.the way u fell

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Vendo minha janela preferida aberta, entrei sem avisar, como fazia desde que tinha seis anos de idade. O quarto de Riley estava escuro e, pelo que a luz da lua que entrava pelo vidro me permitia perceber, estava bem desarrumado. Era novidade encontrá-lo daquele jeito, visto que minha melhor amiga sentia certa ansiedade quando uma peça de roupa sequer saía do lugar.

— Docinho? — chamei em baixo tom, com medo que estivesse dormindo. Riley não dormiria, certo? Mesmo estando tarde, ela não dormiria quando eu tinha dito alto e claro e iria vê-la a noite.

Escorreguei em alguma coisa e não batendo forte a cabeça no chão de madeira por pouco, fazendo um barulho considerável. Maldito urso sem cara idiota! Era mais idiotice Riley ainda guardar aquela coisa, deveria estar no lixo há anos!

— Maya? — ouvi sua voz chamar, doce como sempre, porém rouca e abafada. Então a porta do banheiro foi aberta iluminando pouca fração do lugar. Riley saiu de pijama, um short curto e uma blusa colada, ambos de tecido aparentemente macio e de estampa de unicórnios, e que — ela nunca poderia saber — quase me fez babar.

Fazia algum tempo desde que vinha tendo crises de atração por Riley, a coisa mais absurda e idiota que eu poderia fazer na vida. Além de ela ser minha melhor amiga, não poderia arriscar que seus pais soubessem; não consigo imaginar suas reações. Mas, cada vez em que a sentia muito próxima a mim, meu corpo tremia e meu coração acelerava; algo lá embaixo se fazia presente.

Riley se aproximou de mim, secando os fios molhados com a toalha roxa. Apesar da pouca iluminação, podia ver as gotas de água resistentes em sua pele macia e bronzeada, caminhando por entre seus poros e causando-me imensa inveja.

— Você caiu? Está bem? — largou a toalha em cima da cama e agarrou a minha mão, puxando-me para cima. Entretanto, seus pés estavam molhados e acabamos caindo juntas, eu por cima dela, com meus jeans molhados pela chuva que pegara no caminho para a sua casa junto da regata branca e ela com seu maldito pijama colado em seu corpo.

Tudo bem, talvez, somente talvez, a queda não tenha sido por total acidente. Talvez, somente talvez, eu tenha feito certa força ao obter ajuda para levantar.

O cheiro de morango e cereja de sua pasta de dente chegava ao meu nariz; a umidade de nossos corpos juntos me fez reprimir um gemido; uma de suas pernas estava entre as minhas, fazendo-me tremer; e meus braços seguravam seu corpo com sua cabeça no meio deles. Pus o braço direito em sua cintura por extinto e a apertei. Riley gemeu baixinho e eu aproveitei para aproximar meu rosto do seu.

Dormíamos grudadas uma a outra, mas aquele tipo de contato nunca chegamos a ter. Nunca tentamos ter. Eu nunca tive a coragem de indagar sobre. Não sabia como ela se sentia sobre isso, apesar de eu estar me sentindo em puro êxtase, mas, e disso tenho certeza, ela teria mostrado alguma reação se estivesse incomodada, ou assustada, ou temerosa.

Riley gemeu novamente, já fitando fixamente meus lábios, e isso tirou toda a minha sanidade. Tomei sua boca para mim, sugando os lábios com resquícios de pasta de frutas vermelhas e o hálito refrescante, sentindo seu gosto tomar também a minha garganta.

Puxei seu cabelo e minha amiga levantou uma das pernas, a que estava dentre as minhas, causando o contato com sua coxa e minha intimidade. Interromper o beijo para gemer alto não foi uma opção, e Riley tomou noção do que acabara fazendo, mas não se afastou. Percebi que tinha trocado de lugar comigo apenas quando senti meu corpo bater contra o chão e suas mãos descerem até o zíper da minha calça.

Riley voltou a me beijar, seu corpo agora sendo o objeto entre minhas pernas, e sua mão gelada alcançou meu clítoris, segurando-o firmemente com o dedo do meio e aplicando tensão, em movimentos circulares. Gemi outra vez, mais alto, e não pude não apertar sua cintura com força, lutando para não parar o beijo; eu não queria que nada parasse. Havia me tornado uma ninguém quando se tratava do controle do meu corpo. Riley Matthews fizera aquilo comigo.

tellin' meOnde histórias criam vida. Descubra agora