Um coração para dois

Capitulo I

"Não quero ver o Adam agora. Melhor dizendo, é claro que quero. Preciso. Mas sei que se eu o vir vou perder o último fio de tranquilidade..."
-Mia, (Se Eu Ficar)

Depois que partiram meu coração a primeira vez, eu duvidei que seria capaz de amar novamente, duvidei que fosse merecedora de viver um grande amor, então resolvi deixar essa história para lá. Foram quase três anos tentando entender o que havia de errado comigo, o que eu tinha feito para estragar com tudo, quando na verdade, ele sempre foi o problema que eu nunca fui capaz de resolver e que mesmo assim me roubava horas do meu dia, noites de sono e não me permitia seguir em frente. Triste não? Pode até ter sido por certo tempo, só que depois de todo esse martírio cometido contra mim mesma, eu passei a pensar cada vez menos nele, a vontade incontrolável de saber como ele estava, foi aos poucos diminuindo, já não pensava nele a cada segundo, e essa sensação, ah, foi libertadora.

--bruna, você vai se atrasar novamente se continuar enrolando aí em cima-- gritou minha mãe do andar de baixo -- vem tomar seu café.

Suspirando fechei meu caderno e o escondi em seu lugar secreto, um lugar onde minha irmã nunca encontraria para usar meus desabafos vergonhosos contra mim. Calcei meus tênis All Star, e desci os degraus da escada de dois em dois, batendo os pés com força contra o piso, e já podia sentir o aroma forte de café antes mesmo de chegar a cozinha.

--Olha quem resolveu nos agraciar com sua presença para o café da manhã-- disse o meu pai tentando prender o riso da cara feia que mamãe estava fazendo pra mim.

--Bruna, se eu for chamada mais uma vez na sua escola por causa dos seus atrasos, eu juro que queimo todos os seus livros.--Disse minha mãe com uma expressão furiosa no rosto. Sabia que ela não estava falando sério, apesar de não ser nada pontual, eu era uma excelente aluna, o que me garantia que ela deixaria meus livros em paz.

--Fica tranquila, mãe! Você está olhando para a melhor aluna daquele Colégio-- exclamei rindo, e dei um beijo na bochecha rosada da minha mãe, o que suavizou a expressão furiosa que ela carregava no rosto e a deixou com um sorriso nos lábios.

--Acho bom mesmo, já se atrasa, se tivesse notas ruins seus livros já seriam carvão uma hora dessas-- Riu minha mãe da sua própria piada.

Nem me dei o trabalho de sentar a mesa, tomei meu café em pé mesmo, peguei minha mochila no cabideiro próximo a porta de entrada coloquei os fones de ouvido, e pus para tocar Mina do Condomínio- Seu Jorge, quando abri a porta para sair de casa, rumo ao Colégio, quase fui jogada pra trás por conta de um ser humano de mais ou menos um metro e meio de altura.

-Duda, quantas vezes eu vou ter que te explicar que portas abrem por dentro?--perguntei olhando de cara feia para ela.

-Foi mal, Bruna! Eu esqueço, caramba! -Disse franzindo as sobrancelhas, sempre na defensiva.

--Eu tô brincando, não tem que se desculpar. Mas fala aí, quais as novidades do dia?

--Seu ex ainda me segue no instagram, e olha todos os meus storys, acredita?--Me disse com a maior naturalidade do mundo, e instantaneamente senti vontade de pular no seu pescoço.

--Maria Eduarda, quantas vezes vou ter que pedir pra você não falar sobre ele? Sabe que esse assunto não me faz bem, por que insisti? -Quase gritei ao dizer isso.

--Bruna, já fazem quase três anos, você não desencanou ainda? Cara, ele nem deve lembrar da sua existência, pôr que se preocupar tanto com isso? Segue em frente!

--Mas eu segui em frente!!! -A essa altura eu já estava gritando.

--Não é o que parece, mas já que insiste nisso, não está mais aqui quem falou. --Disse levantando as mãos como sinal de rendição. --Mas por falar em novidade, um amigo meu lá do condomínio vai se transferir para o nosso colégio. --disse com a maior naturalidade do mundo.