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SeokJin

Todos aqueles que me olhavam com repulsa tinham, no mínimo, um pouco de razão.

Eu não era um assassino, nunca matei ninguém e matar pessoas não era a minha função.

Em todos os meus anos na Hope, um nome bastante irônico para a gangue da qual fazia parte, eu nunca precisei usar a arma que me foi entregue. Eu nunca precisei ferir alguém. Ninguém conseguia me alcançar e eu posso dizer que não eram todos os membros da Hope que tinham toda essa segurança. Eu era como o braço direito de Hoseok, o líder, e todos os meus interesses e ações visavam conseguir algo para ele.

Como por exemplo cursar a faculdade de medicina. Eu não precisava daquilo. Apenas o escolhi porque médicos que trabalhavam com a máfia estavam em falta e alguém precisava cuidar dos feridos.

O líder, assim como as outras pessoas que conheci, dizem que sou uma pessoa fria. Calculista. Talvez houvesse um pouco de verdade naquilo.
Quero dizer, para estar onde eu estava você precisa ser frio e não se importar nem um pouco com as consequências.

Mas talvez minha frieza assustasse as pessoas normais e as fizesse me encarar daquela forma. Eu encarava aquele corpo morto como se fosse qualquer coisa monótona e cansativa e parecia bem decidido a fazer o que eu precisava, que era prestar atenção a explicação do professor.

Anatomia humana era fascinante, eu e todas as pessoas, exceto por aquelas que faziam medicina para agradar a família, concordávamos com aquilo. Mas talvez eu tivesse uma opinião mais... peculiar a respeito da morte.

Eu nunca feri ninguém, mas isso não quer dizer que nunca tenha visto corpos. As pessoas que não honravam suas dívidas para com Hoseok eram, em sua maioria, os corpos que já vi espalhados pelo chão do escritório ou qualquer lugar mais vago da casa de Hoseok.

— Coloquem as luvas — o professor ordenou, desviando a atenção dos alunos de mim para o corpo pálido e magro ao nosso centro.
Começou então a falar sobre o assunto da aula, que realmente começara. Então foi interrompido pela voz de uma garota entrando na sala, colocando a máscara.

— Desculpe o atraso.

O professor suspirou pesadamente e fez um gesto para que ela entrasse.

— Sou a aluna nova — ela contou animada. — Meu nome é Jung Sun.

Alguns cumprimentaram-na e outros, assim como eu, ignoraram-na. O professor disse:

— Seja bem vinda.

E retomou o assunto.

Jung Sun pegou um par de luvas na mesa e colocou-as, espremendo-se entre mim e uma outra aluna.

— Oi — ela disse me olhando. — Sou...

— Sun. Eu sei. Não sou nenhum surdo.

A garota baixou os ombros e desfez o gracioso sorriso que parecia exibir para mim por trás da máscara.

Ficamos todo o tempo em silêncio depois daquilo.

[...]

Estava andando pelo estacionamento, indo em direção ao meu carro quando o celular tocou. Franzi a testa ao ler o nome do contato. Não era apenas antipatia, era também curiosidade.

— Alô?

— J.? — a voz do outro lado do telefone chamou por mim em tom desagradável.

— É claro. O que você quer, YoonGi?

— Hoseok precisa de você. Disse que você sabe o que é mas precisa ser mais rápido com isso.

— Tudo bem. Estou saindo da faculdade. Vou direto para a delegacia.

— Direi a ele.

Finalizei a chamada e guardei o celular no bolso. Aquilo não estava nos meus planos.

— Hey, colega! — ouvi uma voz gritar e me virei.

Jung Sun, aquela garota alegre e estranha corria em minha direção.

— O que você quer?

— Você deixou o caderno na sala — ela disse ofegante, tirando a mochila das costas.

Franzi a testa e mordi o lábio inferior, observando a garota pegar o caderno na mochila.

— Tome — ela ergueu as mãos e eu peguei.

Dei as costas e voltei a andar.

— Qual o seu nome? — ela perguntou, fazendo com que eu parasse e revirasse os olhos antes de responder:

— SeokJin.

—  Está tendo um dia ruim, SeokJin?

Voltei a olhar para ela.

— Não.

— Então você é sempre tão sério?

— Sim, eu sou. E também sou o tipo de pessoa que gosta de ficar sozinho sem garotas alegres para me perturbar. Vá tomar seu rumo e me deixe em paz, hum?

Cheguei até o carro, finalmente. Ao dirigir, notei Sun continuar no mesmo lugar, meio paralisada.

Eu não me importei. Apenas dirigi até a delegacia, pronto para fazer o meu serviço.

...

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⏰ Última atualização: Nov 11, 2018 ⏰

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