oh, no.

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Eu já estava decidido, iria tirar minha vida de uma vez por todas, eu já não podia mais volta atrás, não podia mesmo.
         Já havia me despedido de todos os meus amigos com textos virtuais, agradecido por cada momento e bobeira, já havia deixado tudo nos conformes como sempre planejei.
        Sim eu sempre planejei me matar, mesmo quando Donghyuck estava aqui, na verdade, ele me deu motivos para continuar vivo. Por isso, agora que ele se foi, eu claramente não quero viver nesse mundo.
         Não quero viver num mundo sem Donghyuck, aonde ele não esteja ao meu lado sendo ele mesmo, me mostrando como ser eu mesmo. Eu não quero e nem consigo imaginar.
        
         Está na hora. 00:00. Rio Han, Seoul.

         Jeno pulou, sem pensar em mais nada além de seus momentos com Donghyuck, claro que ele tinha outros amigos mas Donghyuck era sua pérola, seu bem mais precioso, ele dizia. Segurou a respiração o quanto pôde, enquanto agradecia mentalmente por ter aproveitado o mundo lá fora ao lado de alguém tão especial mesmo que o mundo fosse uma grande merda. Ele o salvava mas não dessa vez, dessa vez ele não estava aqui para lhe salvar. Não ele.

                                 

Mais um dia cansativo de acordo com Jaemin, ele adorava mesmo trabalhar naquela padaria mas muitas vezes sobrava para ele a fechar e às vezes era difícil expulsar todos de lá e simplesmente ir embora.
         Naquele dia havia saído tarde, 23:47. Pegou sua bicicleta e pedalou rapidamente no caminho para casa, torcia para que seu irmão estivesse dormindo e sua casa ainda estivesse inteira. Foi no meio desses pensamentos que viu um garoto pular da barra que ficava entre o asfalto e o Rio Han, ele se desesperou e jogou sua bicicleta no chão, correndo em direção ao local.
         Pode ver o mesmo lá, caído por entre as águas geladas, ele estava intacto e era óbvio o que queria com aquilo. Jaemin não pensou duas vezes, deu a volta correndo o mais rápido que pôde e pulou na água com roupa e tudo, até mesmo seu celular estava junto consigo, se é que ele não havia caído no Rio e ficado por lá mesmo. Jaemin o puxou já desacordado e o pôs na superfície, agora em terra firme, pedindo mentalmente para que ele estivesse ao menos vivo.

                                 

         Acordei tendo a visão das estrelas em céu escuro, ainda era o mesmo dia e alguém estava comigo. Droga, me salvaram. Seria possível alguém passar no mesmo instante que eu havia tentado meu suicídio? Que ironia.
         Ele parecia muito preocupado mas nem sequer havia o visto alguma vez na vida, por que estava tão preocupado assim? Afinal, por que havia me salvado sem motivo?

— Você está bem? Por céus, meu coração quase parou. — disse o garoto de fios rosados, pondo a mão em seu coração e abraçando Jeno.

— Desculpe, quem é você? — o maior se afastou, não estava acostumado com abraços de estranhos.

— Ah, não importa agora. Venha, vamos sair daqui, está muito frio. — o garoto se levantou e puxou Jeno, lhe oferecendo ajuda e indo até sua bicicleta. — Hm, certo, deixe-a aí.

— Uh? Aonde vai e... aquela é tá bicicleta? Volte, não pode a deixar ali. — não que ele estivesse preocupado com isso mas quem deixa suas coisas assim?

— É apenas uma bicicleta, eu irei voltar para buscar e se não estiver aí, tudo bem eu venho a pé para o trabalho. Sua segurança é mais importante e não quero arriscar tentar te levar nela, ela é meio podre. — disse rindo baixo de si mesmo enquanto andava com o maior.

— Por que... por que me salvou? — Jeno olhou para seus próprios pés, ele realmente não entendia da onde vinha tanta compaixão.

— Por que? — Nana o olhou. — Qualquer vida é importante pra mim, você parece ser alguém incrível demais pra morrer agora. Não é sua hora ainda. — o menor pôs a mão no ombro alheio na intenção de conforta-lo.

— Você é... quem mesmo? Não me disse seu nome. — Jeno disfarçou, queria poupar elogios tão cedo a não ser que necessitasse dizer algo.

— Sou Na Jaemin. Prazer em conhecer você... — Jaemin deixou espaço para que o garoto completasse com seu nome.

— Jeno. Lee Jeno. — murmurou.

— Nome bonito, Jeno. — assentiu ao elogiar o nome alheio e se pôs na porta, de uma casa que haviam chegado no instantâneo momento. — Entre.

            Como Jaemin havia pedido, Jeno adentrou a casa alheia. Ela era bem confortável e convidativa, pode se perder nos móveis, cores e como a residência do mais novo estava arrumada, parecia ser bem a cara do Na. Ouviu vozes, mais do que a do garoto que lhe acompanhava e então pensou em quais possibilidades poderia ser, irmão, pai, amigo, até mesmo namorado, não sabíamos a sexualidade dele, certo?
            Se aproximou e pôde ver um garoto com aparência mais jovial, ouviu que seu nome era Jisung e parecia ser um irmão mais novo.

— Eu não disse para comer alguma coisa? Não me parece que tenha se alimentado. — Jaemin disse bravo, ele não parecia ficar bravo nunca e ver ele assim era estranho, mesmo que tivesse o conhecido minutos atrás. — Você tem essa péssima mania de não comer direito, Jisung, eu fico preocupado.

— Okay Nana, okay. Prometo comer corretamente como você pede. Me desculpe. — Jisung parecia arrependido e estava prestes a sair, quando viu Jeno na entrada da cozinha. — Quem é ele?

— Jeno, ele irá ficar aqui esta noite. — respondeu Jaemin, mesmo sem saber a resposta de Jeno ele havia dito isso, ele não iria embora até que o Na tivesse certeza de que estava bem. — Trate-o bem.

— Olá Jeno, sou Jisung, irmão mais novo do Jaemin. — o mais novo estendeu a mão e recebeu o cumprimento alheio, sorrindo fraco ele se afastou e se dirigiu ao seu quarto.

— Como assim vou ficar aqui esta noite? — Jeno se aproximou de Jaemin que agora estava preparando lamens para os dois. — Eu não disse isso.

— Mas estou dizendo que vai, você não achou que iria embora assim, achou?

— Uh... achei. Preciso voltar pra casa. — respondeu Jeno, na verdade era mentira.

— Depois que comer e vestir roupas limpas, deixo você ir. — Jaemin foi até seu quarto, pegou roupas grandes e confortáveis que talvez coubessem no maior e lhe entregou, lhe dizendo aonde era o banheiro.

                                 

         Ambos estavam cheios, prontos para dormir, até mesmo Jeno que desistiu de ir embora, ele não tinha motivos para ficar em casa já que morava sozinho, melhor a companhia de Jaemin do que ficar sozinho e ter crises. Acabou por dormir com sua cabeça encostada na do Nana, que estava com a cabeça em seu ombro, aquilo havia acontecido após terem a ideia de assistirem um filme antes de dormir.

                                 

          A cada dia que passava, Jeno agradecia mentalmente por ter enviado alguém tão especial e único em sua vida, e ter salvo a mesma. Sem Jaemin, o Lee não teria encontrado tanta beleza em sua vida e pelo mundo a fora. Agora, são namorados, agradecem por isso todos os dias e dizem o quanto se amam.

— Donghyuck ficaria orgulhoso de você, meu amor. Obrigado por sobreviver mais um dia ao meu lado. — Jaemin disse baixinho enquanto colava sua testa a de Jeno. Ele era tão grato!

                                 

🎻; live to love. - nomin!Onde histórias criam vida. Descubra agora