu prometo" foi querer ser tocado pelo teu amor infinitamente,

até o vazio em mim transbordar você . . .
Para sempre.

infinitely ➝ joh.nilOnde histórias criam vida. Descubra agora