Capítulo Onze.

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O trem estava em movimento, entre o canal da Mancha. O café estava aberto, servindo ao passageiros, enquanto Garota de Ipanema tocava no ambiente. 

Na classe econômica, Liam Payne estava adormecido, encostado na janela e de fones. Zayn estava sentado na sua frente, aconchegado na poltrona, olhando o diário rasgado de Charles Payne. Retalhado com raiva, algumas páginas se salvavam.

Muitas das palavras de Charles era sobre sua adolescência e sua vida em Paris. Brigas com o pai, descrições dos lugares que viajou e várias poesias. Deixando de lado, ele foi para as coisas do avô, onde por fim, ao pegar algumas cartas sem envelope, um papel dobrado caiu.

Zayn desdobrou o papel e encontrou um desenho de Charles. Assinado por Jamil, no canto da folha, datado de 1956, Charles estava adormecido, com um chapéu escorregando de seus cabelos pintados com o grafite do lápis.

Por um momento, Zayn o achou parecido com Liam. A forma do rosto e da barba, principalmente.

Pelo visto, o talento para desenho era hereditário.

Liam era encantador. E Charles também deveria ter sido.

Motivado por aquele desenho, Zayn guardou as coisas dentro da bolsa, e então, pegou seu moleskine. Com a caneta nanquim que ele guardava no bolso da camisa, começou a desenhar Liam Payne adormecido. 

Zayn nunca se sentiu tão apaixonado. Não só por Liam, mas pelo momento. Após tantas tristezas, a tragédia de ficar de cadeira de rodas por meses, a rejeição de seu pai e a perda de alguns amigos, o fizeram apenas focar em seu avô e no trabalho. Por agora, ele estava ali, rumo á Paris, contando com a sorte, dinheiro e Liam.

Ele contornou o rosto dele e ficou cantarolando uma velha canção francesa. 

Quando estavam por fim, saindo do túnel, Liam acordou. Bocejando, ele não percebeu que Zayn estava escondendo o caderno dentro da bolsa rapidamente, ficando corado.

— Estamos chegando?

— Falta meia hora — Zayn pegou seu suco na mesa — Dormiu bem?

— Maravilhosamente. Está bem? Você está vermelho.

— É só a excitação da viagem.

— É claro — Liam se arrumou — Então... 

— Então...

— Porque não conversamos um pouco?

— Você gosta da sua profissão? — Zayn perguntou, tentando desvair. Liam sorriu.

— Dar aulas de defesa pessoal não é um sonho, mas paga as contas — Liam mexeu os dedos — Ganho bem, não tenho do que reclamar. Só do Louis dormindo na mesa dele quase o dia todo.

— Qual seu sonho? Do que você queria trabalhar?

Liam se encostou na mesa. Olhando para os olhos de Zayn, ele suspirou.

— Eu queria ser dono do meu próprio negócio.

Zayn arqueou as sobrancelhas.

— Sério?

— Sim. 

— Um bar?

— Seria demais, não? — Liam se aproximou — Ter clientes, música e coração. Dedicar a isso. Seria uma vontade que tenho, mas pouco se cumprir. Desde que Charles enviuvou-se, dedico muito tempo á ele.

— Digo o mesmo de Jamil.

O trem ainda continuou andando.

— Zayn, você já amou alguém?

Alabama Song (HISTÓRIA OFICIAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora