Entre estrelas atemporais você me busca

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3 de junho de 1980 d.C


Jongdae abriu os olhos e viu ela, Andara, a maga de seus sonhos impossivelmente reais ali, ao lado do seu catre com um sorriso suave na face ocidental e um brilho tênue nos olhos verdes claros. Ela se agachou e pegou em suas mãos. Era quente... Ele tinha ficado louco?

— Eu prometi que viria te buscar, meu dorminhoco, o momento é esse. Venha.

— A-Andara...

— Temos pouco tempo, eu explico tudo depois, venha.

E ele foi, porque confiava nela, porque a conhecia por mais absurdo que tudo aquilo fosse.

Podia ser um sonho, mas quando ela o abraçou e o puxou para a parede ele sentiu a força brutal sobre sua pele esmagando seu corpo e seus pensamentos...

— Feche os olhos, vamos passar por isso juntos.

Ele obedeceu. E eles passaram.

Ele sentia a tempestade, os sons, as milhares e milhares de vozes em cacofonia, a pressão sobre seu corpo como se estivesse debaixo de um mar bravio envolto de correnteza. Ele podia sentir tanto e tudo que era desnorteador.

Sentia ela também.

Os braços envoltos em suas costas. Os dedos acariciando sua nuca. A voz baixinha lhe dizendo palavras que não compreendia. A paz, o certo, dentro daquela tempestade assustadora e então ele estava lá. Tudo parou e ela tocou um dedo quente na ponta do seu nariz.

— Pode abrir os olhos, dorminhoco.

Ele abriu e estava exatamente no pico de uma montanha e ela estava ao seu lado com aquelas roupas de pele estranhas. Como em seus sonhos. No céu aqueles pássaros que pareciam dinossauros voavam e um deles mergulhou em direção a eles e Jongdae quase saltou para trás.

Então ela riu alto e toda a sua atenção foi para ela.

Ali, ela parecia realmente brilhar de um jeito inexplicável. Ela se voltou para ele quando a ave que tinha pelo menos quatro vezes o tamanho dela pousou ao se lado e fez um som que quase o fez correr, de verdade.

— Acalme-se dorminhoco, este é Apto, meu Reptili, ele vai nos levar para casa já que aqui é apenas um ponto de energia convergente, essa montanha é sagrada, não podemos pisar nela por muito tempo. Sei que está fraco, gastamos muita energia na viagem, venha.

E de novo ela estendeu a mão e ele se questionava se perdeu realmente a mente em algum ponto daqueles sonhos doidos. Mas neles, nunca saíram daquele ponto, nunca.

— V-você é real?

Perguntou entre dolorido, chocado e cansado.

Ela sorriu e assentiu.

— Sim, sou real e esse é o mundo antigo, um mundo que o futuro de onde veio jamais irá saber. Estamos no Continente, que vocês chamam de Pangeia. Estamos no primeiro mundo antes das fúrias. As primeiras fúrias. Eu vou explicar tudo, mas vamos para casa primeiro.

Ele ainda ia falar...

Questionar sobre a insanidade daquilo tudo, porém seus joelhos dobraram e ele caiu. A última coisa que viu foi ela rir e vir para ele.

— Meu dorminhoco sensível...

E sua mente apagou.



29 de maio de 202.000 a.C


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