Entre milhares de anos, eu vejo você

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2 de junho de 1980 d.C


Kim Jongdae acordava de novo em quase sufocamento.

Era o mesmo sonho, contudo dessa vez parecia bem mais real, ele pode sentir o vento no rosto como se estivesse de fato lá e o toque dela em sua pele e a voz macia lhe dizendo que esperasse mais um pouco.

Ele queria, mas estava sem tempo. Ele queria mais daqueles sonhos exóticos que o faziam feliz e o tirava da sua realidade cruel. Sua realidade que consistia em estar no corredor da morte em uma espera angustiante e injusta.

Ele não tinha cometido o crime, tinha sido seu gêmeo, entretanto ninguém lhe deu ouvidos, afinal Chen era genial e tinha o incriminado em uma organização perfeita. E eles eram idênticos fisicamente e sendo o irmão pobre, quem tinha pagado o preço do crime? Ele, claro.

Gangnam estava sendo criada, seu irmão jamais perderia a oportunidade de ser a mão que dava e punia os demais, quem era Jongdae diante do outro?

Ninguém, a não ser aquele que morreria sem ter cometido crime algum.

Era a lei de onde vivia, a lei por baixo da lei.

Mas em seus sonhos ele sonhava com ela, Andara, a maga de uma terra estranha onde havia criaturas místicas, algumas que nunca ouviu falar em lugar nenhum, que voavam pelos céus límpidos e caminhavam imponentemente pela terra verde e úmida. Outros que ele já viu em desenhos, filmes ou em aulas de mitologia. Grifos, criaturas que tinham cabeça e asas de águia e corpo de leão, cães de várias cabeças, imensos, hidras, répteis com várias cabeças de serpentes e principalmente os gigantes, homens imensos que montavam aves que pareciam um tipo de dinossauro que estudava na escola quando criança. Nesse mundo que povoava seus sonhos nos últimos tempos, esses gigantes também eram pastores, pastores de ovelhas estranhas, maiores e que devoraram aves grandes, mas não aqueles que eles montavam... Era muito impressionante.

E sombriamente atraente.

E havia Andara... Ela lhe encontrava sempre no alto de montanhas e lhe contava coisas sobre aquele mundo, lhe dizia que estava em uma viagem e que tinha uma tarefa de seu clã para cumprir. E principalmente reclamava da ilha, a ilha para onde alguns de seus amigos foram para não mais voltarem... Ela se irritava com as pessoas que chamava de Amoníacos, porque para ela, eles eram venenos tóxicos para a mãe terra e que um dia a mãe terra iria se revoltar.

Ele não entedia bem quem era a tal mãe terra também.

Ela não falava aquilo com medo, mas com resignação, da mesma forma em que lhe dizia sempre, antes de despertar para sua cela, que iria dar um jeito de colocá-lo em segurança e que sua vida era muito importante para ser ceifada tão cedo. Ela o chamava de dorminhoco e ele gostava do apelido embora nunca tivesse dormindo tanto desde que foi aprisionado ali. Ás vezes ela o chamava de suspenso e ele não entedia, o que ela queria quiser com aquilo?

E porque se questionava sobre as razões de uma mulher dos seus sonhos? Será que já tinha ficado louco depois de tantos anos na prisão em cela isolada?

Talvez.

Suspirou quando o carcereiro gritou sobre sua comida e depois saiu. Em duas semanas estaria sendo fuzilado. Seria aquele seu final?



2 de junho de 202.000 a.C


Andara entrou na caverna de seu amigo Ptero e sorriu ao ver que ele tinha mesmo chamado o grande senhor das terras abaixo, para ela. Aquele mago nunca recebia ninguém, ele controlava o tempo, abria fendas no espaço com sua mente e era considerado um perigo ao mundo continental.

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