DOIS

Elio

Resolvendo mudar sua rotina Elio resolve ir para a aula andando, coisa que nuca fez na vida pois como o próprio sempre gosta de falar “eu sou rico” e nunca precisou fazer tal ato, mas ele observou que sua vida é simplesmente uma repetição de atos, sempre fazendo a mesma coisa. Pela primeira vez ele percebeu o quanto o dia é lindo e sua rua tem um ar bom de sentir, ele também viu algumas pessoas que nunca tinha visto mesmo elas estando ali até antes de ele nascer.

Chegando na escola ele avista seu amigo Carlos, um dos poucos amigos que ele conseguiu fazer em toda sua vida, Carlos é alto e tem cabelos ruivos, também é conhecido por ser “galinha” uma gíria usada para homens quem saem com qualquer mulher, ele sempre tenta arrastar Elio para as festas ou para um encontro arranjado, mas Elio sempre consegue um meio de escapar de tais eventos proposto pelo amigo.

Na aula de biologia enquanto a professora explica a matéria, Elio fica olhando para o teto com um lápis na boca pensando na sua vida e vendo que ele precisa da um jeito de muda-lá, tentar buscar um motivo para continuar vivendo, bom ele lembra que seu pai tem um motivo já pensado e estruturado para ele, ser o sucessor da empresa assim que ele se aposentar, coisa que Elio não se importa nem um pouco ao contrario de sua irmã Elizabeth que é dois anos mais velha que ele e também muito mais preparada para assumir a empresa, mas seu pai nem cogita a opção pelo fato de ela ser mulher, uma pensamento muito arcaico pois não existe pessoa no mundo que entenda melhor de economia do que ela, mas seu pai nunca deu bola para as dicas ou deu e simplesmente usou a ideia dela e falou que era sua, uma coisa que se pode esperar de seu pai. Enquanto Elio ainda estava em transe uma pessoa toca seu braço e avisa que o sinal tocou, Elio desperta do transe e observa que na sua frente parada olhando feito uma tonta estava Juliana, uma garota que ele sabe sempre foi apaixonada por ele ou ela acha que é porque sempre está tentando conseguir um encontro com Elio.

Saindo da sala sem dar a mínima para a garota Elio vai direto para o portão de saída, mesmo sem saber se iria para casa ou andaria pela cidade, optou em ir para casa precisava de um banho e da sua cama depois de ficar um dia inteiro na escola.

Chegando em casa ele vai direto para o seu quarto e entra no banheiro, tira sua roupa e lembra que se esqueceu de por música para ouvir durante o banho, então liga seu som e coloca sua lista de músicas no aleatório, ele entra debaixo do chuveiro e liga a água e sente ela descendo pelo seu corpo enquanto a música que está tocando combina muito com o momento. Depois de sair do banho Elio vai para sua cama, sem roupa e fica olhando para o teto durante um bom tempo até cair no sono.

                                ***
Enquanto isso no andar debaixo o pai de Elio chegava em casa, Arthur sempre foi um pai exigente e sempre quis o melhor do seu filho, até porque ele tinha tudo. Arthur chegou e um empregado abriu a porta da casa e a primeira coisa que ele pergunta é “onde está Elio”, o empregado responde que ele está no quarto deitado, provavelmente dormindo, Arthur ordena que o empregado vá acorda-lo, e enquanto o serviçal subia as escadas ele pediu para parar

– Deixa que eu vou até lá em cima, quero ter um conversa séria com ele – enquanto falava isso ele subia as escadas.

Chegando no quarto do filho ele abre a porta e entra.

– Garoto é hora de você acordar! – ele falava isso enquanto puxava o edredom que cobria o rapaz, Elio leva um susto porque não esperava ser acordado assim.

– Qual o seu problema pai! Por acaso não sabe bater?

Nesse momento o pai olha para o filho e fala.

– Eu sou o dono dessa casa, posso fazer o que eu quiser então vai logo vestir uma roupa e se dirija em seguida para a minha sala. Elio olhou zangado para o pai e pensou “eu não sou piloto para dirigir” e foi direto para o closet se trocar.
                               ***
Chegando no andar da sala de trabalho de seu pai, ele bate na porta e escuta um “entre”. O pai olha para ele e fala.

– Pode sentar nesta cadeira.

Apontando para uma cadeira que ficava em frente a sua mesa, Elio puxa a cadeira e se senta.

– Bom o que o senhor queria falar comigo? – Elio fala enquanto olhava para um quadro de seu pai, uma coisa bastante exagerada na sua opinião, a imagem do próprio com o pé em cima do mundo, Elio pensa “como alguém pode pintar um quadro desse? Ou melhor, como alguém em sã consciência mandaria fazer uma pintura dessas de si mesmo?".

Elio volta para a realidade e percebe que seu pai estava se gabando de alguma coisa, mas a única coisa que ele fez foi concordar quando seu pai fez uma afirmação, depois disso Arthur olhou para o filho e falou

– Bom agora que você já está praticamente terminado o ensino médio, só falta alguns meses...

Antes de poder continuar a frase Elio o interrompe e fala – Depois do ensino médio tem a faculdade – seu pai olha para ele e fala.

– Faculdade é para pessoas que querem buscar melhorar de vida, você não precisa disso porque vai ser dono de uma empresa milionária e só precisa aprender sobre como conseguir deixar essa empresa mais rica – Arthur falou isso com autoridade.

– Isso pouco me importa, eu quero fazer faculdade de...

Seu pai o interrompe e fala – você quer fazer faculdade? Então me diga com que dinheiro você vai pagar a faculdade? Diga! De onde você acha que sai todo o meu dinheiro? De onde você acha que vem essas suas roupas caras, a melhor escola da cidade na qual você estuda, essa mansão na qual moramos? Tudo isso vem da minha empresa! Todo o dinheiro que tenho vem dela e você vai se tornar o próximo dono dela quer queira ou quer não, você está me ouvindo?

Neste momento Elio com bastante fúria sai e fecha a porta com força e vai em direção a sala para poder sair deixando seu pai aos berros ordenando que ele volte.
                              ***
Andando pela cidade com as mãos nos bolsos e sem rumo Elio olhava todas as lojas da cidade com indiferença e pensava “posso comprar todas essas coisas se quiser... Não o dinheiro do meu pai pode comprar todas essas coisas”, Elio percebeu que não sabia onde estava, nunca tinha andado nessa parte da cidade mas mesmo assim continuou a andar, já era noite devia ser oito horas ou pelo menos em torno disso. Elio parou um momento e ficou olhando para o chão, quando levantou a cabeça avistou uma loja com um nome bem clichê, Dois Amores. Depois de ficar um bom tempo observando Elio percebeu que era uma cafeteria e resolveu ir ao local.