Persistir, Jamais desistir!

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Daniel, é um jovem de apenas 19 anos, determinado a cometer suicídio que se isola de todos os seus amigos e familiares quando descobre que sua vida não faz mais sentido.

Quem vê Daniel atualmente recluso, só vestindo roupas pretas e surradas, de cara fechada e touca tampando seus lindos cachos loiros, não o reconheceria a uns 2 meses atrás, ele era um menino sorridente, que amava se cuidar esteticamente e não perdia uma oportunidade de sair com os amigos e ir a praia surfar.

O menino que tinha grande apreço por sua mãe, teve seu mundo devastado quando a mesma veio a falecer em seus braços devido a um latrocínio, roubo seguido de morte. Daniel ficou todo sujo de sangue e ainda teve que enfrentar toda a burocracia que o Estado impõe a estes casos.

Nem seu pai, sua avó ou sua irmã e a namorada conseguiram resgatar Daniel daquele acidente, o menino alegre e cheio de energia havia morrido junto com a mãe.

Daniel então, passou esses dois meses sofrendo e arrumando formas de se excluir e fazer com que todos se afastassem dele, ele terminou com a namorada, gritou diversas vezes com a família e xingava os amigos para os afastar. Tudo o que ele fazia era para chegar ao ponto de poder se juntar a sua mãe sem precisar deixar ninguém mal como ele ficou.

Então esses dois meses foram de pura desordem, brigas e muitas lágrimas perdidas, Daniel se sentia finalmente pronto para poder se matar e o ia fazer, na noite em que completariam os exatos 2 meses. Ele então saiu de casa em direção ao píer amarelo, chegando lá ele prendeu um pedregulho a suas pernas e estava quase empurrando-o ao mar quando um menino de pele escura chegou todo sorridente ao seu lado e se sentou ali.

- Oi, tudo bem? - disse o menino.

- Vá, embora cacete! - cuspiu Daniel.

O menino o encarou e Daniel sentiu que só agora o rapaz havia entendido do que se tratava. O mesmo se levantou, olhou para Daniel e foi embora, pelo menos foi o que Daniel pensou.

Alguns instantes se passaram até que novamente o menino voltasse e sentasse ao lado de Daniel.

- Agora você pode ir. - disse ele - estou preparado pra ganhar muito dinheiro com outro idiota.

- Como é que é? - questionou Daniel o encarando - Quem é você pra me chamar de idiota?

- Eu? Me chamo Pedro Coelho, prazer.

- Só se for a falta de prazer, né. - cuspiu novamente Daniel.

O menino riu e chegou mais perto de Daniel, colocando a mão sobre sua coxa.

- Sabe você é muito engraçado, minha avó adoraria te conhecer. - disse Pedro.

- Sua avó? E cadê seus pais? - indagou Daniel

- Morreram, eles morreram em um acidente, onde um caminhão saiu da pista e pegou o carro deles em cheio, minha sorte é que eu estava na minha avó. - Pedro passou a mão por um colar e depois abaixou a mão.

- Sinto muito. Eu perdi minha mãe recentemente também, e eu não sei viver sem ela, sabe. - confessou Daniel.

- E é por isso que você vai se aventurar a morrer afogado?

-A vida é minha, eu decido o que quero!- Daniel então pegou o pedregulho e o jogou.

O menino ao invés de deixar Daniel cair o segurou, ele segurou forte sua mão e disse:

- Mesmo que você tente eu não posso deixar, não na minha frente. Eu não sou assim, e você também não, creio eu.- Pedro puxava pra cima, e a pedra fazia pressão para baixo. - E caso você queria mesmo, vai ter que me levar junto, ou seja, você vai me matar.

Neste momento Daniel só queria poder ir e acabar com tudo, nunca mais sofrer então começou a largar a mão de Pedro.

- Me deixa! Me deixa! Eu quero! - ele exclamava - Me deixa, sai daqui seu maluco! Você nem me conhece.

- Não, não faz isso. Por favor você tem tanta gente que o ama aqui, seria um pecado enorme os abandonar. Seria um pecado você abandonar sua própria chance de viver.

- Mas e toda a dor que eu tô sentindo agora? Isso não vai passar nunca!

O menino então segurou mais forte e riu, dizendo:

- Eu sei que nunca vai, mas aos poucos você se acostuma, não que você a deixe de amar, mas você aprende que existem outras pessoas e coisas que podem nos ajudar a ficar bem. Vem sai dai, eu te ajudo.

Daniel então se sentiu mal, mal por querer acabar com tudo, mal por não se sentir apto a mudar, mas principalmente mal, por saber que sua mãe nunca o perdoaria se ele viesse a se matar. Ele então se desesperou, agora ele queria viver, queria resgatar tudo o que havia perdido e poder surfar, como ele sentia falta de surfar.

Daniel se debateu muito, ele sentia cada vez mais a pressão da pedra e então ele e Pedro não conseguiram mais se segurar e Daniel foi puxado para o fundo.

-Me ajud... - tentou gritar e foi levado em direção ao fundo.

Daniel se debatia, tentava soltar, via a superfície cada vez mais distante e já começava a aceitar novamente sua morte e queria chorar, gritar, ele queria, enfim, viver.

Alguns segundos se passaram e Pedro surgiu ao seu lado, com uma outra pedra, o menino passou por Daniel e foi em direção a pedra e começou a bater nela. Uma, duas, três... Na décima tentativa ambos já estavam exaustos e sem ar, mas Pedro conseguiu quebrar a corrente e assim agarrou Daniel e ambos subiram para a superfície.

Os meninos permaneceram boiando por alguns segundos para recuperarem as energias, depois com ajuda de Pedro, que subiu primeiro, Daniel subiu e assim ambos ficaram exaustos, deitados no píer olhando para o céu e começaram a conversar sobre a vida e como ela pode ser linda e ao mesmo tempo fatal.

Dali em diante Daniel começou a se policiar e conseguiu mudar voltou com a namorada e aprendeu novamente a sorrir e surfar.

A vida de Daniel mudou denovo para a melhor, graças a ajuda de um menino desconhecido que passou a ser seu novo melhor amigo.

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