Eu perdi as contas do quanto eu chorei em silêncio dentro da caminhonete durante toda a manhã, era tão triste...
Me sentia um pouco aliviada porque minha irmã colocou ambos para dormir e se os deuses fossem bons, Kai ia despertar sem lembrança alguma da madrugada.
Ninguém precisava lembrar do terror de ver pessoas mortas, mas o fato de Min não perder a memória me impressionou. As atitudes dele também...
Eu podia sentir, ele estava se apaixonando pela minha irmã, ou a indução dela teria efeito. Só uma mente apaixonada pela bruxa que jogasse um feitiço, não teria efeito, a magia do amor era soberana sobre todas as outras coisas.
Min e minha irmã... Eu gostava daquilo. Gostava muito.
Então suspirei, ele agora estava no volante e ela dormia ao lado dele. Às vezes me lançava olhares preocupados, como um verdadeiro cunhado amoroso.
Era romântico...
Eu podia ter ficado preocupada no início, mas agora eu aceitava meu destino e lutaria por ele, de um jeito ou de outro. Ver pessoas mortas me impressionou, a vida era curta, eu não podia perder a oportunidade de dar chance ao amor.
— Você pretende destruir o volante mesmo ou só está fingindo que quer trucidá-lo?
Eu sorri. Baek.
Era disso que eu precisava, do humor negro e escandaloso do vocalista para me distrair. Seria minha distração. Eu dei de ombros.
— Estou entediada, você cantaria para mim, Baek? Para me entreter?
— Se você me disser que a gente já chegou perto de alguma civilização racional, eu posso te dar uma palhinha, porque afinal eu sou um anjo não é.
— Sinto muito, estamos muito longe ainda de algo que você julgaria como civilização.
— Mas já saímos daquela floresta horrível, né?
— Quase, estamos nas cercanias, mas em um lugar bem mais aberto, já estamos na estrada oficial.
— Sei.
Ele olhou pelo retrovisor e eu vi o bico que ele fez antes de cruzar os braços e olhar pela janela. Lay dormia tranquilo, sem dor.
— Estou com fome!
Baek disse em um muxoxo. Sorri.
— Todos estão, vamos parar em alguns minutos daí nós almoçamos ok?
— Tem algum restaurante por aqui?
— Não Baek, será um piquenique, agora relaxa que vamos te alimentar bem, não se preocupe.
— Estou mesmo com fome.
Voltou a resmungar me fazendo rir. Ah, eu adorava ele, de verdade.
Lay acordou de um pesadelo horrível. Por um segundo pensou que tudo fosse real, mas daí então ele percebeu que o carro estava parado, já era dia e o sol estava forte.
Ele se ergueu um pouco e pode perceber que estavam em outro lugar, fora da floresta, em uma espécie de acostamento gramado onde um rio corria próximo. Só que nada daquilo era mais importante do que o fato de que Luana estava deitada, dormindo profundamente no chão coberto abaixo dele. A caminhonete era espaçosa por isso ela estava deitada ali, de forma aparentemente confortável sobre os tapetes.
Ele voltou a deitar e deixou a ponta dos seus dedos caírem sobre o rosto dela acariciando ali muito suavemente.
Em seu pesadelo ela tentava ajuda a irmã na floresta escura e era machucada por um monstro. Ele estremeceu, não pode fazer nada porque estava machucado e aquilo tinha o posto louco. Em seu pesadelo ele estava de mãos atadas e aquilo o deixou aterrorizado. Não podia conceber que alguém pudesse ferir aquela garota, ela era sua para proteger e amar.
Como se apaixonou tão rápido e tão intenso? Será que de fato existia amor à primeira vista? Porque se existisse, então ele tinha sido uma vítima disposta, não tinha como fingir que aquilo era só paixão, o sentimento era intensamente mais profundo.
Será que Kai sentia o mesmo? Será que ela o escolheria? E se assim fosse será que ele conseguiria deixá-la ir?
"A quem você quer enganar, homem? Você será incapaz de deixá-la"
Disse a si mesmo se sentindo extremamente possessivo.
Ele sabia que podia dar uma vida segura a ela, tinha todos os meios para isso, seu estúdio na China era muito seguro e rentável e sabia que ela podia ser feliz lá, Pequim era linda e ele já tinha conseguido levar seus pais para lá, tinha certeza que ela e sua mãe se dariam muito bem.
Sorriu com o pensamento, ele só pensara em trabalho até agora, sabia que ser famoso lhe tiraria inúmeras chances com garotas e por isso ele não se permitiu pensar em relacionamentos, ele não tinha tempo nem liberdade, talvez o destino lhe deu aquela oportunidade para que ele pudesse finalmente conciliar as duas coisas, por que ali, com ela, desde a primeira vez, não precisou se preocupar com olhos alheios, nem câmeras, nem nada, era só ele sendo ele mesmo e encontrando a garota mais gentil e fofa que nunca imaginou ter a sorte de encontrar. Se sentia muito grato, a quem o ouvisse, até mesmo aos deuses dela.
Uma bruxa... Uma linda e doce bruxinha.
Tocou no colar que ela tinha lhe dado para proteção, queria dar algo para ela também, mas não podia, ainda. Em breve faria.
— Lay?
Ele riu enquanto ela esfregava os olhos sonolenta. Ela o olhou sem entender. Ele tocou a ponta do seu nariz com o indicador divertido.
— É a primeira vez que acorda me chamando, geralmente é o contrário. Eu gosto disso também.
Então ela sorriu e depois riu baixinho. Só que para seu espanto, ela se ajoelhou diante dele e o abraçou forte.
— Você está bem?
— Claro que estou. E você? – Ela não respondeu, o apertou mais forte escondendo o rosto em seu peito, ele se ergueu um pouco para ficarem em uma posição melhor e a trouxe mais para seu corpo, com cuidado e passou a cariciar seus cabelos – O que houve, Zhēnguì? Por que você está tremendo?
— Nada, só tive um sonho ruim, só isso. Você está bem né? É o que importa.
Ele sentiu pela voz dela que havia mais, só que aquela não era hora para aquilo, será que tiveram um pesadelo juntos?
Ele acariciou ela mais leve resolvendo distraí-la, não gostava de vê-la daquela forma. Ele desceu a boca para perto do seu ouvido e falou baixinho.
— Agora é a hora do meu beijo, Zhēnguì? Estamos sozinhos...
Suas palavras surtiram o efeito que ele desejava. Ela se afastou um pouco e ergueu as sobrancelhas.
— Deveria me pedir, Zhang Yixing?
Ela brincou.
Ele evitou rir com a audácia dela, na verdade o que ela dizia e pensava era diferente, ele podia ver nos olhos escuros e límpidos que ela se sentia sem graça, mas ainda assim brincava sobre aquilo. Ela queria aliviar o clima tanto quanto ele, só que não, por que ele não queria aliviar o clima, só mudar o clima.
— Vem aqui, Zhēnguì.
Disse baixo dando espaço para ela no banco, ela veio para ele devagar e ele esperou até que ela ficasse de frente para ele antes de cobrir os lábios dela com os seus com toda a calma que lutara para possuir.
Doce, ela era doce como ele imaginava que seria.
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3º Filha
FanficEla seria uma garota comum, se não pertencesse a uma família tradicional de bruxas e se não acabasse sem querer salvando o EXO de uma queda de avião no meio da floresta amazônica. Eles cruzavam o seu destino ou ela entrava no deles para mudar a vida...