Resumo
Nem sempre as coisas são fáceis,
Mas nós continuamos tentando
E tentando
E tentando
E ten...
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Nunca pensei que algum dia teria medo de quem eu sou. Sempre que me imaginava no futuro, pensava no número um, no herói forte e legal que todos amavam. Aos meus oito anos de idade, percebi que não seria exatamente assim; eu não estava destinado a ser O grande héroi, a vida me fez A grande heroína. Bem, ao menos fisicamente.Eu não sou uma garota, nunca fui. Nem mesmo quando me faziam usar belos vestidos cor de rosa, sapatilhas e lacinhos nas longas mechas de cabelo loiro. Também não deixei de ser uma menina, como muitos dizem, quando completei os meus dez anos de idade. Como eu poderia deixar de ser algo que nunca fui? Apenas afirmei o que era, pegando a tesoura da minha mãe e cortando o maldito cabelo que tanto elogiavam.
Foi nessa idade que os meus seios começaram a marcar as minhas camisetas. Foi nesse ano que comecei a praticar exercícios intensivos para melhorar o meu físico e me deixar mais forte. Foi nessa época que os meus poderes se manifestaram e eu percebi que poderia ser um grande líder sem depender da puberdade que lentamente se apoderava de mim. Ao menos acreditei nisso por algum tempo.
Com o passar dos anos, fui transformando as minhas frustrações em pequenas explosões na vida das pessoas, lentamente destruindo suas colunas que sustentavam todo o seu ser. O nerd é uma prova disso: o bullying que sofreu por minha causa, sua autoestima constantemente minada por mim, sua tristeza sendo transformada em chacota. Eu o transformei em um idiota, um saco de pancadas, alguém que deixaria o mundo melhor caso pulasse da porra de uma janela!
E eu sonhei... Sonhei que conseguiria entrar na U.A, sonhei que seria o melhor, que todos veriam como subi até o topo, que a porra dos malditos intrusos no meu peitoral não eram nada! E ele estragou os meus planos. O maldito inútil conseguiu entrar na mesma escola, conseguiu fazer seu nome, ser amado pelos colegas, ser um bom garoto e mesmo assim, depois de tudo o que eu fiz pra ele, não me entregar. Deku.
Pensei que estava tudo bem, mas nada é tão simples. Só depois de sacrificar dezenas de coisas, machucar quem queria ser meu amigo, de tentar lutar cegamente contra as outras pessoas, percebi o que estava acontecendo. A batalha não era contra quem poderia me machucar, a batalha principal não era sobre alcançar o meu sonho ou não: a batalha era entre mim e a minha disforia. Pode parecer idiota, mas eu nunca pensei que o meu maior inimigo fosse o meu senso de inferioridade. Veja bem, eu sou um cara cheio de mim, grito e bato o pé para defender algo que acredito ser o certo; mordo, cuspo, berro... E machuco todos ao redor de mim, sou completamente o contrário do herói que sempre desejei ser.
E eu só fui perceber isso quando aqueles malditos cuzões praticamente esfregaram na minha cara que eu poderia ser um vilão, me juntar à eles. Nunca senti tanto nojo; por ter me enganado, por ter me autosabotado, por ter me feito chegar naquele ponto. Foi aí que abri os meus olhos de verdade, pela primeira vez: tudo o que fiz, cada vez que bati no Deku, cada vez que o humilhei, que o incitei ao suicídio... Eu estava falando comigo mesmo. Estava me dizendo: "você é um inútil fodido, ninguém quer um herói trans, seus pais estão decepcionados com você, suas notas poderiam ser melhores, é só isso que você consegue fazer? Você é decepcionante, inútil, um ninguém. Por que foi inventar isso de ser trans? Apenas aceite a porra do corpo que você nasceu, seu fodido! Pare de sentir inveja, pare de desejar ter nascido do jeito certo... Pare...".
[X]
— Cala a porra da boca, Deku! — mal comecei o dia e o desgraçado já estava tagarelando. Kacchan isso, Kacchan aquilo... Por que diabos ele não me deixa em paz?!
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[c.r.: Ground_Zero]
Fanfiction"Assim como um binder: me dá forças para continuar de cabeça erguida, me deixa ser quem sou, me ajuda a superar as adversas da vida, mas ao mesmo tempo é quem me aperta, quebra, rasga, machuca. " Onde Katsuki Bakugou é um homem transexual e prec...