Capítulo II: O primeiro passo

35 5 0
                                    

Um homem em uma boate observava um desconhecido peculiar, de sobretudo, bigode penteado, chapéu estilo Sherlock Holmes e de média estatura. O brutamonte levantou-se e foi na direção do desconhecido que estava apreciando uma xícara de café.
- Olá, garanhão! Seus trajes são estranhos, por acaso é da polícia? - perguntou Dick.
- Deixe-o em paz, seu abutre! Não incomode os meus clientes. - disse Annie, a dona da boate.
O estranho continuou calado enquanto tomava sua xícara de café.
- Ei, idiota, você está tomando café em uma boate? As pessoas normalmente vem aqui para encher a cara. - zombou Dick soltando uma gargalhada.
Dick ao colocar seu copo de bebida na boca, ofereceu um pequeno momento de distração, o estranho homem com um movimento furtivo roubou a carteira daquele brutamonte num piscar de olhos.
- Ei, Annie, o idiota aqui vai pagar a minha bebida! - disse Dick levantando-se para sair.
- Não seja estúpido, seu... - Annie foi interrompida pelo estranho homem, que enfim falou.
- Não se preocupe, senhorita! Será um prazer pagar a bebida desse cavalheiro! - exclamou o estranho homem.
Dick soltou uma gargalhada ainda maior e disse:
- Eu gostei desse cara. Até mais, idiota. - disse Dick enquanto saia.
- Me perdoe, senhor! Ele costuma roubar os meus clientes, é uma praga. - Annie falava enquanto limpava o balcão.
- Que terrível! Ladrões são mesmo desprezíveis, sempre causam problemas. - comentou o estranho homem quase sorrindo.
Ele pegou a carteira que furtou, examinou, e nela encontrou alguns documentos e cento e setenta dólares.
- "Dick Menezes Bolaños", trinta e três anos... mexicano? Esse documento é mais falso do que o rumor das fontes termais na França. - sussurrou o estranho homem.
- Disse alguma coisa, senhor? - perguntou Annie.
- Oh, não, senhorita! Estava apenas lendo o cardápio. - disse ele enquanto jogava o documento na lixeira.
- A propósito, o senhor não me disse o seu nome. - falou Annie simpaticamente.
- Mil perdões! Eu me chamo David Harrison, sou um detetive!
O telefone do detetive tocou e ele rapidamente atendeu.
- Alô, com quem estou falando? - perguntou David Harrison.
- Olá, meu velho amigo. Sou eu, John Caller, lembra-se de mim?
- O alfaiate? - perguntou David Harrison enquanto tomava sua xícara de café.
- Não! - John Caller sorriu - O legista, do caso dos "dentes", lembra?
- Agora me lembro perfeitamente, em que posso ajudá-lo - perguntou David Harrison.
- Tenho um caso para você, mais do que um caso, é algo que se encaixa perfeitamente nos seus critérios, precisamos de você urgentemente.
David Harrison abriu um belo sorriso, com um gesto pediu mais café para Annie e em seguida respondeu:
- Preciso dos detalhes. Encontre-me na ponte central em duas horas. - finalizou a ligação.
David Harrison pagou a conta, e saiu da boate. Do lugar em que estava até a ponte central daria um percurso de quarenta e cinco minutos, o detetive demonstrava ser um homem pontual, também odiava esperar, e em seu olhar era perceptível a fome por mistério. Ele pegou um táxi e foi até o local de encontro com John Caller. As ruas de Londres estavam lindas e brilhantes, o que era fascinante para o amante da solidão David Harrison. Dentro do táxi o detetive observava atentamente o motorista, analisando cada detalhe do homem e do carro. Havia uma foto com duas crianças e uma mulher com o rosto propositadamente rabiscado e o motorista estava sem aliança. Harrison deduziu facilmente: "divorciado". Harrison iniciou um diálogo:
- Como foi a sua viagem para a Turquia, "Charles"? - perguntou David Harrison.
- Espere um pouco, de onde você me conhece? Como você sabe da minha... Quem é você, afinal? - o motorista parecia intrigado.
- Foi só um palpite. - Harrison sorriu. - Seu relógio está adiantado três horas, bate perfeitamente com o horário da Turquia, tem uma carteira de cigarros turcos e dois passaportes no porta moedas. Podemos dizer que o senhor acabara de chegar de viagem, caso contrário já teria arrumado as horas. E sua namorada, como está?
- Quem diabos é você? - o motorista estava pertubado. - E como sabe da Rose? Está me seguindo?
- Você se divorciou, eu arriscaria dizer que faz mais ou menos um ano. - Harrison fungou o nariz. - Pelo amor de Deus, esse cheiro de colônia francesa feminina está exalando no carro! Dois passaportes, viagem para Turquia... quem viajaria para outro país acompanhado de uma dama senão por interesse? As mulheres adoram viajar.
- Saia do meu carro imediatamente, seu maluco! - o motorista pisou no freio, estava enfurecido.
- Eu esqueci de me apresentar, me chamo David Harrison. Compre um vinho de qualidade para Rose na próxima vez.
Harrison desceu. E o motorista saiu em alta velocidade dando um banho de lama no detetive.
- Acho que vou me atrasar um pouco. - Harrison abriu outro sorriso com a carteira do motorista em mãos. - "Charles Martins Park", quarenta e um anos, britânico.
Ele guardou o documento, pegou o dinheiro e um comprovante de compras, em seguida jogou a carteira fora e leu os papéis.
- Quem é o imbecil que viaja para a Turquia, com uma dama, para tomar "vinho Chester"?

O assassino da invalidezOnde histórias criam vida. Descubra agora