Capítulo I: Um vulto na escuridão

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Nas madrugadas frias das ruas de Londres encontram-se diversas personalidades, pessoas que escondem as suas verdadeiras intenções. O que mais se pode esperar de um evento traumático, além da mudança? Aqueles que deturpam o seu próprio devaneio estão fadados a não aceitar o destino. Um assassino pode ser quem menos esperamos, pode estar onde menos se imagina, tudo começa num amontoado de vozes.

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Dentro da colossal mansão da família Thompson, o dia começara como sempre.
- Emily, já são 8:00 horas! Vá acordar a vovó. - disse Agatha Thompson, terceira filha de Mrs. Alice Millie Thompson.
- Todo dia essa mesma coisa, - murmurou Emily. - será que a velha não consegue mesmo usar um despertador, mamãe?
- Você sabe bem a resposta, mocinha. Adiante-se, já está quase na hora do remédio.
Emily como resposta levantou-se demonstrando insatisfação, e subiu as escadas em direção ao quarto de sua avó.
Violet a filha mais nova de Masel riu discretamente da situação.
- E você, Violet? - perguntou Agatha com rigidez. - Prepare o remédio de sua avó.
- Ah, é verdade! - continuou com um riso no rosto - O rotineiro remédio da vovó.
- Por que tanta alegria? - perguntou Agatha curiosamente.
- Lembrei-me das férias de verão, titia.
Violet abriu a gaveta do luxuoso porta remédios revestido de acácia e pegou um comprimido.
Agatha perguntou um pouco irritada:
- Onde estão aqueles três paspalhos?
Dylan apareceu repentinamente quase assustando sua tia Agatha.
- O papai já está vindo com a mamãe! - disse Dylan
- Seu pai e seus tios sabem que a mamãe tem essa cisma de nos ver logo pela manhã. - murmurou Agatha.
Sebastian Thompson, filho mais velho de Mrs. Alice, desceu as escadas acompanhado de sua esposa Clara Lexi.
-Não seja tão ranzinza, minha linda irmã! - disse Sebastian.
Agatha o olhou por um segundo e abaixou a cabeça. Enquanto isso, Tyler, o filho mais velho de Agatha chegou acompanhado do motorista da família, totalmente embriagado.
- Oh, meu Deus! O que aconteceu? - perguntou Agatha com muita preocupação.
Antes mesmo do motorista responder Tyler o empurrou, deu três passos, desequilibrou-se e caiu desacordado. Todos na sala ficaram perplexos.
Sebastian tentou acalmar a situação:
- Por favor, mantenham a calma! Eu o acompanharei até o quarto, isso é coisa de jovem, não dê tanta importância, Agatha.
- Maldita seja aquela empresa! - disse Agatha aos prantos. - Está roubando meu filho de mim.
Sebastian apoiou Tyler em seu ombro, levando-o cuidadosamente até seu quarto.
Ele deitou seu sobrinho na cama e o cobriu amavelmente.
- Bom garoto! - disse Sebastian.
- O tio Masel vai... - Tyler adormeceu antes de concluir a frase.
Sebastian recolheu o casaco de Tyler que estava no chão, examinou os bolsos e encontrou alguns recibos e folhas de pagamento e começou a ler.
- Agora entendo toda essa frustração. O destino dessa empresa já está traçado.
Logo em seguida retirou-se do quarto ainda lendo os papéis que encontrou nos bolsos do sobrinho. Antes de fechar a porta do quarto deu de frente com seus dois irmãos mais novos: Masel Thompson e Hugo Thompson.
- Eu tenho certeza de que aquilo dará certo. - comentou Masel rindo.
Hugo também riu e complementou:
- Sem dúvidas! É impossível cair um raio duas vezes no mesmo lugar.
Sebastian fitou seus irmãos simpaticamente e exclamou:
- Vocês estão atrasados, Agatha vai ficar uma fera!
- Por Deus! Deixe-me ver... - Hugo conferiu as horas em seu relógio. - de fato, já são 8:06!

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Emily entrou no seu quarto, que fica ao lado do de sua avó, pegou seu óculos em sua escrivaninha e o colocou no rosto, olhou-se no espelho e encarou a si mesma por alguns segundos. Cabelos castanhos, olhos verdes, baixa estatura, pele clara e seu lindo rosto que chamava muita atenção, era sem dúvidas uma jovem muito atraente. Ela deu um sorriso aparentando estar hílare consigo mesma.
- É melhor acordar a bela velha adormecida antes que me atrase. - resmungou para si.
Saindo do seu quarto, ela abriu cuidadosamente a porta do quarto de sua avó, que ficava vizinho ao seu, no extenso corredor. Por um momento a garota sentiu um terrível calafrio ao tocar na maçaneta, como se pressentisse algo inevitável. Ao abrir a porta, a garota de olhos verdes deixou escapar uma expressão de espanto, a cama estava vazia, como nunca outrora, naquela situação, esteve.
De repente uma voz familiar ecoou assustando Emily:
- Oi, Emily! Eu vim realizar a sua missão. - disse Eliot primogênito de Masel Thompson. - Você me deve uma.
Emily soltou um suspiro aparentemente de alívio. Mrs. Alice já estava na cadeira de rodas do outro lado do quarto pronta para descer.
- Você me assustou! Desde quando você ajuda velhinhas indefesas?
Ele a olhou nos olhos e disse:
- Preciso ganhar créditos com a minha priminha, siga em frente, mademoiselle!
- Seu francês é péssimo! - brincou Emily.
- Eu sei que tenho o corpo de uma mulher frágil e fraca, mas possuo o coração e estômago de um rei. - disse espontaneamente Mrs. Alice assustando os dois garotos.
Eles olharam um para o outro espantados, quase deixando escapar um riso. Levaram-na até a beira da escada e pediram ajuda para descer Mrs. Alice. Sebastian sempre prestativo, foi rapidamente ao encontro de sua mãe, ele a pegou no colo e desceu cautelosamente os degraus da escada, passo a passo. Colocou suavemente a pseudo rainha na cadeira principal da mesa de jantar, no lugar que por direito, Mrs. Alice ocupava há décadas.
Na mesa estavam presentes quase todos os integrantes da família, Mrs. Alice na cadeira principal em frente a lareira, Agatha Thompson a sua direita, Sebastian Thompson ocupando a primeira cadeira do lado esquerdo, seguido de sua esposa Clara Lexi e seu filho Dylan, nos outros assentos estavam Masel Thompson e sua esposa Skye Willow, Eliot, filho mais velho do casal, um rapaz alto e bonito, Hugo o eterno solteirão, como era conhecido por todos, Emily, filha mais nova de Agatha e por fim, a belíssima Violet, filha de Masel. Apenas duas cadeiras permaneceram vazias, a de Tyler, que se encontrava adormecido em seus aposentos, e por fim, a tão emblemática cadeira do falecido Mr. Dominic Owen Thompson, o falecido marido de Mrs. Alice Millie Thompson, que ficava em frente a cadeira de Mrs. Alice Millie, no final da extensa mesa, essa intocável cadeira desde o dia de sua morte permanecera vazia.
Wallace, o "mordomo", quebrou o silêncio do ambiente:
- Bom dia, senhores! Hoje o dia amanheceu lindo. - falou Wallace enquanto servia panquecas para todos na mesa. - Aqui está a panqueca especial de Mrs. Alice, acompanhada de xarope de porto, nozes e sem açúcar, claro!
- Muito obrigado, Wallace! - agradeceu Sebastian.
Em seguida Sebastian jogou na mesa os papéis que tinha encontrado nos bolsos de Tyler e disse:
- Essa família tem péssimos investidores, não é à toa que estamos beirando a falência. - ele continuou em um tom mais sério. - O que tem a dizer, Masel?
- Você sabe que não estamos conseguindo investir como investiamos antes, o tratamento de nossa mãe leva uma parte significativa de nossos lucros. - disse Masel tranquilamente.
Agatha interferiu:
- Não falem de mamãe como se ela não estivesse aqui. O que está feito está feito! Eu só não quero que meu filho se afunde nessa maldita empresa, nessas malditas dívidas.
Masel tentou aliviar a tensão:
- Eu dou a minha palavra que irei resolver a situação.
- Resolver a situação? - perguntou Sebastian em tom irônico - Olhe só este selo no recibo, é da W&W, um grupo de agiotas, é perigoso!
Agatha levantou-se da mesa aos prantos, saindo em direção ao seu quarto.
Masel deu início a um novo assunto:
- De toda forma temos que rever o testamento, como a fortuna de mamãe está se reduzindo a cada dia que passa, as propriedades logicamente terão que ser divididas em perfeita equidade, como consta no testamento.
Sebastian levantou-se irritado:
- Do que diabos você está falando? Não temos culpa se você está destruindo tudo o que tem.
Mrs. Alice interrompeu o assunto ao disparar mais uma de suas frases icônicas enquanto encarava o vento.
- Eu estou cansada de sorrir. Por que esperam que as mulheres sorriam o tempo todo? É injusto. Se um homem está solene, é automaticamente assumido como uma pessoa séria, não um miserável.
- A vovó é maluca! - sussurrou Dylan.
- Cale-se, Dylan! - ordenou Sebastian.
As esposas apenas observavam em pleno silêncio. Hugo enfim entrou na conversa:
- Vamos marcar uma reunião para debater sobre este bendito testamento.
Ninguém respondeu mais nada, e o café da manhã continuou. O dia passou tão rápido quanto um vulto na escuridão, depois do jantar todos foram diretamente para os seus aposentos, incluindo Tyler depois de um longo dia de ressaca.

O assassino da invalidezOnde histórias criam vida. Descubra agora