Apenas Contos.

O trote

Lara é nova na faculdade de Pedagogia e pretende entrar na irmandade a qual sua prima pertence, seu único problema é que para ingressar ali ela precisa passar por um trote que é um rito de toda novata.

A jovem não tem ideia do que a espera, ela só sabe que muitas meninas desistem de fazer parte daquele universo mágico simplesmente por não aguentarem o tal rito de passagem, mas Lara se considera forte, afinal já enfrentou muitos problemas em toda a sua vida, um mísero joguinho de meninas fúteis não vai abalar seu psicológico, pensava ela.

Então ela pôs -se a se arrumar, escovou seus lindos cabelos loiros, que iam até a bunda, passou uma fina camada de maquiagem para esconder uma espinha na bochecha, rímel para reforçar o azul de seus olhos. Vestiu uma calça jeans rasgada, uma regata e um sobretudo preto. Pegou suas malas, seu celular e seus documentos.

Ela seguiu viagem de carro e ao chegar a frente da grande casa branca, com colunas gregas e duas grandes estátuas de mármore branco, enfeitando a entrada. A porta era de uma madeira luxuosa e talhada em finos traços, revelando lindos desenhos de flores. As meninas, líderes da irmandade a aguardavam do outro lado da porta, elas eram lindas, ambas possuíam o bracelete de ouro branco, que era o que as definia como LadiesWhite. Jady era a perfeição, para Lara, Jady poderia fácil se confundir com Thais Araújo, enquanto que Carol poderia ser uma versão turbinada da Marina Rui Barbosa.

- Olá Lara, você é linda demais! Me diz ai, como você está? - perguntou Carol.

- Muito nervosa, mas maravilhosa com a casa e com tudo isso.

- Ah, que bom, então vejo que podemos começar a nossa iniciação. - Jady então pegou uma calça surrada e uma blusa branca, uns três tamanhos maior que Lara, e jogou para ela. - Vista isso.

A menina não entendeu nada e, mas acatou o pedido e foi se trocar, alguns minutos ela retornou a sala e ambas as jovens haviam também se trocado, agora vestiam lindos vestidos longos e vermelhos, estavam impecáveis e olharam para a menina com certo desdém.

- Você está horrível! - disse Carol - Que maravilha!

- E vocês maravilhosas! Uau!

- Nós somos mesmo. - disse Jady. - venha conosco.

As duas se viraram e seguiram escada acima, Lara então se apressou a segui -las, reparando em cada detalhe, ela realmente queria entrar para aquele universo de glamour e tranquilidade, ela havia se preparado para aquilo toda a sua vida.

Ao chegaram ao segundo andar Lara se deparou com alguns rapazes e outras duas meninas vestidas como ela, ela fez um cálculo rápido e observou que haviam seis lindas meninas, doze rapazes muito lindos e com expressões pouco amigáveis, e três meninas iniciantes, contando com ela. Lara estava começando a entender o que poderia ser o trote.

- Meninos podem começar a se divertir com nossas iniciantes. - disse Jady.

Em seguida as lindas meninas se juntaram e saíram do quarto fechando a porta e apagando as luzes por fora.

-Agora a nossa festa começa! - disse um menino e os outros começaram a rir.

Lara sentiu mãos a tocando e ela não sabia se saia ou se deixava acontecer, ela já não era mais virgem, mas isso não queria dizer que deixaria ser abusada apenas para entrar em uma irmandade, ou deixaria?

As outras duas meninas começaram a gritar, uma delas disse que queria desistir e então Lara ouviu os meninos rasgando roupas e nitidamente foi possível ouvir ambas as meninas se engasgando e barulhos que deixavam nítidos que elas foram obrigadas a ter relações com os atletas nojentos.

- Agora é sua vez meu amorzinho - disse um cara ao pé de seu ouvido.

Lara ficou quieta não disse nada e então sentiu outros caras a circulando e passando a mão sobre seu corpo. Lara sabia que aquilo era errado, ela não ia se deixar estuprar para entrar em uma irmandade, nada era maior do que seu amor e respeito próprio. A menina então bateu na mão dos meninos e teve que chutar outro que estava se engraçando mais para com ela.

- Ninguém toca em mim! Eu não sou vadia e nem tão pouco uma peça de carne para vocês ficarem me tocando. - Lara então andou até a parede e  começou a tatea-la para achar a luz.

Era possível ouvir meninos e meninas gemendo, gemidos de dor, misturados a prazer, ela achava aquilo tudo um nojo, como que a irmandade podia querer que as meninas se submetessem a babacas? Algo estava errado, por qual razão os caras não a seguiram e fizeram o mesmo que os outros com as meninas? Milhares de questionamentos invadiram sua cabeça ela não entendia o que estava acontecendo, mas isso não a fez desistir de procurar uma saída de toda aquela promiscuidade.

- Onde está, onde está? - resmungava - Eu tenho que sair daqui, eu sou uma mulher, eu me respeito, isso não é pra mim.

Lara tateou todo o quarto e então achou  uma outra porta, um pouco menor, tentou abri-la e conseguiu, ao sair avistou todas as seis meninas e alguns dos caras, todos sentados olhando para ela sorrindo e então bateram palmas.

- Olha, eu já vi muitas meninas se entregarem de primeira, outras deixaram as preliminares acontecerem, mas poucas são as que assim como você se impõem de primeira e conseguem passar com louvor na iniciação. - disse Jady - Parabéns.

- Eu queria dizer o mesmo dos meus meninos, mas isso não foi possível, quase todos os babacas, agiram como babacas. - disse um loiro alto. - só três se safaram.

- Aí meus deuses, eu passei? - Se alegrou Lara, mas logo em seguida lembrou das outras duas meninas - E as outras du....

- Elas definitivamente não tem o perfil da nossa irmandade. - disse Carol interrompendo Lara.

- Agora você pode ir se trocar, a verdadeira festa de recepção lhe espera mais tarde. - disse Jady pegando uma sacola e entregando-a. - aqui dentro está seu bracelete. Use-o hoje a noite.

E assim Lara desceu sorridente pela escada pensando o quão bom era de fato se respeitar e se amar, e como era bom de fato fazer parte de uma irmandade que valorizava isso em primeiro lugar.