𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟎𝟐𝟐

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Nos últimos três dias havia sido assim, e para sua surpresa, Dulce havia descoberto que Christopher era um bom cozinheiro.

Antes de levar sua mãe a casa de Elza e Madalena, onde as mesmas conversariam sobre os preparativos do 6 de março que aconteceria em três dias, Dulce ligou para Maite, para confirmar o andamento de sua empresa, e para a surpresa de sua vice-presidente, não estendeu a conversa, não pediu relatórios detalhados e nem disse que entraria no sistema para checar o balanço da semana. Dulce havia desligado de forma rápida seu telefone, e o assunto trabalho havia perdido o lugar para o assunto "biscoito", que queimaria e teria o mesmo fim da panela de pressão caso ela não fosse desligar o forno.

Desceu com pressa pelas escadas e quando chegou no último degrau arrependeu-se, levou a mão a cabeça, a sentindo latejar duas vezes de forma intensa para depois parar. Olhou o relógio, ainda faltavam trinta minutos para o seu remédio, lembrou-se da voz do Dr. Rúbens lhe dizendo para que não se esquecesse das medicações, lhe receitando um novo remédio que lhe serviu como um tratado de paz em meio à guerra.

Caminhou agora com lentidão, entrando na cozinha onde sua mãe arrumava a bandeja de salgados e Christopher tirava as taças de vinho do armário.

— Acho que os biscoitos já estão bons!

— Sim, acho que eles queimarão se não desligar agora. — Blanca avisou.

Dulce assentiu, desligou o forno e com cuidado tirou a quente forma de lá. Sorriu, batendo palmas, saltitando ao ver aquelas rodelinhas bem feitas e não queimadas. Christopher negou com a cabeça sorrindo, Blanca fez o mesmo, e após limpar suas mãos no avental o tirou, dizendo que estava pronta para partir.

Quem acabou a levando foi Christopher, Dulce preferiu ficar.

Pela primeira vez se perguntou como ajeitaria a mesa da sala. Prendeu os cabelos em um alto coque e sorriu ao ver a vitrola de sua mãe por cima da estante.

Aquele trambolho ainda existia?

Negou com a cabeça e notou que ali se encontrava um disco, tirou a toalhinha e o pequeno vasinho de cima da tampa do aparelho, o ligou ajeitando o disco que depois de vinte segundos de chiado começou a tocar.

Franziu a testa reconhecendo aquela música, era a favorita de seu pai, Deus amado, nunca mais tinha a escutado!

Estranhamente, cantarolava algumas partes da música enquanto de forma distraída colocava a toalha na mesa, escolhendo o melhor ângulo das taças, onde deveria deixar os guardanapos, a xícara do café, os salgados...

Rodopiou e se atreveu a fazer um passinho velho e ridículo quando o refrão da música se fez mais intenso. Sorriu de si mesma voltando a analisar a mesa; faltava algo, talvez uma cor, talvez... Tirou tudo de cima e trocou a toalha branca por uma vermelha que havia no fundo da gaveta da cozinha, voltou a colocar as taças, os salgados e uma vela do outro lado da sala lhe chamou a atenção.

Sorriu caminhando até a vela, onde o suporte combinava com o vermelho da toalha, trouxe a garrafa de vinho e ajeitou perfeitamente ao lado das fatias de pão italiano. Mirou a lareira e viu que era o toque que faltava para tornar o ambiente levemente elegante sem deixar de ser extremamente aconchegante e familiar. Ascendeu a lareira, apagou a luz, ascendeu a vela e sorriu contente com o resultado.

A música se repetiu pela décima vez, e não era só refrão que Dulce cantava quando desceu as escadas já pronta para a reunião com os amigos.

Havia deixado por cima de sua cama os vestidos que Anahí poderia gostar, e teve a certeza que sua amiga ficaria deslumbrada com as cores fortes que não faziam parte de seu guarda roupa.

Um Lindo HomemOnde histórias criam vida. Descubra agora