Capítulo 3

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Carla fechou os olhos e se deixou levar, entregou-se inteiramente à explosão de sensações que a tomou. Nunca tinha pensado, sequer havia desconfiado que um beijo poderia ser daquele jeito. Despertar todos os sentidos e confundi-los todos ao mesmo tempo. Teria ficado ali a noite toda, na verdade a vida inteira.

Um misto de decepção e perda a tomou quando Júlia se afastou:

– Alguém pode ver.

Compreendeu e até concordou, mas queria mais, muito mais, estava longe de estar satisfeita. Foi isso que a fez dizer:

– Eu sei de um lugar. Vem.

Atravessou o gramado rapidamente, com Júlia atrás dela. Quando abriu a porta da sauna, ainda olhou para os lados, se certificando de que ninguém as estava seguindo nem vendo.

Entrou, trancou, se virou para ela e, num primeiro instante, se olharam somente. Júlia acariciou o rosto de Carla com uma deliciosa suavidade. A mesma com que deixou a mão correr por trás do pescoço dela e a puxou.

Carla estremeceu com o ardor do contato. Aproximou os lábios dos de Júlia bem devagar, tão lentamente que pareceu estar em câmera lenta.

Quando as bocas finalmente se encontraram, deixou escapar um gemido baixo. Ficaram um longo tempo assim, se explorando, se experimentando, se aceitando, o corpo de Carla correspondendo e vibrando com a mais desconhecida intensidade, antes mesmo que o beijo se aprofundasse.

Entregou-se sem reservas. Seguindo o mais legítimo instinto, sugou, mordiscou, passou a pontinha da língua nos lábios de Júlia querendo que ela os entreabrisse e sorriu quando ela a atendeu, permitindo a entrada. As línguas se fundiram numa dança urgente, que a fez arder, pulsar e ficar inteiramente sem ar. Pararam um pouco para respirar e Carla riu, deixando Júlia curiosa:

– Qual é a graça?

Respondeu com a verdade:

– Agora eu sei por que as pessoas gostam tanto de ficar.

Riram juntas. E voltaram a se beijar. Dessa vez se tocando não só com os lábios. Carla tateou, às cegas, buscando reconhecimento da textura, da maciez, do formato do corpo e da pele dela por cima das roupas, as mãos indo e voltando, incansáveis. Pescoço, ombro, costas, cintura, braços...

As carícias de Júlia se mantiveram igualmente comportadas, fazendo com que Carla a puxasse para si com força, expressando em gestos o que não sabia verbalizar. Esfregou-se nela quase com desespero, liberando uma excitação que nunca tinha vivenciado. Júlia incentivou, acolheu, possibilitou que ela fosse até onde quisesse. Só protestou quando Carla chupou seu pescoço com força:

– Não me marca...

Carla assentiu e, retirando a boca e voltando a buscar-lhe os lábios, galgou uma espiral de arrebatamento que a fez ofegar, trepidar, incendiar... Até arrebentar, gemendo, em ondas de prazer incontroláveis. Foi abraçada em Júlia, ainda de olhos fechados e com a respiração e a pulsação completamente descontroladas, que compreendeu. Tinha acabado de ter seu primeiro orgasmo com outra pessoa. Dando só uns malhos.

Apertando-a mais entre seus braços, Júlia exclamou:

– Nossa...

Segurou o rosto de Carla entre as mãos, o olhar reluzindo a mais profunda e indisfarçável satisfação... E a beijou.

Quando as bocas se separaram, Carla balbuciou:

– Você...

Foi delicadamente cortada:

– Shhhh...

Tentou insistir:

– Eu...

Júlia não deixou:

O INFINITO EM DUAS VOLTASOnde histórias criam vida. Descubra agora