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7 meses depois.

Cecília

— Alô?? — atendo ainda meio sonolenta.

— Bom dia pra você também. — sussurra uma voz familiar do outro lado da linha.

— Que? Quem tá falando?

— É a Camila, Ceci. — responde em meio a risadas.

Ah, oi Cami. Que horas são? E porque a minha cabeça não para de doer?

— Cê não se lembra da noite passada?

— Ãh? — e no mesmo instante flashes passeiam pela minha mente revelando onde eu estive. — Ah não....

Sim Cecília, sim.

Fiz muita merda?? — pergunto já levando minhas mãos a cabeça.

Levando em consideração que você sumiu por 3 horas e quando fui te procurar te encontrei em cima do balcão do Bar Man cantando com uma garrafa de vodka na mão e flertando com umas 5 pessoas diferentes inclusive com o próprio Bar Man..... Bom tire suas próprias conclusões Cecília. — responde ela, não contendo a gargalhada.

O quê?! Bar Man?!?!? Me diz que foi só um flerte idiota e que eu não fiquei com ele e nem nada do tipo, por favor!!! — pergunto torcendo pra que a Camila me responda que realmente foi só um flerte idiota.

Então amiga...

— CAMILA!!!! COMO VOCÊ ME DEIXOU FAZER ISSO??!?!? — pergunto em tom de desespero.

— HAHAHAHAHAHA relaxa, tô brincando. Eu cheguei bem na hora e tirei você daquela zona toda. Mandei um "O que tu tá fazendo com a minha namorada?!?" e o tal do Bar Man saiu com o rabo entre as pernas.

— HAHAHAHAHAHAHAHAHA meu deus desculpa Cami, se não fosse você, essas horas já tava recebendo ligação do bendito pra "tomar um chopp" qualquer dia desses. Credo. Exagerei demais ontem mesmo.

— Realmente, pra você chegar ao ponto de flertar com um HOMEM, Cecília você tem noção do quão LOUCA cê tava?

— Eu sei, eu sei, eu bebi demais. — respondo rindo.

Um momento de silêncio se faz na ligação.

— Cecília. — Camila enfatiza com um tom mais severo no telefone.

Oi?

Eu e você sabemos que não foi só a bebida alcoólica.

— Qual é Cami? — respondo rindo novamente.

Eu não tô brincando Cecília.

— E eu também não. Eu já disse. Exagerei, bebi alguns goles a mais e só. Foi mal, ok?!

— Eu tô falando sério. Eu sei que você tá usando alguma coisa e você vai ter que me contar o quê é. Porque isso não é de hoje. Toda vez que a gente sai é a mesma coisa. Você perde o controle, fica fora de si... — responde ela quando é interrompida.

— ...Camila você tá exagerando.
Pela primeira vez em meses eu estou me sentindo feliz de verdade. Eu tô curtindo a minha vida! — respondo irritada.

Cecília... Você sabe que não precisa disso...

— EU TÔ BEM!! Não precisa se preocupar Camila, eu não sou mais uma criança!!! — respondo alterada.

— Tem certeza disso!? Porque você tá agindo como uma!!! — ela rebate irritada.

Chega, tá bom?! CHEGA. Não vou ficar aqui ouvindo essas merdas de você.

— Cecília me escuta... Não é assim que você vai curar uma dor, ela não vai desaparecer, ela vai se camuflar e depois vai voltar, mil vezes pior.
Cê sabe...

— Tchau Camila. — desligo o telefone
com raiva.

Cecília

Eu sei...

Ela tá certa.
Voltei a usar anfetamina.
Mas não queria lidar com isso agora.
Nesses últimos meses eu tenho me sentido mais leve, livre.
Eu tô bem.
Trocando o dia pela noite, pulando de cama em cama, provando dos mais variados beijos.
Tô bebendo o triplo do que eu costumava a beber.
E já me acostumei com o cheiro de nicotina nos fios do meu cabelo.
Voltei a fumar.

Enfim depois de muito tempo, eu tô finalmente seguindo em frente.
Preciso seguir em frente.

Dói Sem TantoOnde histórias criam vida. Descubra agora