Capítulo 1

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Eu não queria abrir meus olhos, estava com uma enxaqueca insuportável e a única coisa que eu queria agora era silêncio e ficar na cama, mas parece que meu irmão colocou o som do quarto dele praticamente no último volume propositalmente, e eu tive que levantar me arrastando da cama até a porta do meu quarto. Sai do quarto e bati na porta do quarto dele com força, sinceramente duvidava de que ele ia ouvir qualquer coisa do lado de fora do quarto com esse barulho, eu quase não ouvia direito os meus pensamentos. Ele abre a porta com seu sorriso cínico de sempre, o encaro:
— Abaixa o volume, por favor, estou com uma enxaqueca insuportável e não sou obrigada a ficar ouvindo isso. — digo tentando falar mais alto do que essa música de mau gosto.
— O problema não é meu se você bebeu até encher a cara — disse sorrindo de lado, beber nunca foi meu forte, mas minhas amigas queriam que eu me divertisse então fizeram uma festa das garotas, talvez eu tivesse bebido mais do que eu devia. — Mas, para a minha irmãzinha, acho que eu posso tirar a música.
— O que você quer Vincent? — pergunto erguendo a minha sobrancelha, sabia muito bem como ele era, por isso sei que ele pioria o volume só para eu fazer o que ele queria, às vezes eu duvidava muito do caráter dele e da "nossa" mãe.
— Oh, porque acha que eu quero algo? — pergunta maliciosamente, não somos irmãos de verdade, mas fomos criados juntos e meu pai mais "nossa" mãe gosta que nos referimos assim, mas por mim, eu não fazeria isso. Vince se aproxima mais de mim, olho para ele e engulo em seco, eu não me sinto mais bem perto dele agora é como se ele fosse o monstro dos meus pesadelos de criança.
— Fala logo o que você quer. — digo sussurrando, olho para a porta do quarto dos meus pais.
— Está com medo de mim? — ele ri, sinto meu corpo arrepiar. — Passa o número da sua amiga Susye.
— Não posso.
— E por que não?
— P-porque... ela, hm.. — gaguejo, tenho um motivo específico para não querer passar o número de uma das minhas amigas para ele, eu sinto que ele é perigoso e tem um jeito cruel dentro dos seus olhos, não quero que ele se aproxime delas com a minha ajuda.
— Tentando achar uma desculpa para não me dar o número da sua amiga? — Diz, ele levanta a sua mão e acaricia os meus cabelos, depois o meu rosto. — Irmãzinhas deveriam ajudar os irmãos, não acha Ivy?
Alguém começa a subir as escadas, Vince distancia um pouco de mim enquanto meu pai aparece e me olha por um tempo, depois olha para Vince.
— Não vão ir tomar o café? — meu pai pergunta.
— Já íamos descer agora, Ivy estava me falando a maneira certa de chamar a Susye para sair — Vince sorri de lado para mim. — Acho que encontrei a garota certa dessa vez, não acha Ivy?
— Que bom, Ivy você é uma boa irmã, ajuda esse garoto — meu pai diz sorrindo — Já passou da hora de acabar esse lado de bad boy do Vince, e Susye é uma boa garota.
Olho para Vince, depois para o meu pai e entro no meu quarto batendo a porta, sei que essa minha atitude foi estranha, mas eu não podia deixar isso acontecer. Talvez você esteja com ciúmes Ivy, penso, você sempre achou Vince atraente e por isso você deve estar com esses pensamentos sem algum sentido real. Mordo o meu lábio inferior, olho para a minha porta, escuto as vozes do meu pai e do Vince, depois os passos na escada, é melhor eu ir tomar um banho, talvez essa seja a melhor forma de tirar essas ideias da cabeça. Abro a porta do guarda-roupa e procuro uma roupa para vestir, pego uma calça jeans levi's e uma camiseta, abro a gaveta de peças íntimas e pego uma calcinha e um sutiã, entro no banheiro do meu quarto. Tiro meu pijama e coloco no canto do banheiro, só preciso de um bom banho para tirar o cansaço do meu corpo e a lembrança do sonho estranho que tive na noite passada, ligo o chuveiro e sinto a água morna cair sobre o meu corpo. Fecho os meus olhos, passo as mãos sobre meus cabelos começo a tirar a oleosidade que estava nele, levanto o meu rosto na direção do chuveiro a água começa a escorrer pelo meu rosto. Pego o sabonete começo a passar pelo meu corpo, depois me enxaguo, desligo o chuveiro e saio do banheiro me enrolando na toalha.

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Minha mãe, Chystina, se senta na minha frente, sorri de lado, depois abri os lábios para dizer algo, mas os fecha, reviro os olhos. Eu sei que estou parecendo uma ingrata com ela e meu pai já conversou comigo sobre isso, mas não tem como eu fingir que ela é realmente a minha mãe, se ela mesma já me disse isso uma vez.
— Ivy, eu gostaria muito que você e eu tenhamos uma relação melhor — diz, ela faz uma curta pausa — está chegando o meu aniversário de casamento com seu pai, e eu quero muito que a festa que estou planejando dê certo.
— Relação melhor do que essa? — pergunto a olhando — Não fale como se eu que aprontasse aqui, e eu não vou estragar algo que deixa meu pai feliz, e mesmo que não o deixasse, não é atrapalhando que eu resolvo os meus problemas.
— Não foi isso que eu quis dizer, querida — me olha, estende sua mão para tocar na minha — Eu só quero que dê tudo certo na festa, já conversei com o Vincent e ele me prometeu que não vai fazer nada para atrapalhar.
— Sei — talvez eu esteja realmente muito errada por tratar ela assim, mas ainda assim eu não consigo entender e confiar nela como eu fazia quando criança. — Eu vou sair, comprar um outro caderno para a aula de história, amanhã tem aula não quero faltar por conta de um caderno.
— Quer que eu te leve?
— Não precisa, antes vou passar na casa da Rachel, ela vai comigo - digo, me levanto da poltrona, pego a minha bolsa ando até à porta, me viro antes de sair. — Tchau, Chystina.
Saio da casa, Rachel mora a duas quadras da minha casa, enquanto caminho na direção da casa de Rachel fico pensando na conversa que tive com a Chystina, estou sendo realmente muito grossa com ela ultimamente. Meu pai e as minhas amigas acham que nisso eu estou sendo a cruel, porque Chystina é uma boa mãe e boa mulher, ama todos, faz o café da manhã antes de sair, é divertida, e eu sou a mau humorada. Eu sei que acreditar em sonhos é bobeira, mas neles eu vejo ela como realmente é, ou como quero ver como ela é, uma pessoa ruim, que vira algo estranho e medonho. Talvez seja fantasia da minha cabeça, e ela realmente é uma boa mulher, e meu irmão não é o ser terrível da minha cabeça, mas só um garoto de dezessete anos que apronta muito. Escuto uma buzina me assustando, estava no meio da rua com um carro parado esperando que eu atravessasse logo, atravesso, enquanto o homem do carro volta a ir para o seu caminho ele me xinga, acabo rindo.
— Desculpa — grito para ele antes do carro sumir.
Viro a esquina da rua Fênix, Rachel morava em um apartamento com sua mãe no norte da capital da minha cidade, Cynthos, agora ela mora aqui. Chego perto da campainha e toco, o somzinho da campainha ecoa na minha cabeça "Você está aqui", escuto uma voz viro para olhar quem falou, mas não vejo ninguém, a porta abre, me viro e vejo a mãe da Rachel, Sra.Dulky.
— Oi, a Rachel está Sra.Dulky? — pergunto.
— Oi, querida. — sorri — Quantas vezes vou ter que pedir para não me chamar de senhora? Me sinto como se fosse velha. — brinca, sorrio. — Ela está sim, entre querida.
— Obrigada. — digo entrando na casa.
— Rachel já está descendo, só vou tirar um bolo do forno — diz animada.
— Está bem, vou esperar aqui. — digo me sentando no sofá, Sra.Dulky sai da sala e vai para a cozinha, as paredes da sala tem um tom um pouco mais escuro do que normalmente as salas costumam ter, tem um quadro na parede de frente para mim, eu não tinha notado ele antes, me levanto para olhar o quadro melhor. É uma mão segurando algum tipo de colar com um pingente estranho, o pingente é em formato de uma mão, mas parece que é uma imagem ilusória porque dentro da mão do pingente tem um..
— Esse quadro é realmente lindo, não é? — escuto a voz da minha melhor amiga, e percebo que estava passando minha mão pelo quadro.
— Ele é sim — digo me afastando do quadro — Mas a pintura é um pouco diferente das que sua mãe tem.
— Também acho — sorri, ela termina de descer as escadas e vem até mim, ela me abraça. — Que saudade.
— Saudade Rachel? — pergunto e rio. — A gente passou ontem o dia todo juntas, achei que você ia dizer que estava enjoada.
— Não posso mais ficar com saudades da minha melhor amiga? — diz fazendo bico.
— Claro que pode. — digo.
— Queridas venham comer um pedaço de bolo antes de sair — Sra.Dulky disse da cozinha.
— Já vamos mãe — Rachel responde sua mãe. — Eu tenho que conversar com você, viu? — Rachel sussurra no meu ouvido.
— Ah.. — digo sorrindo indo para a cozinha com a Rachel.

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Compramos o caderno, mas eu não preciso dele realmente só tinha dito aquilo porque eu não queria ficar conversando com a Chystina, Rachel ficou falando na minha cabeça por causa disso. Depois de ter ido em algumas lojas do shopping, experimentando roupas que não íamos comprar fomos a uma cafetaria comer donut's. As garçonetes daqui já conhecia a gente, então nem precisávamos pedir o cardápio, Rachel sempre pedia donut's e refrigerante de coca, e eu variava as vezes entre donut's e sanduíches de presunto e queijo. Sentamos na mesma mesa de sempre, de frente para a janela, Rachel está falando e eu estou olhando para o lado de fora do vidro, vejo uma sinueta familiar com cabelos loiros escuros, ele se vira e olha na minha direção abaixo a cabeça.
— Que foi, Ivy? — Rachel pergunta.
— É o Vincent — sussurro — Lembra que eu te disse da situação estranha que aconteceu hoje de manhã? Acho que ele ainda quer o número da Susye. — digo.
— Então passa para ele. — diz dando de ombros.
— Não posso.
— E por quê não? Está com ciúmes dele? — pergunta sorrindo.
— Não, mas é que..
— Se você não passar eu passo, para de ser assim com ele — disse — Já que você não gosta dele você não tem o direito de proibir que alguém goste dele, não acha?
Não respondo, até porque ele aparece na nossa mesa, sorri para a Rachel e a cumprimenta, depois me dá um simples "oi". Ok, isso afetou.
— Então irmãzinha, consegui o número da Susye, quero te agradecer por ter uma amiga linda. — pisca para mim, aquilo era provocação?
— Legal, ela é linda mesmo — digo, olho para a Rachel, ela estava quase rindo, e de mim, que boa melhor amiga eu fui arrumar.
— Bem, tchau Rachel foi bom ver você de novo — se despede dela e sai da cafetaria sem despedir de mim.
— Sempre soube o mau educado que ele era. — digo mordendo o meu sanduíche.
— Estou vendo que tem alguém com ciúmes — começa a brincar comigo.
— Não sei do que você está falando, mas ele tinha que ser mais educado, não sai assim de um lugar dessa forma.
— Aham, sei.
— Ele é só um irmão imbecil que meu pai arranjou para eu ter.
— Tá, acredito.
— Para com essa ironia mau fingida.
Ela começa a rir e eu também rio, então começamos a falar sobre a escola, disse que estava na aula extra de artes, como sempre ela ficou dizendo como o professor era gato, mas que estava realmente apaixonada pelo Alec, o capitão do time da escola. Queria ver quanto tempo duraria a paixão dela por ele, o último durou uma semana e meia.

A iniciação - livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora