Este conto tem como inspiração os 40 servidores, deixarei aqui o link se quiserem entender sobre eles - http://mushroomsandfairydust.blogspot.com/2017/07/os-quarenta-servidores-parte-1.html?m=1
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"A ninfomania não é algo do tipo ‘nossa, eu preciso transar com essa pessoa se não vou morrer’, mas algo como uma visão sexual em objetos simples. É sentir molhar a vagina apenas por ver um homem que lhe chame atenção. É querer tocar-se dentro do ônibus e chorar por não poder." Autor desconhecido.
Abro os olhos vagarosamente e a claridade do dia já invade todo o quarto, fazendo com que eu seja obrigada a levar a mão ao rosto até me acostumar com a luz. Odeio quando esqueço de fechar as cortinas! Estico meu corpo e o sinto dolorido, ainda vestígios da noite anterior… E que noite! Meus lábios formam um sorriso enquanto me delicio com a lembrança. Um fino lençol branco cobre uma pequena parte do meu voluptuoso corpo.
Olho para o lado e vejo que a cama ainda está amassada onde antes ele havia adormecido, exausto. Resistiu mais do que eu esperava, um bom amante, sem dúvidas. Tento lembrar o nome dele. Não consigo, nunca fui boa com nomes. Passo a mão por meu corpo e o sinto queimar. É sempre assim, estou constantemente em chamas. Respiro fundo: preciso urgentemente procurar a doutora Paula, estou perdendo o controle novamente. Sinto a cabeça doer e meu peito acelerar. Fecho os olhos, tentando controlar a respiração. Inútil! Preciso de mais.
Sou trazida de volta com o barulho da porta se abrindo e acabo levantando num pulo. Meu apartamento é minúsculo, apenas um quarto com minha cama, — que também serve de armário para meus sapatos graças as suas gavetas embutidas — uma cômoda onde distribuo minhas roupas sempre muito bem organizadas, uma pequena escrivaninha com meu notebook e algumas prateleiras apinhadas de livros. Minha cozinha era dividida apenas por uma curta bancada onde eu fazia minhas refeições, existindo alí duas portas, uma para o banheiro e outra para a saída do apartamento, sendo esta última a que se abria naquele instante. Meu corpo ainda está à mostra e não faço nenhuma questão de cobrí-lo. Da cama, tenho visão total da porta, assim como dele. Sei que ele também consegue me ver. Entra trazendo consigo sacolas que eu reconheço como sendo da padaria existente na esquina de casa e já sinto meu estômago reagir ao cheiro maravilhoso do croissant. Umedeço meus lábios, estou faminta, mas qual fome é maior? A resposta é tão óbvia… Nunca estou satisfeita.
— Você voltou. — Mordo o canto da boca. — Não deveria.
— Imaginei que acordaria com fome. — E me dá um sorriso doce. — Você é insaciável, Maria Julia.
— Não imagina o quanto. — Droga, ele lembra meu nome.
Me levanto, caminho até ele, pego as sacolas de sua mão e as coloco sobre a bancada. Ele me puxa pela cintura, colando nossos corpos. Sinto seus lábios se aproximarem de meu ouvido, meu corpo estremece.
— Precisamos nos alimentar. — Sussurra, e eu reviro os olhos.
Não falo nada, apenas me viro e o puxo de volta em direção à cama. Sei que também me deseja, seu corpo não o deixa negar, mas ele consegue ser racional. Depois de um demorado beijo que me deixa úmida, ele simplesmente se levanta indo até à bancada onde estavam as bolsas com a comida, me deixando sozinha na cama, sedenta por ele. Eu bufo, má humorada. Por isso não gosto que voltem. Se está em meu quarto e não está entre minhas pernas, não me serve.
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Contos de Ana
Short StoryBom, estou em dois projetos de conto. E neste livro irei postar ao menos um conto por semana, com temáticas diferentes. Espero que se deliciem com cada um deles, pois eu estou amando escrever.