Pensamentos de Roberta.

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Quando cheguei nesse colégio, o que eu mais desejava era estar em um pesadelo, no qual acordaria a qualquer momento. Para a minha infelicidade, tudo era real, eu teria que passar por tudo aquilo pra continuar ao lado da minha mãe, pra que ela não perdesse a minha guarda pra um cara que, anos depois, eu descobriria que não era meu verdadeiro pai. Todos os dias me deparava com alguma história podre de algum filhinho de papai do Elite Way School. Uma se tratava da melhor amiga da maior patricinha fútil da escola, Mia Colucci, a primeira pessoa que eu falei nesse colégio e a primeira que eu detestei. Lembro até hoje da reação de todos quando derramei um copo de refrigerante no cabelo dela (risos). A querida e fiel amiga da patricinha, se agarrava com um cara, que comentou estar afim da Colucci por alguma apresentação ousada com direito a streap-tease que ela fez no primeiro dia de aula. Aos risos, ela disse que apesar de parecer o contrário, Mia ainda era virgem. Eu teria deixado pra lá essa história toda, até porque pouco me interessava aquela história entre as patricinhas do colégio, mas como elas vieram me provocar, joguei no ar que a amiga falsiane dela, falava dela pelas costas. Logo depois ele veio atrás de mim tirar satisfações, me ameaçou, me ofendeu e disse para eu ficar longe de tudo relacionado a ele. E eu não deixei barato, coloquei um bomba de efeitos especiais que a minha mãe usava nos shows dela, e coloquei perto da poltrona que ele sentou na viagem de ônibus. E esse foi o meu primeiro desentendimento com Diego Bustamante, o primeiro de muitos. Muitos porque ele sempre fez questão de ser o cara mais ridículo que poderia existir. Nesse colégio descobri o quanto o ser humano pode ser desumano! E no meio de todas essas pessoas nojentas, consegui encontrar pessoas que valiam a pena manter uma amizade. Josy, Lupita e Miguel eram pessoas que se salvavam no meio de tanta gente hipócrita e sem cérebro. E um dos maiores presentes que eu nem imaginava que queria receber chegou na minha vida através de pessoas que jamais pensei em me aproximar. A banda me aproximou da patricinha, do boneco de plástico, do idiota do Giovanne, Miguel e Lupita. Com o tempo de convivência, conheci uma outra Mia, a verdadeira garota que existia por trás daquela patricinha fútil. E para o espanto de todos, sim, nos tornamos amigas. Ainda que entre tapas e muitos tapas. Giovanne, até que era um cara legal por trás de tanta bobagem que ele insistia em fazer. Sempre tive um carinho por Miguel e Lupita antes mesmo da banda, então só nos aproximamos mais. Agora o desafio mesmo era ele. Nunca conseguimos trocar uma palavra desacompanhada de duas ofensas de brinde. Éramos tão opostos que chegava a ser irritante pra quem convivia com a gente, era um desafio constante conviver no mesmo espaço que ele. Não concordávamos com nada, simplesmente não conseguíamos entrar em um acordo. Não por muito tempo.

E conhecendo um pouco mais da história dele, pude perceber aonde ele tinha aprendido a ser assim. Diego era o reflexo do próprio pai, até se culpava por não conseguir ser um clone dele. Diversas vezes o flagrei caindo de bêbado por aí, sem nenhum motivo aparente, ele parecia gostar de ficar inconsciente. Parecia estar sempre querendo fugir do que tinha quando estava sóbrio, algo relacionado ao medo dele de enfrentar a própria vida. Com o tempo, fui descobrindo um Diego que jamais imaginei que pudesse existir. Um cara que sabia ser justo quando preciso, que ajudava os amigos e que por algum motivo, sempre me defendia, mesmo sem eu pedir.

Diego e eu já guardamos vários segredos um do outro, entre eles, um moleque que eu escondi no colégio, no começo ele foi um idiota e me chantageou me fazendo de escrava dele no colégio. Eu me vinguei dele, logo depois disso o Mandariaga descobriu tudo e eu claro pensei que tivesse sido ele o fofoqueiro. Mas pra minha surpresa, ele não tinha nada a ver com isso e por minha culpa, o Bustamante acabou ouvindo a música dele em todas as rádios. Nos reconciliamos, brigamos, fazíamos a vida um do outro ser um verdadeiro inferno, só não nos dávamos conta que tudo isso era uma maneira inconsequente do nosso subconsciente dizer o quanto nós precisamos um do outro. Nosso primeiro namoro foi de mentirinha, pra afrontar os nossos pais e fugir das regras sempre imposta por eles. O pai dele sempre me detestou porque no fundo ele sabia que eu era a única pessoa que conseguia trazer o Diego pra realidade. O namoro de mentira, acabou tomando uma intensidade que não esperávamos, estávamos cada vez mais necessitados um do outro, os beijos e carinhos se tornaram frequentes mesmo quando ninguém tava vendo. Mas fui obrigada antecipar minhas férias no colégio por culpa do meu pai, eu estava muito triste e Diego percebendo meu desânimo, organizou uma festinha particular de despedida pra mim. Foi um momento especial, por um instante até esqueci do que estava prestes a acontecer comigo, cantamos e dançamos juntos. Não nos beijamos, mas rolou uma conexão naquele momento.

Y no sé que pasó (DyR)Where stories live. Discover now