Capítulo 8 - O Outro Ponto de Vista

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Ainda sobre a noite passada, ou então na madruga do dia em que o Mundo entraria em colapso, Racheu Adams se mostrava encolhida, na cadeira com puffs que havia na varanda do apartamento em sua hipnose surpreendente na escuridão dos céus.

A paixão pelos astros vem desde a infância, quando a ciência ainda não eram divididas em campos. Por força do destino, acreditava ela, acabou não seguindo com seus sonhos em se tornar uma astrônoma.

Três e trinta e um no relógio de parede ao lado da porta, era o único som, o tic tac.

Vestida do pijama azul com pintas brancas, que ganhou de sua mãe quando tinha quatorze anos e desde então teve problemas com a altura, pois aquela peça até cabia perfeitamente.

Os olhos marejados, imaginava que um daqueles pontos luminosos lá no alto fosse sua mãe, que se tornou astro e quase toda noite ela vem desejar boa noite e naquela noite tão especial para jovem, ela estava ali, retribuindo a admiração.

Havia outros prédios menores, como bares, restaurantes e pequenos parques para passeio ali naquela quadra, mas nada incomodava a bolha que Racheu estava.

Cinco e vinte e cinco da manhã, o céu azul-escuro mesclando com o claro. Alguns pássaros voavam aos montes, barulho de carros atravessando as ruas, buzinas sendo acionadas. Seria a hora de entrar, preparar algo para comer.

Levantou-se, preguiçosamente e algo curioso surgiu em sua visão; a estrela maior que tanto admirava madrugada adentro, havia retornado. Maior.

Crescia cada vez mais, era como se estivesse se aproximando.

Antes mesmo que pudesse criar expectativa de algo, a estrela que admirava despencou ali, a alguns metros. Um impacto de vibração no ar, que a deixou momentaneamente surda.

Seus braços foram ao rosto impulsivamente, tampando a visão. O susto instantâneo da jovem cresceu subitamente e não poder ouvir nada, ali jogada no chão da varanda, era assustador.

- Pai! – gritou Racheu deitada no chão, com a cadeira em cima das suas pernas.

Josh, com o estrondo da explosão logo ao lado, levantava da cama, atordoado, assustado, tentando procurar algo dentro do próprio apartamento. Percebeu sua filha caída na varanda. Racheu continuou.

- Foi lá fora pai! – gritou mais uma vez Racheu, sem saber se seu pai estava escutando ou não.

No impulso, Josh puxou a sua camisa e ainda vestindo, correu até a varanda, e enquanto retirava a cadeira de cima da Racheu, se assustava com a tamanha explosão naquela outra esquina, que subia metros para os céus. Só conseguia ver aquela enorme fumaça preta. Segurando sua filha, conseguiu deixá-la em pé.

Racheu, como se estivesse anestesiada com as ondas, arriscou olhar fora da mureta da varanda, e estava lá, uma gigantesca carcaça negra afundada nos destroços do prédio a duas quadras dali. Foi então que os olhos da jovem, na medida em que fixava naquela coisa, queriam lacrimejar, arregalavam incrédulos.

Os braços firmemente apoiados de Josh, logo ao lado, no parapeito do apartamento iam ficando mais densos, as veias pareciam ficar mais visíveis.

Não esperou mais. Saiu daquele transe de ver aquela anomalia a poucos metros rachando as estruturas adentro, voltou para a sala como se estivesse perdido, segurando pelas paredes.

Resmungos, cochichos ao longo do corredor já eram notórios. Josh aproveitou e abriu a porta de entrada. Pessoas em suas portas faziam o mesmo, outras já desciam escadas.

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