Diabrete

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Annabeth

Troquei meu vestido de noiva por uma simples blusa turquesa e calças jeans claras, junto à sandálias pretas, enquanto Percy trocava o terno por uma pólo azul e calças cinzentas. Estávamos cansados e provavelmente, eu não estava praguejando Hera sozinha. Nada mais (in)justo que a deusa do casamento interromper o meu casamento.

Tentando não atrair mais a atenção de Sua Majestade Bovina com meus pensamentos, analisei o meu inventário. Chaves de casa? Confere. Carteira com passaporte? Confere. Celular? Melhor não levar. Espada de osso de drakon? Encantada pra virar um prendedor de cabelo graças à Lou Ellen há quatro anos atrás. Confere.

Percy tinha voltado com o relógio-escudo, na sua versão melhorada, também feita por Tyson, dada de presente ao meu marido quando ele fez vinte anos. Contracorrente já devia estar sumindo das calças sociais e aparecendo no par cinzento à prova de fogo que Calipso lhe fez, junto à pólo. Tentei não ficar com ciúmes dele estar usando as roupas dela no dia do nosso casamento, mas ele deve ter notado minha cara virando um tomate.

- Devo usar armadura para um encontro formal, Sra. Cabeça de Coruja? - ele me perguntou, dando aquele sorriso besta que me faz rir junto, mesmo doze anos depois.

- Moto ou Blackjack, Cabeça-de-Alga? - perguntei, mudando o assunto.

A resposta foi um assobio que deve ter chamado todos os táxis de Nova Iorque e, com certeza, chamou seu fiel pégaso, resgatado do navio de Luke há onze anos. Luke... Mesmo tantos anos após a sua morte, eu ainda sou atormentada por ele em pesadelos. Em especial um envolvendo um cativeiro numa caverna cheia de cristais, com cinco semideuses presos e Luke canalizando seus poderes.

Só de pensar na visão, eu tive arrepios. Desde que comecei a sonhar com isso, há três semanas, quero acreditar que aquele não é Luke, mas a cicatriz, o cabelo, a espada... Não. Hoje não. Principalmente quando meu marido e eu tentaremos passar por um encontro com bruxos sem ninguém se estapear no final.

- Blackjack disse que acabou de levar Piper e Rachel pra uma ilha de dragões. - Percy revelou. - Devemos me preocupar?

- Acho que o Quíron teria nos falado se elas estivessem em perigo. - respondi, esperando estar certa. - Vamos?

...

- Prontos para a viagem, imagino. - Nos disse Edward Lupin, nos recebendo com um sorriso no rosto, uma varinha na mão direita e um cardigã cinza estampado com um brasão amarelo com um texugo preto no meio, acompanhado de uma camisa social branca, calças pretas e tênis cinzas de cano longo.

- Sim, mas onde está o seu grifo? - Percy perguntou, cruzando os dedos para que o mesmo não aparecesse, imaginei. Filhos de Poseidon não se dão bem no ar.

- Hipogrifo, senhor Jackson. - Corrigiu sutilmente. - E eu preferi que conhecessem o método mais usado por bruxos nessa viagem, portanto deixei o Volati em casa. - explicou enquanto se aproximava guardando a varinha no bolso de trás.

Imaginei que três vassouras voadoras apareceriam e nos levariam, mas Ted apenas estendeu o braço direito na altura do coração, como se fizesse uma reverência sem se curvar ou abrir a mão. Ele aproximou o braço de nós e indicou parar que nós colocássemos uma das mãos de uma só vez.

A última coisa de que eu me lembro foi ter ouvido um grito fino vindo do todo poderoso filho de Poseidon antes de sentir meu corpo inteiro sendo apertado, esticado e espremido enquanto meus ouvidos estalavam e meu cérebro virava purê.

- Lar, doce lar! - Ted anunciou, enquanto o mundo parava de girar e eu engolia o vômito, ao contrário de Percy, que já havia achado a janela. Por azar, estávamos num apartamento, então esperava que a rua estivesse vazia, ou Edward teria problemas com a vizinhança.

Harry Potter e Percy Jackson - O Ritual do ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora